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Reabertura dos EUA para carne in natura trará reflexos positivos para a região do noroeste paulista

A reabertura do mercado americano para carne bovina in natura brasileira, anunciada no fim de fevereiro deste ano, trará inúmeros benefícios para a região Noroeste Paulista, que é um polo exportador de genética bovina e possui um dos melhores rebanhos do Brasil em qualidade.

Para o diretor do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), Thomas Rocco, essa reabertura será muito bem-vinda para toda a pecuária de corte, não só da região, mas de todo o país, trazendo excelentes impactos para os pecuaristas. “A reabertura do mercado de carne bovina americana é muito positivo para nós, pecuaristas, pois reflete que as medidas tomadas pela cadeia da pecuária frente aos desafios de 2017 surtiram efeito. Conseguimos reverter o cenário e colocar novamente a nossa carne nos destinos internacionais”, afirma Rocco.

“Um mercado potencial como o dos EUA ajuda a diversificar o destino das exportações e reduz a dependência do mercado chinês, que pode ter sua demanda impactada pelos últimos acontecimentos relativos ao Covid-19”, ressalta Rocco. “Para o Noroeste Paulista a notícia deve ser comemorada, pois irá trazer solidez aos preços e aquecer ainda mais o mercado. Boa parte dos frigoríficos da região já acessam esses destinos internacionais. Junta-se a este cenário a alta do câmbio, que tornam as exportações ainda mais atraentes tanto para os frigoríficos quanto para os pecuaristas”, celebra ele.

Embora os EUA não sejam o principal importador de carne fresca brasileira, o maior mercado do mundo era considerado um “selo de qualidade” para outros países. A abertura do mercado dos EUA para a carne fresca brasileira ocorreu em setembro de 2016, após longo período de negociação. No entanto, em março de 2017, depois da deflagração da Operação Carne Fraca, pela Polícia Federal, a inspeção foi intensificada e, em junho daquele ano, a compra foi suspensa. A ação policial apontou irregularidades na inspeção sanitária em frigoríficos.

Os americanos suspenderam as compras de cortes bovinos do Brasil, em razão das reações (abcessos) provocadas no rebanho, pela vacina contra a febre aftosa. Essas reações desencadearam o processo de redução da dose da vacina de 5 ml para 2 ml e a retirada da saponina da composição do produto.

“Ao longo de 2016 e 2017, em função do cenário político inflamado dentro do Brasil, as exportações, em especial de carne bovina, foram impactadas. Os desdobramentos da primeira fase da operação Carne Fraca, juntamente com os problemas pontuais de abcesso, ocorridos após a campanha de vacinação de febre aftosa, geraram dúvidas sobre a qualidade e a sanidade do rebanho nacional. Com isto, alguns importadores da carne brasileira fecharam seus mercados para que maiores esclarecimentos fossem apontados. Os Estados Unidos foram desses países. O mercado estava fechado desde junho de 2017”, explica o diretor do Siran.

“Em princípio, todo pecuarista que vende boi aos frigoríficos aptos a exportar pode ofertar seus animais ao mercado internacional, porém é necessário passar por alguns filtros, burocráticos, de rastreabilidade e principalmente de peso, idade e acabamento de carcaça. O ideal é que o pecuarista procure uma entidade de classe, profissional ou escritório para instruí-lo nesse processo de venda”, orienta o direto do Siran.

Para nos dar uma visão sobre a importância da reabertura do mercado americano para a carne bovina do Brasil, a reportagem entrevistou Ilson Corrêa, gerente da Grendene Gado de Corte, com unidades em Andradina (SP) e Cáceres (MT). Corrêa comanda uma seleção de gado nelore melhorado geneticamente, e com estrutura produtiva para oferecer ao mercado pecuarista o maior leilão de touros reprodutores do país: mil unidades.

Segundo ele, a reabertura do mercado feita pelos EUA vai ajudar a equilibrar a balançar comercial no setor. “Você tem que vender mais do que compra. Essa é regra. Nem sempre você consegue fazer isso. E vender carne para o exterior nos ajuda a equilibrar essa balança. Nós estamos importando mais que exportando. A gente devia exportar mais. Isso é importantíssimo na economia do país”, diz.

“A exportação de carne para os Estados Unidos é muito importante. Eles tem a fiscalização sanitária mais difícil, mais complexa, mais complicada do mundo. São exigentes em todos os detalhes. Desde 2017 as exportações foram fechadas. Quando você consegue exportar você ganha um selo de qualidade no mundo”, avalia Corrêa.

Esse selo, segundo Corrêa, responde em outros países que são bastante exigentes como o Japão. “É uma marca de qualidade sanitária que o Brasil ganha na área de exportação de carne. É sinal também, que o país está fazendo bem o seu papel. Toda vez que você consegue colocar um produtor fora do país, isso é bom para a pecuária que melhora de preço”, ressalta. “Alguém pode achar que exportando vamos aumentar o preço interno, mas nós precisamos desse preço interno bom para que o pecuarista continue vendendo, investindo em tecnologia, genética. É importante tudo isso”, pondera ele.

“Nós não podemos achar que matar o empresário ou dando comida de graça resolve o problema. Nós temos que fortalecer o nosso empresário”, alerta Corrêa. “Toda vez que eu fico sabendo que meu patrão está ganhando dinheiro eu fico muito feliz, porque a chance dele precisar de mais gente para produzir, de melhorar o rendimento dos funcionários é muito grande. Temos que pensar isso, num país livre e democrático economicamente”, comenta o gerente da Grendene. “Essa também é uma filosofia de Paulo Guedes, Ministro da Economia, e isso me deixa muito feliz”, celebra ele.

Fonte: Folha da Região.

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