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Reconstrução do rebanho bovino dos EUA: o que vem depois?

Por Derrell Peel, especialista em comercialização pecuária da Oklahoma State University Extension.

O tão esperado fim da liquidação do rebanho bovino de corte dos Estados Unidos aconteceu em 2014, quando a indústria abruptamente mudou para a expansão. O aumento de 2,1% no número de cabeças em 2014 foi mais do que o esperado, mas não uma grande surpresa, à medida que as condições estavam ideais para esse desenvolvimento. Um crescimento modesto nos estoques de novilhas vem ocorrendo desde 2012.

Não foi até 2014 que os abates de vacas de corte caíram o suficiente para combinar com a retenção de novilhas e resultar em crescimento do rebanho. Isso leva a uma série de questões, incluindo o quanto de crescimento adicional do rebanho é necessário; o quão rápido isso acontece; e onde isso ocorrerá. As respostas a essas perguntas não são completamente aparentes atualmente e dependerão de uma série de fatores ainda a serem determinados nos próximos anos. Entretanto, já há algumas indicações.

Após uma breve tentativa de expansão em 2004 e 2005, a indústria passou por uma liquidação do rebanho não planejada. Digo não planejada no sentido de que não foram fatores cíclicos típicos que causaram a liquidação. Não foram os baixos preços dos animais, para a maior parte, mas os choques de custos que causaram menores retornos e liquidações entre 2006 e 2010. A seca disseminada forçou mais liquidação entre 2011 e 2013.

A questão do quanto de crescimento é necessário dependerá das condições domésticas e internacionais de mercado nos próximos anos, à medida que o crescimento do rebanho ocorre. Isso dependerá também de fatores como pesos de carcaças, que determinarão a produção total de carne bovina com relação às taxas de abates.

Nesse ponto, vejo pouca razão pela qual o rebanho bovino não deve ser reconstruído pelo menos ao nível da expansão truncada de 2007-2008, aproximadamente, 32,5 milhões de cabeças. Isso sugeriria outras 2,8 milhões de cabeças além do nível de janeiro de 2015. Isso implica em um crescimento total do rebanho de quase 9,5% nos próximos anos. O tempo e as condições de mercado determinarão, entretanto, exatamente qual o tamanho potencial da indústria.

Quanto tempo isso vai levar? Com a taxa de 2014 de 2,1% ao ano, demoraria até 2019 para ultrapassar o nível de 32 milhões de cabeças. Na última expansão cíclica completa, de 1990-1995, a taxa média de crescimento anual do rebanho foi de 1,4%. Deixando de fora o lento primeiro ano e a redução gradual do último ano, os quatro anos principais de expansão durante esse período ficaram em média em 2% por ano. Na expansão atual, um único ano de crescimento mais rápido é muito possível, mas é improvável que uma taxa de crescimento anual muito acima de 2% possa ser mantida por dois ou três anos consecutivamente. Há, entretanto, uma série de fatores regionais que podem desacelerar a expansão. Com uma taxa média de crescimento do rebanho de 1,5%, levaria até 2021 para exceder as 32 milhões de cabeças. A questão é o quanto isso está relacionado à questão de onde o crescimento do rebanho ocorrerá.

Em cinco estados do centro-oeste de Missouri a Ohio, o rebanho bovino de corte em 2015 estava 8,4% menor do que em 2008. Nos estados Apalaches de Kentucky, Tennessee e West Virginia, o rebanho de corte em 2015 caiu em 15% comparado com 2008. Em ambas as regiões, a queda no rebanho bovino é principalmente resultado da redução na área de forragem devido à expansão da produção agrícola. A pastagem perdida e a produção de feno nessas regiões não deverão retornar rapidamente, se retornarem. O rebanho de corte dessas regiões crescerá, mas é improvável que se reconstruam aos níveis anteriores.

Nos estados das Planícies do Norte de Nebraska e as Dakotas, houve uma queda modesta de 2,9% no rebanho bovino de corte entre 2008 e 2015. Similarmente, o rebanho no mesmo período na região de Northern Rocky Mountain de Montana e Wyoming foi de apenas 1,2%. Essas regiões provavelmente terão uma reconstrução do rebanho, mas as duas regiões juntas atualmente estão apenas 155 mil cabeças abaixo do nível de 2008.

O rebanho de corte em outras regiões caíram também, incluindo o Sul (queda de 3,8%); região dos Grandes Lagos (-4,7%); região do Golfo (-8,1%); região de Southern Rocky Mountain (-2,8%) e sudoeste (-9,4%). Essas cinco regiões combinadas estão com pouco mais de 500 mil cabeças a menos que em 2008 e provavelmente reconstruirão os rebanhos, mas a seca limitará ou desacelerará a taxa de crescimento no sudoeste e em Southern Rocky mountain.

O rebanho de corte em 2015 da região das Planícies do Sul (Kansas, Oklahoma e Texas) caíram em 13,2% com relação a 2008, uma queda de mais de 1,1 milhão de cabeças. Isso representa 42% do total do declínio do rebanho de corte entre 2008 e 2015.

Essa região claramente terá um papel central na expansão do rebanho de corte dos Estados Unidos nos próximos anos. Partes da região ainda estão passando por condições severas ou excepcionais de seca. A expansão do rebanho de 6,2% em 2014 nas Planícies do Sul podem ser difíceis de manter se as condições de seca não melhorarem significativamente. Além disso, a expansão do rebanho pode ser parada ou revertida se as condições de seca se desenvolverem novamente na região.

Embora o rebanho total final para a expansão seja desconhecido, parece provável que a indústria reconstruirá ou tentará reconstruir o rebanho pelo restante da década. Grande parte do crescimento do rebanho será nas Planícies do Sul, com proporcionalmente mais crescimento provavelmente ocorrendo na metade oeste do país comparado com a metade leste.

Artigo Por Derrell Peel, especialista em comercialização pecuária da Oklahoma State University Extension, publicado no site MeatingPlace.com, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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