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25 de julho de 2014

Reflexões sobre preço do bezerro e do boi gordo

Olá,

Incrível a quantidade e qualidade das respostas para nossa discussão sobre pecuária de cria e mercado do bezerros. Muito obrigado pela sua participação. É muito bom ouvir e aprender com pessoas das mais diversas regiões do Brasil. Abaixo coloco minhas reflexões sobre o mercado de bezerro e boi gordo no Brasil de hoje.

Risco. Um elemento adicional que um amigo me lembrou foi a questão do risco. Apesar da cria ter tradicionalmente uma rentabilidade mais baixa, ela também tem um risco mais baixo. Essa pode ser uma boa explicação do motivo de muitos produtores preferirem atuar na produção de bezerros ou até mesmo ciclo completo, do que ter que incluir o risco de compra no seu negócio. Por exemplo, quem comprou bezerro esse ano a preços altos de alguma forma está correndo risco pois não tem ainda definido o preço de venda do seu gado gordo em 2015 ou 2016.

agio

40% de ágio. Citei o dado do Marcelo Pimenta da Exagro, mas gostaria de ter acesso a outras simulações. Se você concorda ou discorda desse patamar de equivalência, comente esse artigo. Levando em conta que o valor é esse mesmo, ou seja, é preciso que o bezerro tenha 40% de ágio sobre o preço do boi gordo para ter a mesma rentabilidade, o que podemos esperar desse mercado?

Minha leitura é que a tendência é termos ágio no preço do bezerro mais próximo dos 40% e mais distante dos 16%, valor médio dos últimos 10 anos. A explicação é que toda vez que o ágio estiver abaixo de 40%, o criador tem um estímulo econômico para sair da cria, ou começar a fazer ciclo completo. E com isso a relação demanda-oferta de bezerros tende a pressionar por preços mais altos. Meu recado é: se prepare a pagar um ágio entre 30-40% do preço do boi gordo, ou até mais, ou opte por entrar na cria.

Uma das alternativas para um cenário como esse é que o recriador-engordador vai precisar descobrir novas formas de ganhar dinheiro, mesmo comprando um bezerro bem mais caro que a média dos últimos 10 anos. Isso não é impossível, e a maioria dos países já vive isso há anos. Uma saída é vender animais com peso de abate mais elevado. Em especial, se você tiver acesso a técnicas de manejo de pasto, suplementação, semi-confinamento e confinamento. E principalmente se a relação de preço entre o milho e o boi gordo continuar favorável, como está hoje em dia. Quanto mais barato o milho estiver em relação ao boi gordo e ao bezerro, maior o estímulo para se suplementar / confinar, e se abater com pesos mais altos.

Maior qualidade. O aumento dos preços do bezerro e do ágio em relação ao boi gordo estimulam um outro fenômeno. A medida que se torna economicamente mais vantajoso investir na cria, mais produtores de alta performance vão se interessar pela atividade. E com isso se aumenta a produção, mas também se aumenta a qualidade. Preços mais altos representam a oportunidade de se produzir mais bezerros de alta qualidade, com uso de melhor genética, manejo e suplementação.

Comercialização. Minha visão é que a medida que os preços aumentam, e também aumenta a variação de qualidade do produto bezerro, os melhores produtores de bezerros e também os melhores compradores vão buscar formas mais efetivas de comercialização. Acredito que vender por kg de peso vivo é muito mais eficiente e transparente do que se vender por cabeça. Acredito que isso faz muita diferença.

Além disso, a tendência é se vender com mais informações. Por exemplo: qual é a genética, vacinas, qual foi a suplementação pré-desmama, etc. Animais com genética melhoradora criados com creep-feeding são excelentes para sistemas de produção de alta intensificação, mas podem ser um mal negócio para fazendas com pastos degradados.

Há um projeto iniciado esse ano no RS com consultoria do Fernando Velloso, de leilões virtuais pelo canal rural, com muito mais informações por lote do que estamos acostumados. É uma iniciativa muito interessante e alinhada com o que vimos de mais moderno nesse quesito nos EUA e no Uruguai.

