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Quase 60% da área queimada no Brasil de 2000 a 2019 foi em propriedades rurais, diz MapBiomas

Os imóveis rurais e assentamentos representaram 66% da área queimada no Brasil entre 2000 e 2019. O dado consta no MapBiomas Fogo, uma plataforma lançada hoje pela rede MapBiomas que mapeou as cicatrizes de queimadas desde 2000 através do cruzamento de dados de diferentes satélites e uso de deep learning. A plataforma lançada hoje ainda é uma versão beta e passa por um processo de validação pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig)/UFG.

O mapeamento identificou que as queimadas atingiram 18% do território brasileiro nos últimos 20 anos, alcançando 1,491 milhão de quilômetros quadrados. O dado corresponde a uma média de 177,472 mil quilômetros quadrados queimados por ano.

Na avaliação por tipo de território afetado, o mapeamento concluiu que 58,9% das áreas queimadas ocorreram em imóveis rurais, 5,9% se deram em assentamentos, 18% em áreas protegidas, 2,5% em áreas públicas e 13,7% em áreas não destinadas.

No recorte por tipo de uso da terra, o mapeamento identificou que as áreas de pastagem responderam por 22,4% da área afetada por queimadas de 2000 a 2019, enquanto as áreas com agricultura foram responsáveis por 8,3% da área afetada. Os demais 68% de área afetada pelo fogo no período foram de vegetações nativas, sendo que a vegetação savânica foi a principal (30%).

“Esse padrão não é muito diferente ao longo da série histórica. O padrão geral é muito parecido em todos os anos”, afirmou Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Na divisão por biomas, o Cerrado foi o que registrou maior área queimada desde 2000, respondendo por 55% da área afetada do país no período. Considerando toda a cobertura do bioma, o mapeamento identificou que 41% do Cerrado já foi afetado por queimadas. A Amazônia, por sua vez, respondeu por 28% da área queimada no país no período e teve 10% de seu território afetado.

No caso da Amazônia, mais de 42% da área afetada por queimadas correspondia a pastagens, enquanto mais da metade da área queimada foi em vegetação nativa. No Cerrado, as pastagens responderam por menos de um quarto da área queimada, enquanto no Pantanal o fogo em pastagem respondeu por menos de 10% da área afetada no período. O fogo na vegetação nativa do Pantanal respondeu pela ampla maioria da área queimada no bioma de 2000 a 2019.

Na Mata Atlântica, destacaram-se as áreas agrícolas, que responderam por cerca de um terço da extensão queimada no bioma. “Lembrando que ali tem cana, e que a palha da soja queima também”, afirmou Alencar.

A diretora do Ipam ressaltou que muitas áreas passaram mais de uma vez por queimadas. O monitoramento identificou que 51% da área afetada no Brasil pegou fogo por ao menos duas vezes, sendo o Cerrado o bioma com o maior índice de recorrência.

O mapeamento tem uma resolução de 30 metros, mas só inclui áreas com no mínimo um hectare. O trabalho de mapeamento retroativo permite identificar padrões e melhorar o planejamento estratégico no combate ao fogo, segundo Douglas Morton, da NASA, e Luis Aragão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A expectativa agora é que esse mapeamento permita o cálculo das emissões de gases de efeito estufa associadas às queimadas, o que não é contabilizado ainda nos inventários.

Fonte: Valor Econômico.

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