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Qualidade da água: 4 – microorganismos

Na busca da maximização na produção animal, um dos requisitos à serem considerados e, muitas vezes esquecido pelos produtores, é a questão da qualidade da água ingerida pelo animal, pois, cerca de 80% de todas as doenças que afetam homens e animais nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade.

Na busca da maximização na produção animal, um dos requisitos à serem considerados e, muitas vezes esquecido pelos produtores, é a questão da qualidade da água ingerida pelo animal, pois, cerca de 80% de todas as doenças que afetam homens e animais nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade.

A água deve estar isenta de contaminantes químicos e biológicos. Entre os contaminantes biológicos pode-se citar organismos patogênicos como: bactérias, vírus, protozoários e helmintos.

Esses contaminantes utilizam a água como veículo, que quando ingerida, causam danos ao organismo do animal. Agentes de muitas doenças podem ser veiculados pela água como por exemplo: carbúnculo, leptospirose, brucelose, tuberculose, febre aftosa e outras (Tabela 1.).

Tabela 1. Maiores agentes infecciosos encontrados em água contaminada em todo o mundo.


Os patógenos que se desenvolvem na água merecem considerável atenção. Eles podem causar desordens gastrointestinais, infecções em órgãos respiratórios, pele, ouvido, olhos e trato urinário. Exposição à patógenos oportunistas em ambiente ao ar livre pode ocorrer através de inalação através de spray dos efluentes de esgotos e também com o contato corporal com água contaminada para consumo ou para irrigação. Podem ser também transmitidos por contato direto com os animais ou com suas fezes, de uma pessoa para outra, e através de fontes de água para consumo, como poços e mananciais.

A leptospirose, por exemplo, é uma doença que acomete principalmente roedores e outros animais silvestres, porém afeta também o homem e diversos animas domésticos, tendo como principal meio de propagação a urina dos animais contaminados, que em contato com o meio (exemplo: água e alimentos) irá contaminar outros animais. As leptospiras podem sobreviver no ambiente até semanas ou meses, dependendo das condições do ambiente. Porém, são bactérias sensíveis aos desinfetantes e a exposição de luz solar direta, sendo rapidamente mortas pelo hipoclorito de sódio, presentes na água sanitária.

As carcaças de animais mortos também podem ser um risco, através delas podem-se alastrar doenças, propagadas pelo contato direto de outros animais com a carcaça, ou através da água, poeira, moscas, etc. Todo animal morto na propriedade deve ser incinerado ou enterrado. A incineração é um método caro, pois se deve destruir totalmente a carcaça, reduzindo-a a pó.

Ao optar por enterrar a carcaça, deve-se abrir a vala ao lado da carcaça, evitando-se transitar com ela pela propriedade, ao abrir a vala com uma profundidade não inferior a 60 cm, deve-se jogar cal no seu interior, e após a colocação da carcaça jogar novamente cal, e só então efetuar a cobertura, jogando primeiramente a porção de solo na qual o animal se encontrava morto.

A presença de bactérias coliformes, dentre as quais a Escherichia coli, serve como indicador da contaminação da água por microrganismos (Domingues e Langoni, 2001). Embora estes indicadores não sejam sempre patogênicos e não sejam correlacionados diretamente com outros patógenos, eles são os mais fáceis e com menor custo para detectar.

A mensuração é expressa pelo número mais provável (NMP) e representa a quantidade mais provável de coliformes existentes em 100 ml de água da amostra, sendo considerada como normal encontrar até 1.000 coliformes fecais por mililitro de água.

A E. Coli tem uma característica notável de crescimento e sobrevivência em diversas condições ambientais (Kauppi et al., 1998). No solo, a E. Coli é capaz de sobreviver mais de 60 dias à 25ºC e 100 dias à 4ºC (Bogosian et al., 1996). A luz do sol tem sido considerada como o fator de maior detrimento para a sobrevivência da E. Coli na água. Outros fatores que têm sido mostrados ou sugeridos como relacionados à sobrevivência de bactérias, são: temperatura, pH, nutrientes, predadores, tipo de solo, época do ano e competição com outros organismos (Ferguson et al. 2003).

Novos métodos moleculares e bioquímicos para a detecção de fontes de contaminação estão sendo desenvolvidos, mas as informações da sobrevivência e crescimento da bactéria e patógenos originários da água são limitadas e muitas vezes contraditórias.

Estes agentes podem entrar em contato com a água através da má drenagem dos dejetos da propriedade, como por exemplo, nas granjas de aves e suínos, bem como a proximidade da reserva de água com fossas (Maiores informações sobre a construção e funcionamento da fossa séptica, podem ser encontradas no site da Embrapa Instrumentação Agrícola.

Particularmente, em áreas rurais e em períodos de intensas chuvas, a proteção insuficiente dos poços pode levar à contaminação. O produtor deve se preocupar em fazer periodicamente vistorias nos reservatórios de água para verificar a presença de fendas, pois estas podem ser a porta de entrada para os patógenos.

Na maioria das propriedades rurais, costuma-se esquecer da importância da limpeza periódica dos bebedouros, sendo uma ação simples, mas com grande impacto na produtividade animal, existem diversas maneiras de limpeza e desinfecção, uma delas, é apresentado por Boyles (2007).

O autor explica que para se fazer a limpeza dos bebedouros e reservatórios pode-se utilizar sulfato de cobre (CuSO4), na proporção de: 1g CuSO4 para 1047 litros de água. O mesmo autor afirma que este procedimento terá uma ação eficaz contra os agentes microbiológicos por vários meses.

Referências bibliográficas:

BOGOSIAN, G., SAMMONS, L. E., MORRIS, P. J. L., O`NEILL, J. P., HEITKAMP, M. A. & WEBBER, D. B. Death of Escherichia coli K-12 strain W3110 in soil and water. Applied and Environmental Microbiology 62, 4114-4120. 1996.

BOYLES, S. acessado em 21/08/2007.

DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. Manejo sanitário animal. Ed. EPUB, Rio de Janeiro, 2001.

EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO AGRÍCOLA, acessado em 31/08/2007.

FERGUSON, C., A. de RODA HUSMAN, N. ALTAVILLA, D. DEERE, AND N. ASHBOLT. Fate and transport of surface water pathogens in watersheds. Critical Reviews in Environmental Science and Technology 33(3):299-361. 2003.

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HERRIOTT, D. E., HANCOCK, D. D., EBEL, E. D., CARPENTER, L. V., RICE, D. H., BESSER, T. E. Association of herd management factors with colonization of dairy cattle by shiga toxin-positive Escherichia coli 0157. Journal of Food Protection 61, 802-807. 1998.

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WALLACE, J. S., CHEASTY, T. & JONES, K. Isolation of Verocytotoxin producing Escherichia coli 0157 from wild birds. Journal of Applied Microbiology 82, 399-404. 1997.

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