Outra avaliação lembrada por nossos leitores é que olhar apenas a relação de troca pode te levar a decisões erradas. Qual é o melhor bezerro: um de baixa qualidade, baixo peso e baixo preço, que dá uma relação de troca melhor, ou um bezerro de genética de ponta, criado com suplementação e pronto para entrar num confinamento, mas com preço bem mais alto, o que gera uma relação de troca mais baixa. Ao focar apenas no preço por cabeça e relação de troca, você teoricamente poderia até comprar um bezerro de pior qualidade e com preço maior por kg de peso vivo, mas com boa relação de troca.

Para finalizar, relembro uma conversa que tivemos no Workshop do BeefPoint de Gerenciamento de fazendas de gado de corte do ano passado, onde perguntei a inúmeros consultores presentes na sala, quais tinham, num passado recente, sugerido a seus clientes que não faziam cria, que começassem a criar. Todos disseram que vinham fazendo justamente o contrário, e a única exceção foi um consultor amigo meu de longa data que lembrou de um projeto montado apenas com cria. Escolha baseada numa premissa do cliente, que queria não o negócio mais rentável, mas o projeto com menor risco. A fazenda era de um grupo de outro setor que queria diversificar em pecuária, e o foco era preservação de capital, e não alta rentabilidade.

Em resumo, minha análise é:

1- se o ágio que equipara a rentabilidade da cria com recria-engorda está na casa dos 40%, espere preços do bezerro com ágio mais próximos de 40% do que 16%.

2- maior preço do bezerro tende a significar mais investimentos na cria, e crescimento da oferta de bezerros de alta qualidade, mas não espere que esses criadores mais tecnificados e que fazem mais conta, aceitem uma rentabilidade muito menor do que o elo seguinte da cadeia. Produtores focados em rentabilidade não ficam num negócio pouco rentável por muito tempo, mudam de atividade.

3- a valorização da cria deve aumentar a velocidade de modernização da comercialização de bezerros no Brasil.

Como disse no título, esse texto é uma reflexão sobre o mercado de bezerros no Brasil. Por favor comente, deixe sua opinião, em especial se você não concorda, ou tem novas informações ou ponto de vista que enriquecem nossa conversa e troca de informações.

Muito obrigado. Um grande abraço, Miguel

35 Comments

  1. Fabiano Marin disse:

    Bom dia Miguel,
    Achei seu artigo muito interessante, antes de mais nada gostaria de parabenizá-lo. Gostaria de acrescentar um comentário, acredito eu que se encaixa muito bem neste. Um dos maiores problemas que vejo hoje na pecuária, principalmente na cria, é de que, os pecuaristas, estão pouco técnicos (ao menos nas regiões que conheço). Ao contrário do agricultor que vem se atualizando, atuando no mercado de bolsas, vendendo e comprando antecipado, travando os preços de custo, enfim, se tecnificando. O perfil do pecuarista é um pouco diferente. O pecuarista até nos dias de hoje, geralmente é um profissional de outras áreas, que compra terra e investe num “gadinho” em forma de poupança. Acredito que estamos numa fase de mudanças, onde o valor da terra tem aumentado, assimilado aos pastos degradados, cria-se uma tendencia em arrendar essas terras ou até memo vendê-las.
    Então só para finalizar, o pecuarista que não acompanhar o mercado, ser realmente pecuarista, na minha opnião, está com os dias contados.

    Só para constar, sou filho de produtor rural, vivo no meio do setor, e estou vivenciando essa passagem hoje na minha família.

    Abraços, e obrigado pelo espaço!

  2. Kedma De CARVALHO LINS disse:

    Amigo Miguel você esta de parabéns em suas colocações, vejo dessa forma também, e pretendo fazer um plantel de 500 novilhas, e bezerros todo ano.Com Bezerros o risco é menor.Obrigada pelas informações diárias que recebo.

    Grande abraço!

  3. Kenia Chegoud disse:

    Olá Miguel, muito legal suas pesquisas. Olha trabalho com a Exagro há 5 anos, sou invernista há 25 anos, administrando um condomínio. Concordo com o preço do bezerro com um ágio alto porém não acho que deverá ficar nesse patamar de 40 tenho feito minhas reposições em 27% que já é um ágio alto. Acredito que os preços devem ficar altos dos bezerros porém a @ do boi ficará alta também se não não sustenta, não tem como o invernista ficar na atividade mesmo investindo mais na engorda, terminação. Acho que essa cadeia um depende do outro, quando um sai fora da realidade em relação aos seus preços desistumula o outro produtor isso vale tanto pra cria quanto para a engorda,bom espero ter conseguido passar o que acho obrigada Kenia.

