O BeefPoint já publicou diversos artigos apresentando casos de sucesso e experiências com cruzamentos de bovinos de corte, mas hoje, optamos por reunir uma série de opiniões de profissionais ligados ao setor do melhoramento genético, professores e produtores para discutirem a seguinte questão: Cruzamento entre bovinos europeus x continentais será que essa é uma tendência que veio pra ficar?
Por Antônio Carlos Sciamarelli
Todos os países do mundo, utilizam o cruzamento entre raças, tanto para a produção de carne como para a produção de leite, justamente para aproveitar a heterose, visando maiores ganhos de produtividade.
No Brasil, por ser um país tropical de grandes extensões de terra, utiliza-se o cruzamento de uma raça zebu com uma raça taurina, para obter o máximo do vigor híbrido, ainda que nosso número de animais cruzados que vão para o abate é muito pequeno em relação ao total abatido. Poderíamos diminuir a idade de abate, melhorar o rendimento de carcaça e aumentar o desfrute com o incremento do cruzamento.
Com relação aos cruzamentos citados, o que já é realizado no Brasil (zebu X taurino) é o mais recomendado, pelas características do nosso país, de grandes extensões de terra, baixa qualidade do alimento fornecido e condições climáticas, aproveitando a rusticidade do zebu e a especialidade de produção e carne do taurino.
Não há contrariedade em utilizar o cruzamento de britânicas X continentais, este cruzamento também pode ser feito no Brasil, mas para mim ele vai ser “confinado” em algumas regiões de melhores condições climáticas e principalmente com qualidade de alimentos (volumoso e concentrado).
É um cruzamento para ser utilizado na produção de carne “premium”, novilhos precoces e superprecoces (desmamados e diretamente confinados). Este animal tem um ganho de peso maior, maior conversão alimentar (mais econômico) e rendimento de carcaça em idades bem menores. Nós temos um pouco de experiência neste cruzamento, uma vez que já confinamos e obtivemos bons resultados: um mês a menos de confinamento e melhor conversão alimentar para abater no mesmo peso. É um animal que está sempre no cocho, afinal são raças especializadas na produção de carne.
Nas regiões do Sul do Brasil aonde temos pastagem de inverno, para mim, este é o cruzamento para estas áreas. Na América do Norte, o cruzamento de melhor rentabilidade de carne é o Simangus (Simental X Angus).
Mas o mais importante, nisto tudo, é saber escolher o cruzamento que vai se adequar melhor a cada propriedade e região, é saber escolher os indivíduos dentro de cada raça que vai ser utilizada no cruzamento e principalmente ter qualidade de alimentação e mão de obra.