Mondelli promete pagamento integral das dívidas

Depois de passar os últimos anos lutando contra as dívidas, o frigorífico paulista Mondelli pediu recuperação judicial em fevereiro de 2012. Fundado por Rogério Mondelli em 1957, em Bauru (SP), o frigorífico vinha sofrendo desde 2008, com a eclosão da crise financeira nos EUA e Europa. O Mondelli se endividou para seguir em operação, mas a situação ficou insustentável. No período, o frigorífico acumulou uma dívida de R$ 200 milhões. Para fazer frente à situação, contratou a consultoria KPMG e apresentou um plano aos credores.

Um dos primeiros passos foi definir critérios para a compra de gado e profissionalizar a gestão da empresa. “O Mondelli sofreu com a crise, mas também cometia erros de administração. Comprava mal, confundia dinheiro dos sócios com o da empresa”, afirma Osana Mendonça, diretora da KMPG.

As medidas surtiram efeito em menos de oito meses. Em outubro, o frigorífico voltou a gerar caixa. As condições de mercado também ajudaram. Com maior oferta de gado para abate e forte demanda externa, a empresa reverteu a margem Ebitda negativa de 13%, em fevereiro, para um margem positiva de 9%, em outubro. A expectativa da KPMG é que o frigorífico feche 2012 com receita de R$ 270 milhões. “Recuperamos a confiança dos pecuaristas”, afirma Osana. Segundo ela, 80% dos “pecuaristas-credores” já voltaram a vender para a empresa.

Impulsionado pela reação positiva dos credores mais estratégicos, o Mondelli levou à assembleia geral, em 3 de dezembro, um plano de recuperação que não prevê descontos aos credores, o que é pouco usual em processos do tipo. “A empresa fará o pagamento integral da dívida”.

Aprovado por 90% dos credores, o plano, que ainda deve ser ratificado pela Justiça, repactuou um passivo de R$ 65 milhões. Da dívida negociada na recuperação judicial, R$ 22 milhões estão nas mãos de pecuaristas, R$ 12 milhões com bancos e outros R$ 25 milhões entre outros fornecedores, sócios e ex-sócios da empresa.

Conforme aprovado, o Mondelli pagará R$ 1 milhão aos credores no próximo ano. A quantia aumentará gradualmente, até atingir R$ 4 milhões em 2017, montante que se manterá até meados de 2030, quando os R$ 65 milhões serão quitados.

Para efetuar os pagamentos, o Mondelli terá de elevar seu volume de abate, das 350 cabeças atuais para 500 cabeças diárias. O frigorífico, que obtém 30% de suas receitas no exterior – basicamente, no Oriente Médio -, tem capacidade para abater 700 animais por dia.

Além da operação diária, a companhia prevê receber R$ 25 milhões com o leilão de fazendas no interior de São Paulo, o que pode adiantar o cronograma de pagamento. Entre as dívidas com garantia real – que ficam fora da recuperação judicial -, o Mondelli deve R$ 19 milhões em adiantamento de contratos de câmbio (ACCs) e R$ 100 milhões em impostos. No caso dos tributos, a empresa já renegociou R$ 25 milhões e questiona na Justiça outros R$ 65 milhões.

Fonte: Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.