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá Kenia, muito obrigado pelo comentário.

      Eu acredito que o bezerro está caro quando o invernista decide começar a criar bezerros. Ou seja, está caro, logo é melhor produzir do que comprar.

      É comum ver invernistas dizendo que o preço do bezerro está caro, mas preferem fazer apenas recria-engorda e não querem fazer cria.

      Estou generalizando um pouco, mas a mensagem que quero passar é que o barato ou caro é uma referência, indicada pela ação da cadeia.

      Obrigado pelo comentário. Abs, Miguel

  4. Alessandra Gonçalves disse:

    Bom dia amigo,
    Você tocou em um ótimo assunto. A pecuária ainda é uma zona de escape para investimentos sendo ainda uma segunda opção de produção eu acredito, com tudo ,ainda existem os gargalos das mentes fechadas para novas opções de mercado, ou seja diversificar e montar sobre o negócio opiniões adquiridas na pratica, para isto precisamos subir degraus e parar de andar em segundas opiniões contrarias a este tipo de produção. Concordo sim que a pecuária de cria e recria é contudo um melhor conceito para quem não quer assumir riscos ,pouco investimento ,porém essa pratica nos deixaria presos em um só mercado…Levar em consideração os longos anos de pecuária extensiva no Brasil e a falta de apoio técnico para esses investidores que ainda não estão de olhos abertos no mercado atual…

  5. Raul Almeida Moraes Neto disse:

    Olá Miguel!
    Visando contribuir , segue a minha reflexão sobre o tema.
    Como é dito “sem vaca não tem boi” a cria é a base da pecuária , é o ponto de “singularidade” onde se inicia todos os processos de intensificação ,qualidade e sustentabilidade.
    Seria um grande avanço para todo segmento da pecuária se fosse estimulado a aquisição de bezerros pelo peso e qualidade.
    Esta forma de comercialização estimula o criador a utilizar técnicas de produção e reprodução mais eficientes para obter bezerros mais pesados e de melhor qualidade .
    O reflexo , entre muitos, é o aumento da produtividade com a redução do ciclo pecuário , antecipação de receitas para o produtor e menor uso dos recursos ambientais .
    A indústria e o consumidor também seriam beneficiados com animais mais jovens , de melhor qualidade de carcaça e carne.
    Se desejamos uma pecuária mais eficiente a atividade cria deve ser fomentada e tecnificada .
    Da mesma forma que o boi é comercializado por peso ,o bezerros deveria ser adquirido da mesma maneira.

  6. Guilherme Reis disse:

    Ótimos comentários Miguel,
    O que gostaria de acrescentar é que o mercado do bezerro hoje já está mais evoluído que o mercado do boi gordo com relação a melhor remuneração por qualidade. Bezerros de qualidade tem recebido ágios sobre a @ do boi bem acima dos 40% mencionados.
    Salvo alguns programas de premiação desenvolvidos por alguns frigoríficos e marcas de carnes especiais, o boi gordo ainda é uma commodity e seu mercado é ditado pela lei da oferta e demanda. Já no mercado de reposição, o criador que produzir um bezerro diferenciado receberá pelo seu produto um valor diferenciado também.
    A única ressalva é que enquanto o pecuarista não receber mais pela @ do boi gordo de qualidade, o mercado de bezerros de qualidade deverá encontrar um limitante e também será regido pelo mercado de oferta e demanda.
    Então se não tivermos uma mudança neste sentido, é bem provável que o mercado se ajuste nos próximos dois anos e o ágio do bezerro sobre a @ do boi deverá voltar aos patamares da média histórica de 20%. E assim seguir o famoso ciclo pecuário.
    Torcemos por mudanças.
    Grande abraço!
    Guilherme Reis

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá Guilherme Reis, obrigado pelo comentário.

      Quando falei em bezerro de qualidade, estou pensando em um bezerro saudável e que tenha uma ótima genética de ganho de peso.

      Nem pensei no bezerro para programas de carne de qualidade, que como bem comentado por você, podem gerar um outro diferencial de preço.

