A recente queda das cotações do milho no mercado internacional começou a ter reflexos sobre as negociações do cereal no Brasil, o que pode ser negativo para as exportações, apesar do câmbio favorável, mas beneficia os frigoríficos de aves e suínos, por manter os custos das rações sob controle.
Em decorrência de fatores como colheita nos EUA, demanda americana por etanol, disputas comerciais entre Washington e Pequim e peste suína africana na China, os preços dos contratos futuros acumulam queda de cerca de 10% na bolsa de Chicago neste mês. Com isso, a variação acumulada em 2019, que era positiva, passou a ser negativa e já supera 3%, de acordo com o Valor Data.
Apesar de o mercado brasileiro não ter seus preços totalmente balizados por Chicago, como acontece com a soja, a queda não é ignorada pelos agentes do país, que tem se consolidado como o segundo maior exportador de milho do mundo, atrás dos EUA.
“Temos uma safra e um estoque enorme de milho no Brasil, mas se ficar mais barato importar, com certeza as empresas farão isso”, diz Cleiton Gauer, analista do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato). “Isso fez todos se movimentarem nas últimas duas semanas”.
O tombo na bolsa americana foi aprofundado depois que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgou uma estimativa de área de cultivo no país maior que a esperada pelo mercado – o órgão cortou em “apenas” 2% sua projeção esta safra 2019/20, para 36,4 milhões de hectares, e o mercado esperava 35,6 milhões.
A estimativa de rendimento divulgada pelo USDA ficou em 10,6 toneladas por hectare, ante expectativa média de analistas de 10,4 toneladas por hectare, e com isso a colheita americana foi projetada em 353,1 milhões de toneladas, 20 milhões a mais que o esperado.
Parte da baixa em Chicago foi compensada pelo fortalecimento do dólar em relação ao real, mas não toda. E a paridade de exportação do milho em Mato Grosso para o contrato de julho de 2020 (o principal negociado no momento), apresentou forte queda de quase 9% na média de agosto (até o dia 16), chegando a uma mínima no mês de R$ 19,63 a saca. Houve uma pequena reação, mas o patamar ainda é inferior aos R$ 22 negociados em julho.
“Mesmo que o dólar tenha exibido uma valorização significativa, superior a 4% em relação ao mesmo período de 2018, diante do retorno do embate comercial entre China e EUA, o que puxou a paridade para baixo foi a forte desvalorização em Chicago em dois ou três dias”, afirma Gauer.
Além disso, o prêmio de exportação no porto de Paranaguá (PR) caiu. Passou de US$ 0,25 o bushel, em julho, para US$ 0,20 na média de agosto até o dia 16, o que contribuiu para que o preço de paridade recuasse ainda mais.
Esse declínio nas últimas semanas, afirma o analista, despertou o interesse dos compradores, que tentaram avançar nas negociações. Mas a demanda elevada permitiu que os produtores ficassem um pouco retraídos. “Temos um cenário de demanda forte particularmente em Mato Grosso, com novas indústrias de etanol de milho e tradings atuantes nos mercados interno e externo. E o cenário de crescimento das vendas de aves e suínos também ajuda a aumentar a demanda pelo cereal”, diz.
Apesar da “calma” dos produtores em vender, as negociações com o cereal disponível (2018/19) em Mato Grosso aumentaram 6 pontos percentuais até a terceira semana de agosto ante julho, para 83,23% do total colhido. E também garantiram um interesse maior da próxima safra (2019/20), ampliando o total negociado antecipadamente para 32,38% da colheita prevista.
Animados, os produtores mato-grossenses já começaram a adquirir insumos para o plantio da próxima safrinha, no início do ano que vem, e a expectativa é de crescimento da semeadura. Na safrinha de 2018/19, a estimativa é que a colheita tenha alcançado 31,14 milhões de toneladas, 19% mais que no ciclo anterior, quando a safra quebrou por problemas climáticos.
Fonte: Valor Econômico.
This post was published on 26 de agosto de 2019
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