A seca mais severa dos últimos 50 anos fez a crise econômica da Argentina se aprofundar. A quebra da safra de grãos frustrou o presidente do país sul-americano, Mauricio Macri, que apostava no fim do ano passado que a agricultura contribuiria para um avanço de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) argentino. Ontem, um estudo da Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou que a quebra de safra na Argentina gerou uma perda de US$ 5,895 bilhões, o que significa 0,86% do PIB do país.
O montante que deixou de ser agregado à economia argentina é quase o dobro do estimado pela bolsa em março e leva em conta quanto o país teria ganho se suas projeções iniciais para safra tivessem sido alcançadas.
A produção de milho de 2017/18 é estimada em 32 milhões toneladas e a de soja, em 36 milhões de toneladas. Trata-se de uma queda de 22% e 33%, respectivamente, ante as expectativas do início deste ciclo. O valor bruto da produção desses grãos na Argentina ficou 23% abaixo do que poderia ter sido gerado.
Além das perdas com a quebra da safra, a bolsa ressaltou no relatório que o cálculo leva em consideração a queda dos grãos na bolsa de Chicago, sobretudo em maio.
Ao analisar a cadeia produtiva como um todo, a bolsa observou que as perdas não foram distribuídas igualmente entre os diferentes elos. O principal afetado, claro, foi a produção primária, com perda estimada em US$ 2,3 bilhões. O setor de transportes também perdeu – US$ 422 milhões, estimou a bolsa.
Além disso, produtores de carne e leite que usam milho e farelo de soja na ração amargarão alta dos custos de ordem de R$ 1 bilhão.
A bolsa calcula ainda que o país deixou de ganhar US$ 5,374 bilhões, devido à diminuição das quantidades exportadas de grãos e subprodutos. As perdas, porém, foram parcialmente compensadas pelo câmbio e pelos preços internacionais. Além disso, a Argentina perdeu US$ 1,7 bilhão em arrecadação de impostos.
Fonte: Valor Econômico.