      Abs, Miguel

  7. EVANDRO BRAGA disse:

    Parabens pelo texto. Sou criador de GUZERA em ciclo completo, e me sinto estimulado quando leio textos excelente como o seu. Devemos nos preparar para a grande demanda de carne do mercado chines, e consequentemente para o aumento da @.

  8. Thadeu Horta Soares disse:

    Bom dia Miguel,
    Concordo com Marcelo PImenta em relação à colocação de que, para o sistema de cria ter a mesma rentabilidade do sistema de recria e engorda, o ágio na venda do bezerro deve ser de 40%. Porém, considerando um sistema de produção de cria estabilizado em que podemos ter também venda de vacas para geração de caixa com consequente retenção de mais bezerras para reposição, introdução de cruzamento industrial entre outras práticas de manejo, o ágio na venda dos bezerros para atingir esse “ponto de equilíbrio” entre os sistemas cai para 30% podendo, inclusive, ser menor dependendo da precocidade das novilhas que entrarão em monta. Concluindo, para melhorar rentabilidade mantendo-se em um sistema de produção de menor risco será inevitável a profissionalização. Abracos

  9. Marcus dos Santos Kemp disse:

    Miguel bom dia! Esta analise tem de levar em consideração a cadeia produtiva como um todo. Hoje está mais caro e amanhã pode estar mais barato. Quem migra de um segmento para o outro da cadeia dentro da fazenda não se especializa em nada e perde oportunidades quando aparecem. Tem de ser profissional no segmento que atua levando em consideração a aptidão da fazenda e da região.

  10. Ricardo José Bastos disse:

    Bom dia Miguel,
    Parabéns pelo seu artigo, acho muito importante essas reflexões.
    Estou iniciando um pequeno projeto de gado de cria, aqui no RJ, pois atuava na produção de leite, e como tenho alguma experiência em reprodução, optei pela cria.
    Aqui na região os bezerros são vendidos por peso e com ágio de 20% para bezerro de procedência .
    Entendo que a mudança do comportamento se dá pela substituição da quantidade pela qualidade, Li na DBO um artigo sobre reprodução e ficou muito claro para mim que uma grande fazenda do pantanal não consegue índices de prenhes como uma fazenda estruturada para reprodução, com adoção das técnicas disponíveis.
    Todos temos que buscar a produtividade.
    Um forte abrço

  11. Osvaldo Del Grossi disse:

    Bom dia Miguel e parabéns pelo artigo.
    De longa data venho discutindo sobre o preço dos bezerros por kg. junto a colegas no MT. Trabalho com cria/recreia e engorda, mas gostaria de produzir um bezerro em creep, para repassá-lo a confinadores, eliminando a fase de recria; reconheço que a castração que utilizo para engorda vem perdendo espaço; prefiro investir em cria e/ou recria e repassar os animais para confinamento em parceria ou mesmo vendendo.
    Obrigado. Um abraço

  12. Ozorio Vilela Neto disse:

    Bom dia!
    Parabéns pelo artigo.
    Sou produtor desde que nasci.
    Não devemos esquecer da lei da oferta e da procura.
    Assim que se firmar o aumento do volume de bezerros no mercado, apesar do aumento crescente da demanda, vai saturar o mercado, asim cai um pouco este diferencial.
    É o ciclo normal na pecuária, que acredito, tem ficado de menor espaçoso de tempo, devido ao aumento de produtividade com qualidade.

    Um abraço.

  13. Fernando A Costa disse:

    Pessoal, sou um iniciante no meio pecuário, no meu ponto de vista, ocorreu uma corrida a compra de bezerros e boi magro com expectativa de alta na demanda de carne e preço na arroba em virtude da copa do mundo.Como a nossa economia em recessão e baixa demanda no mercado interno por carne, penso que se não houver um aquecimento na economia ou um aumento significativo na exportação de carne, muitos pecuaristas não vão ter o resultado esperado em seus investimentos tanto em confinamento como em semiconfinamento em 2014.

