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Rebanho bovino dos EUA deve crescer em 2014

Se as condições de seca continuarem moderadas, é possível um crescimento no rebanho de gado de corte de 2% em 2014, e de 2% a 3% em 2015. Um crescimento mais rápido é improvável, se todos os fatores forem considerados, apesar de uma taxa mais lenta de crescimento ser possível.

Historicamente, os ciclos pecuários, que a indústria da carne bovina dos Estados Unidos têm observado, foram por muitos anos os ciclos de auto-regulação do estoque direcionados por fatores internos da indústria, incluindo os níveis de preços do gado, o biotipo dos animais e a falta de flexibilidade nos recursos de forragem usados na indústria.

São esses fatores que influenciam o que os produtores querem fazer e quando combinados com a disponibilidade e a condição de recursos de produção que determinam o que pode ser feito, resultam em mudanças no rebanho de gado de corte.

Essas decisões tomadas pelos produtores de gado de cria no final das contas, determinam a oferta de gado de toda a indústria.

Grande parte da liquidação do rebanho de gado de corte que vem ocorrendo desde 2001, incluindo o projeto de expansão, abortado entre 2004 e 2005, foi resultado de fatores externos, incluindo as oscilações no mercado de insumos, que reduziram a lucratividade dos sistemas de cria; uma recessão global e nos Estados Unidos, que afetou os preços do gado e as expectativas dos produtores; e um período severo de seca.

Isso significa que a última redução de 3,4 milhões de cabeças no rebanho não foi devido a fatores típicos do ciclo pecuário. Sugeriu-se que o ciclo pecuário é coisa do passado. Eu acredito que existem outros fatores que mascararam e prevaleceram sobre as tendências cíclicas durante esse período e não significam que o ciclo pecuário acabou ou será irrelevante no futuro.

Entretanto, em situações onde a seca forçou ajustes que são contra o que os produtores querem fazer, os detalhes sobre como os ajustes acontecem se tornam importantes. A forma como chegamos até aqui terá impacto em como a expansão do rebanho ocorrerá no futuro.

Desde 2007, o número de novilhas no rebanho bovino permaneceu acima da média, mesmo quando uma taxa muito alta de abates resultou na redução no rebanho bovino. Em um ciclo pecuário mais típico, a taxa de colocação de novilhas cai ao mesmo tempo que aumentam os abates de vacas, com ambos contribuindo para a liquidação e redução do rebanho. Isso aconteceu, por exemplo, durante o período de 1996 a 2001, quando houve a liquidação do rebanho pecuário.

Em contraste, durante a expansão do rebanho, a colocação de novilhas normalmente aumenta ao mesmo tempo em que há a redução nos abates de vacas, como ocorreu entre 1991 e 1995.

Nos últimos anos, os produtores continuaram investindo na reposição de novilhas, apesar de haver a necessidade de reduzir o tamanho do rebanho, como resultado de fatores externos e da seca. O fato da indústria ter aumentado simultaneamente os abates de vacas e as colocações de novilhas nos últimos anos mostra que o atual rebanho de corte não é somente o menor em 60 anos, mas provavelmente um dos mais jovens e produtivos que já existiu.

No momento que estamos em 2013, os produtores de gado de cria parecem ter um incentivo crescente para a expansão do rebanho, com fortes previsões de lucro e melhoria nas condições das forragens em muitas regiões.

Até o momento, não houve mudanças nos abates de bovinos de corte em comparação com 2012, mas foi registrada uma redução de mais de 13% nas últimas duas semanas e isso indica que a indústria de carne bovina voltou à reduzir os abates de vacas, um componente necessário para a expansão do rebanho. Entretanto, a tendência de forte declínio nos abates de gado de corte de, talvez, 8 a 12% para o restante do ano, resultará em abates anuais de gado de corte caindo apenas em 4 a 5%.

Adicionalmente, há indícios de que as novilhas de reposição foram desviadas aos mercados de engorda no primeiro semestre do ano, parte dos efeitos da seca, da redução da oferta de feno e longos impactos do inverno. A combinação de maiores abates de vacas (menores do que as reduções esperadas) e redução nas colocações de novilhas deverá resultar em uma redução anual de 0,75 a 1,25% no rebanho de corte até 1º de janeiro de 2014.

É esperado que a retenção de novilhas acelerará essa redução, com os produtores de gado de cria segurando mais novilhas para cria. A maioria das expansões de rebanho no passado incluíram 1 a 2 anos de crescimento mínimo ou modesto no rebanho antes de acelerar para 2 ou 3 anos.

As previsões de expansão do rebanho para 2014 incluem fatores que sugerem potencial para um crescimento mais rápido que o normal e fatores que limitarão o crescimento.

O rebanho de base jovem e produtiva indica um potencial para um ano de poucos abates de vacas, o que contribuirá para um crescimento mais rápido. A queda ano-a-ano de aproximadamente 20% no abate de vacas em 2014 corresponderia a uma taxa de abate de menos de 9%, uma típica taxa de expansão do rebanho.

Com um rebanho tão jovem, é possível uma redução ainda maior nos abates de vacas (menos de 8%), mas essa grande redução pode resultar em alterações significantes nas ofertas de carne bovina magra.

Os preços mais acentuados do abate de vacas irão reduzir algumas das quedas nos abates. Ao mesmo tempo, significantemente mais novilhas de reposição podem ser reportadas em 1º de janeiro de 2014, mas provavelmente isso incluirá uma porcentagem maior que o normal de novilhas que não produzirão um bezerro até 2015.

A situação descrita acima sugere que existe a possibilidade um crescimento relativamente rápido no rebanho bovino em 2014. Embora 2013 provavelmente seja outro ano de liquidação do rebanho, a melhoria nas condições no segundo semestre pode oferecer um período de estabilização do rebanho (com pouco ou nenhum crescimento), algo que normalmente ocorre no primeiro ano de expansão do rebanho.

Se as condições de seca continuarem moderadas, é possível um crescimento no rebanho de gado de corte de 2% em 2014, e de 2% a 3% em 2015. Um crescimento mais rápido é improvável, se todos os fatores forem considerados, apesar de uma taxa mais lenta de crescimento ser possível.

Entre várias implicações, a redução nos abates de vacas e novilhas que esse crescimento implica deverá levar a aproximadamente 7% de redução nos abates totais de gado em 2014.

Artigo escrito por Derrell Peel, especialista em Comercialização Pecuária da Universidade do Estado de Oklahoma, Estados Unidos, publicado no site Meating Place, adaptado e traduzido pela Equipe BeefPoint.

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