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Raça nelore: 130 anos de Brasil

O gado nelore, a raça bovina mais representativa do rebanho nacional, vai completar, em outubro, 130 anos de Brasil. Em 1878, desembarcavam, no País, vindos do zoológico de Hamburgo, Alemanha, os primeiros nelores. Eram dois touros, Piron e Hanomet (que, no Brasil, foi rebatizado de Maomé e teve de vir junto com seu tratador indiano, que se recusou a se separar de um animal, que, além de sagrado para ele, cuidava desde bezerro), e duas vacas: Gouconda e Pretoria (apelidada de Vitória), trazidos pelas mãos do industrial Manoel Ubelhard Lemgruber, que os transferiu à fazenda da família, em Sapucaia (RJ).

O gado nelore, a raça bovina mais representativa do rebanho nacional, vai completar, em outubro, 130 anos de Brasil. Em 1878, desembarcavam, no País, vindos do zoológico de Hamburgo, Alemanha, os primeiros nelores. Eram dois touros, Piron e Hanomet (que, no Brasil, foi rebatizado de Maomé e teve de vir junto com seu tratador indiano, que se recusou a se separar de um animal, que, além de sagrado para ele, cuidava desde bezerro), e duas vacas: Gouconda e Pretoria (apelidada de Vitória), trazidos pelas mãos do industrial Manoel Ubelhard Lemgruber, que os transferiu à fazenda da família, em Sapucaia (RJ).

“Manoel Lemgruber era um engenheiro muito dinâmico”, conta um de seus descendentes, o pecuarista Paulo Lemgruber, da Fazenda São José, de Carmo (RJ). Manoel estava em Hamburgo, acrescenta o historiador e diretor do Museu do Zebu, em Uberaba (MG), Hugo Prata, para participar de uma feira de produtos metalúrgicos, pois fabricava rodas d’água, quando, no zôo, ficou impressionado com aquele gado enjaulado e dito como “não domesticado”, de origem indiana. E resolveu trazer para o Brasil os “ongoles”, nome da raça nelore na Índia.

Seis criatórios

Atualmente, a Fazenda São José e mais cinco criatórios mantêm a seleção da mais antiga linhagem nelore do Brasil: a Lemgruber. O maior criatório de nelore Lemgruber está em Uberaba, na Fazenda Mundo Novo, sob o comando dos irmãos Eduardo e Fernando Penteado Cardoso. São 3.700 cabeças, das quais 1.500 matrizes em produção, “todos criados exclusivamente a pasto”, diz Eduardo. “Outra característica é o choque de sangue que o Lemgruber proporciona ao cruzar com outras linhagens nelore, já que a Lemgruber é uma linhagem fechada.”

O rebanho dos Cardoso foi herdado da Manah, em 2001, quando a conhecida empresa de fertilizantes foi vendida para uma multinacional, “que não estava interessada nos bovinos”, diz Eduardo. “Então eu e meu irmão arrematamos todo o rebanho da Manah”, conta Eduardo. “Eram 3.700 cabeças, criadas em Brotas (SP)”, continua. “Fizemos 179 viagens para trazer todo aquele gado para Uberaba.”

Em Curvelo (MG), há, ainda, o criatório de Sônia de Paula Rezende; em Caseara (TO), o de Ricardo Alonso; em Araçatuba (SP), os criatórios da família Strang e, em Mucuri (BA), o rebanho da filha de Paulo, Cláudia Lemgruber.

Segundo o historiador Hugo Prata, há quem diga que o nelore desembarcou no Brasil dez anos antes. “Ou seja, o nelore estaria completando 140 anos de Brasil, e não 130”, explica. “Mas não há nada, até o momento, que comprove a virtual importação de 1868. Comprovadamente, com fotos e registros, só temos a de 1878”, diz Prata.

Para comemorar os 130 anos de nelore no País e da linhagem Lemgruber, os criadores estão programando alguns leilões. O primeiro será no dia 17 deste mês, em Uberaba, durante a Expogenética, quando serão ofertados 30 touros. “Está marcado, porém, para o dia 12 de outubro o leilão que marcará a data: Lemgruber 130 anos de Brasil: 130 Touros”, diz Eduardo. “Ofertaremos 130 touros dos criadores da linhagem, em Paraíso do Tocantins (TO).” Haverá, ainda, um leilão só de matrizes – Leilão Nelore Lemgruber 130 anos de Brasil: Matrizes -, ainda sem data e local definidos.

Gado vindo da Índia marcou

Embora a importação feita por Manoel Lemgruber tenha sido pioneira, segundo o historiador Hugo Prata houve outras importações de gado nelore tão ou mais importantes para sedimentar e garantir a expansão da raça no Brasil. “Além de 1878, em 1880 Manoel Lemgruber trouxe o touro Nero e diversas fêmeas. Em 1883, veio o touro Castor e várias fêmeas. Castor foi o animal que mais deixou descendentes na história do nelore no Brasil”, diz Prata.

Já 1893 é marcante não pelos animais nelores que chegaram ao País, mas pelo fato de ter havido a primeira importação de zebuínos diretamente da Índia – até então vinham via Alemanha -, pelas mãos do criador Teófilo de Godoy, de Araguari (MG). “Ele trouxe 15 zebuínos sem raça definida.” A partir de 1900 se intensificaram as incursões à Índia e as importações de zebuínos.

“Até que, conta Hugo Prata, em 1930, um criador de Uberaba, Armel Miranda, acompanhado de um agrônomo, Ravísio Lemos, foi à Índia e constatou que ali havia, sim, zebuínos de raça pura.” Eles enviaram Lemos e o criador Manoel de Oliveira Prata para importar animais de raça. “Entre os nelores, vieram os touros Sheik, Rajá, Marajá e Bacurau, além das raças guzerá e gir”, diz Prata.

“Esses touros foram a base da pecuária seletiva do País: Sheik, Rajá e Marajá foram para o criatório de Pedro Nunes, em Porto Novo do Cunha (RJ), e Bacurau foi para Vicente Rodrigues da Cunha, em Uberaba”, conta Prata. “Todos foram reprodutores de referência.”

Entre as décadas de 50 e 60 houve importações importantes, como os touros Karvadi, Golias, Gunthur e outros, trazidos por Torres Homem Rodrigues da Cunha e seu tratador, Dico. “Na década de 60, Rubico Carvalho trouxe Kurupaity, e Nenê Costa trouxe Taj Mahal.” Agora, conforme Prata, as importações estão proibidas, por causa do risco de peste bovina, doença que existe na Índia, mas não no Brasil.

Fonte: O Estado de São Paulo / Agrícola / Seção Nelore

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