  14. Ricardo Buonarott Ferreira disse:

    Saudações Miguel.
    Em princípio, acho que apesar da alta da reposição a relação de troca não está diferente da praticada há vários anos.
    No meu caso, ciclo completo com cruzamento industrial e reposição de matrizes por meio de compra de bezerras nelores desmamadas, procuro adquirir animais com boa caracterização racial, porém mais leves, resultando em menor investimento, visto que os valores em kg vivo são predominantes. Além de serem utilizadas para reprodução somente no ano subsequente.
    No meu sistema de produção a cria tem se mostrado sensivelmente mais lucrativa que a engorda, apesar de receber várias formas de bonificação por produzir animais precoces.
    Finalmente, penso que estamos partindo para moldes de Paises desenvolvidos no que diz respeito a pecuária, onde um “bom” bezerro vai ter custo elevado e as terminações feitas com alta suplementação, mas o valor da carne vai justificar todo esse incremento nos custos de produção.

  15. Flávio Abel disse:

    Boa tarde:
    Aqui no RS, nesta temporada (abr-mai-jun 2014) a grande maioria dos negócios com terneiros (puros e cruzas de raças britânicas) não passou de 20% de ágio sobre o boi gordo.

  16. Leto Coelho disse:

    Bom dia Miguel.
    Belas preposições e anunciados de varias variantes, em diversas situações espalhados por este Brasil tão diferente. Creio q cada fazenda com sua autonomia propria as vezes dificulta ou não quer escutar outros fatores mais especificos de produtividade, por exemplo em relação ao peso de suas matrizes q dara apenas um bezerro por ano, mas o seu consumo diario de alimento é proporcional ao peso 365 dias no ano e a diferença de peso da cria ideal para aquela muito pesada que muitos fazendeiros tem e querem ter é anti-economica ou seja, na mesma area poderia ter mais matrizes e bezerros que daria mais renda. E assim, outras tantas variaveis que dariam um resultado diferente..Assim extrapolando o campo deveriamos primeiro mudar as cabeças das gerações mais novas e faceis de aceitar mudanças e certos apegos tradicionais…
    Abçs
    Leto Coelho

  17. Alexandre Araújo disse:

    Prezado,

    Sei que existem particularidades em cada região, e talvez por estar a pouco tempo participando do mercado no Oeste da Bahia ando um pouco “assustado” com as diferenças, pois trabalhei durante alguns anos no Tocantins e Mato Grosso do Sul, hora como gestor de empreendimento pecuário, outra como consultor técnico-gerencial de sistemas de produção de médio e grande porte.
    Atualmente estou participando da instalação de um empreendimento de grande porte que está iniciando na atividade, diante deste fato estou participando ativamente do mercado regional como comprador de bezerras e novilhas, e venda de machos desmamados. E sempre entendi este mercado na valoração do QUIILO DE PESO VIVO, apesar que no oeste da Bahia a maioria entende o preço por cabeça. Ultimamente andei participando de alguns leilões que ocorreram durante a Bahia Farm Show e durante a Expoagro de Barreiras, nestas ocasiões vendi bezerros e comprei novilhas, sendo que o que mais me incomodou foi o peso “equivocado” dos lotes que adquiri, pois a diferença entre o peso anunciado nos leilões e o peso de entrada na fazenda chegou a 40 kg, e foram de fornecedores tradicionais.
    Achei pertinente fazer este comentário porque se não há franqueza em um negócio, que infelizmente, a informalidade impera, não temos nem como fazer uma analise do real valor que estamos pagando pelo animal, fora o incomodo de se sentir enganado.
    Espero não ter distorcido o tema, e caso o tenha feito desconsiderar.

    Abraço.

  18. VERIDIANO OLIVEIRA disse:

    Ótima análise, Miguel. Parabéns e obrigado pela oportunidade de poder entrar na discussão do assunto.

    Aqui no Pará nos deparamos com ágio de até mais de 40%. Criadores tecnificados, com visão de empreendedor, buscam qualidade para o bezerro carregado de precocidade para ganho de peso a pasto, o que viabiliza o negócio dos invernistas que, em sua maioria, ainda engorda o boi em sistema extensivo de produção.

    A maioria dos negócios ficam por conta do bezerro comum, menos tenológico, atingindo até 40% de ágio que, no final das contas, apresenta lucros muito parecidos. O pecuarista, criador ou invernista estão rindo à toa, pois a pecuária do Pará à natureza mãe agradece.

    Brande abraço!

    Veridiano Oliveira

  19. antonio salim neto disse:

    bom dia Miguel,
    fantastico o seu artigo e os comentarios dos assinantes,que vieram em um momento que estou avaliando a expansao de um projeto que tenho no Para.
    Parabens a todos!!!

    Toninho Salim

  20. Nelson Moreira disse:

    Prezado Miguel.
    Tuas observações são importantes para ter um cenário. Gostaria de aproveitar e pedir uma opinião para você e quem mais lê este espaço. Estou estudando a melhor alternativa para investir em pecuária a partir de arrendamento de terra no Rio Grande do Sul. Uma parte do projeto já tem definição; confinamento de cordeiros. Preços bons e giro rápido levam a trabalhar com esta categoria. Mas o boom do preço da soja está levando a escasses de terras e elevando seus preços. Portanto o projeto está começando a ser adaptado para consorciar boi + cordeiros. Neste sentido, pelo que falas, parece que trabalhar com engorda de bezerros/terneiros é o mais adequado para o momento? Entendo que fazer o processo de cria leva mais tempo para “retorno” do investimento inicial que imagino, ser alto. Este projeto pretende trabalhar com raças bovinas que paguem bônus por terem sangue britânicos. E, em ovinos, fechar contratos de venda. Minha dúvida é justamente, qual a melhor categoria ou sistema produtiva para iniciar este investimento e quanto tempo depois vem o retorno. Não tenho ilusões de “ficar rico” mas sei que vou ganhar mais do que deixar dinheiro no banco.

  21. Gustavo Reis Monteiro disse:

    Bom dia, concordo com suas opiniões que o setor de cria deve passar por algumas modificações. como ja estamos vendo em algumas localidades. Creio que a produção de bezerros também possa ter nichos de mercado específicos, ou seja criar para um determinado cliente com suas exigências especificas como já acontece com a terminação em vários programas de qualidade de carne. Acho que seria um avanço e uma maior profissionalização do setor, com mais planejamento da atividade e estratificando os níveis de qualidade do bezerro.

  22. edson afonso disse:

    Parabéns pela relevante informação:
    acredito que para bezerros de melhor qualidade genética e melhor peso, tem tendência de levar o criador para fazer ciclo completo, pois hoje existe muitas ferramentas para se abater animais antes dos 20 meses de idade com custo viável graças ao preço do milho, tornando assim o ciclo completo curto mais rentável e mantendo a segurança no investimento.

  23. Marina Azevedo disse:

    Bom dia! Parabéns pela iniciativa da Beef Point nessa nova forma de contato e troca de experiências. Gostaria de saber se essa análise de rentabilidade levou em consideração a área e o volume de produção ou apenas a %. Já fiz análises de cria intensiva e terminação intensiva e as % de rentabilidade chegam a ser bem próximas, o grande problema é que na cria precisa de maiores extensões de área e no mesmo período de tempo uma propriedade de terminação tem no mínimo 3 x mais produção do que a cria. Enquanto a cria por exemplo gera 100 bezerros/ano, a terminação engorda 300, e o montante final acaba sendo bem maior. Além disso o investimento na cria é maior, precisa manter muito mais animais dentro da propriedade. Na engorda tudo que compra vende, na cria você sustenta um grande plantel, quando leva-se em consideração essas outras questões a terminação realmente fica mais atrativa.

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá Marina, a análise do ágio necessário para o ponto de equilíbrio não leva em conta intensificação, pois estamos comparando cria com recria-engorda, e as duas atividades poderiam teoricamente ser intensificadas. Abs, Miguel

  24. ALCIDES QUADRADO JUNIOR disse:

    Olá, muito interessante a reflexao sobre o preço do bezerro e do boi gordo. Sou criador e passei também a terminar machos no pasto, indo na contra mão da “tentação” de venda da produção diante das boas ofertas de dinheiro oferecidas neste ano. Estamos investindo em genetica e acredito na minimização dos riscos com este modelo. Concordo que a pecuária deve ser tecnificada e a pastagem tratada como uma cultura onde sem ela não conseguiremos custos compatíveis de retorno financiero.
    Abraços

  25. Ricardo disse:

    Boa tarde a todos.
    Na nossa região o bezerro já é comercializado no peso(nordeste).Não temos nada contra,é tranquilo,e opreço é
    Em torno de vinte porcento + q o boi gordo.
    Acho q esta pratica não da prejuízo a nenhuma das partes.
    Abraço

  26. Marcio Zoomix disse:

    Miguel,
    Aqui no MS, um estado tradacionalmente produtor de bezerros – e de qualidade, como exemplo a já tradicional praça de Camapuã – este fenômeno já está acontecendo há cerca de 2 anos, mas principalmente do ano passado para cá. Nesta semana acompanhei uma venda de bezerros a R$ 5,50/kg.
    O mercado de recria/engorda já está respondendo, e hoje quase todos os meus clientes já estão abatendo animais mais pesados do que antigamento (de 480 kg passaram para 520 a 540 kg), devido a melhor reposição e aproveitamento do “casco” que está cada vez mais caro! É claro que o uso de uma suplementação diferenciada é necessária, com o uso crescente de produtos chamados “tecnológicos”, de maior consumo (0,3 a 0,5% e mesmo ração), e aditivados.
    Temos inúmeros exemplos de iniciativas para produzirmos uma carcaça de qualidade, com animais superiores, em sistemas 6-6-6 ou 7-7-7 e até 8-8-8 seja com proteinado de alto consumo o ano todo (pra mim o mais rentável), ou com altíssimas doses de rações fareladas em até 2% do peso vivo.
    É o mercado mudando, estamos vendo a pecuária se transformar!
    E estamos fazendo parte desta mudança!
    Um grande abraço!

  27. Manfred Folz disse:

    Muito interessante o debate sobre os rumos da cria, e as opiniões seguem mais ou menos na mesma vertente, da maior rentabilidade da recria/engorda e da maior estabilidade na cria, com menor rentabilidade, o que não é novidade.
    A referencia sugerida pelo Marcelo de 40% de ágio no preço do bezerro também é bastante interessante e faz todo sentido, e pessoalmente entendo ser bem realista.
    Assim o que acredito é que esteja faltando no mercado a defesa da comercialização do bezerro exclusivamente pelo peso e não mais por cabeça, o que via de regra prejudica o criador e, mais amplamente, toda a nossa busca por produção de carne de qualidade.
    Os agentes de mercado trabalham muito mais pela divulgação do valor do bezerro por cabeça, mesmo informando eventualmente o peso dos animais, do que pela divulgação do valor do quilo do PV do bezerro.
    Mantidas estas condições o mercado estará sempre nas mãos dos que tiverem maior habilidade comercial, os mais espertos, que avaliam o bezerro sempre a seu favor, se comprador abaixo do peso e se vendedor o oposto.
    Como o criador costuma ser a parte menos hábil comercialmente e muitos não tem sequer o habito de pesar no momento da venda – isto quando tem balança -, acaba por não se saber o que realmente está recebendo pela sua produção.
    Se a iniciativa/pressão de compra exclusivamente pelo peso, partir de Associações fortes, como a Assocon e/ou de Leiloeiras sérias por exemplo, o mercado de bezerros tenderá a se profissionalizar muito mais, deixando claro quem são os bons produtores e estimulando a produção de bezerros cada vez mais pesados e reduzindo – quem sabe eliminando – o produtor de bezerros de 5,5@, que são animais que nunca irão para o abate antes dos 30/36 meses, justamente os que mantém a qualidade da carne produzida no Brasil como produto de baixo padrão, que é uma grande barreira que enfrentamos em todos os elos da nossa cadeia de produção.
    Em todo caso estes debate vai longe, e entendo que está sendo bastante produtivo.

  28. José Roberto Pires Weber disse:

    O tema realmente é instigante e comporta discussões de vários aspectos, porém farei apenas breves considerações com base na realidade do Rio Grande do Sul.
    Primeiramente, a terminação implica em assumir riscos bem maiores do que as demais formas de exploração pecuária pelo condicionamento aos preços pelos dois lados da operação, aquisição do terneiro e venda do novilho gordo e, também, pelo custo da terminação, embora por aqui o confinamento seja praticado em pequena escala, mas com aumento muito grande da suplementação a campo.
    Quanto ao preço do terneiro em relação ao do boi gordo, e talvez por que a terminação seja na grande maioria dos casos feita em pastagens cultivadas, sempre entendeu-se que 20% a mais seria o preço adequado. Nos últimos tempos houve um aumento nesta relação, mas que não se mantém como referência estável. Agora, nesta minha região de Dom Pedrito, o boi gordo, a nível de marchante está valendo 4,50/kg, mesmo preço pelo qual se compra terneiros de boa qualidade. Por outro lado, nosso costume é de sempre comprar por quilo vivo e, inclusive, nos leilões, cada lote já vem com o peso médio indicado, com pesagem realizada na entrada do local do evento.
    A Associação Brasileira de Angus lançou há alguns anos, o Projeto Terneiro Angus Certificado, no qual os animais são revisados por técnicos da Angus, marcados e brincados e têm obtido algo em torno de 10% acima do preço médio dos terneiros comuns.
    Abraço e parabéns por levantar aspectos importantes para a pecuária nacional.

  29. Leonardo Canali Canellas disse:

    Com base nos posts do sr Nelson e do dr Weber faço alguns comentários adicionais, com enfoque na realidade gaúcha.

    De fato houve uma “correria” por terneiros/bezerros nos meses de abril/maio aqui no RS. Em alguns remates o kg saiu a mais de R$ 6,00, porém, como bem destacou o dr Weber, a R$ 4,50 hoje se encontram terneiros de alta qualidade.

    Com relação ao ágio do kg do terneiro em relação ao boi, um trabalho de simulação do INIA (2012) utiliza o referencial de 40% de ágio para equiparar a margem da cria em relação ao ciclo completo, acima desse patamar vender o terneiro é mais rentável. Em algumas simulações que temos realizado um deságio acima de 20% (kg bezerro x kg gordo) compromete seriamente a rentabilidade dos sistemas de recria-engorda.

    Concordo com o Miguel, que comentou que ainda assim existem alternativas para contornar esse obstáculo que os invernistas estão enfrentando. Com relação ao questionamento do Nelson, não existe uma categoria ideal para se trabalhar com recria-engorda, mas destaco que comprar novilhos de sobreano na primavera tem sido interessante pois é uma época de grande oferta de animais que saem das pastagens de inverno consorciadas com soja.

    Para a escolha da atividade a ser desenvolvida dentro da, eu diria que as habilidades requeridas são distintas. Na cria tem ser muito bom em produzir terneiros e engordar vacas, pois é mais difícil ganhar no preço, dada a menor flexibilidade; na recria-engorda, produzir é o básico, tem que ser muito habilidoso na comercialização (compra-venda) para não comprometer os ganhos obtidos na produção. Destaco a importância de simular cenários, só assim se tomam decisões com maior precisão.

    Abraço e parabéns pela iniciativa.

  30. José Reinaldo disse:

    Percebo um aumento de fazendas que só faziam cria e hoje fazem recria e muitas até a terminação, semi Confinamento e o Confinamento e outra tecnologias possibilitam que mesmo em áreas mais fracas o pecuaristas fique com os bezerros. A pecuária só vai avançar se o bezerro for valorizado, pois o nosso maior entrave e a reprodução, talvez com a valorização do bezerro o pecuaristas fique estimulado em aumentar a produtividade. No noroeste de SP, temos a disposição bezerros mestiços de leite e bezerros nelore de Minas Gerais, estes de baixa qualidade genética e nutricional, os bons bezerros de SP não são comercializados e do MS chega a preços inviáveis devido a impostos, portanto a pecuária do invernista passa por mudanças que talvez sejam definitivas, a solução e muita eficiência na produção de forragem, gestão financeira e integração com lavoura.

  31. edison iunes ferreira disse:

    Analise boa! falando a nível de rio grande do sul, vivemos um momento de grande redução do rebanho bovino, é evidente a redução a nível nacional, o fator renda do consumidor não consegue mais conter a suba de preço, o que evidencia escassez. No caso gaúcho, o avanço da soja em algumas regiões, mais que em outras, provocou desequilibrios de preços dentro do proprio estado, a ausencia de confinamentos favorece fatores limitadores de preço, o alto custo de frete soma-se mais ainda, de tal forma que vemos o terneiro oscilar de preço da faixa do boi gordo a até cerca de 20 por cento acima, dependendo do período e da região, no entanto á medida que a carroça anda, as melancias se acomodam, e a tendencia se for balizada pelo custo, o terneiro deverá se situar bem acima de 20 por cento, pois em que pese todos os ganhos de produtividade, não há condições evidentes de suprir a demanda interna e um mercado mundial demandando proteina animal.

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