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Qual proteína utilizar nos suplementos? PDR ou PNDR?

A proteína é reconhecidamente um dos nutrientes de maior impacto na produção animal, tendo diferentes formas de digestão e absorção entre monogástricos e ruminantes. No caso dos bovinos é essencial sabermos o local de degradação dessa proteína, para sabermos exatamente quem estamos suplementando, o animal ou o rúmen. Diversos estudos foram realizados com o objetivo de determinar os efeitos do local de degradação da "proteína total do alimento", também chamada de proteína bruta (PB). O valor de PB é determinado em relação à quantidade de nitrogênio presente na amostra e, portanto, pode nos levar a erros nas formulações, quando usado somente o valor de PB no balanceamento da dieta. A proteína bruta é dividida em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR), sendo que a PDR tem relação direta com a produção de amônia no rúmen e sua concentração no sangue.

A proteína é reconhecidamente um dos nutrientes de maior impacto na produção animal, tendo diferentes formas de digestão e absorção entre monogástricos e ruminantes. No caso dos bovinos é essencial sabermos o local de degradação dessa proteína, para sabermos exatamente quem estamos suplementando, o animal ou o rúmen.

Diversos estudos foram realizados com o objetivo de determinar os efeitos do local de degradação da “proteína total do alimento”, também chamada de proteína bruta (PB). O valor de PB é determinado em relação à quantidade de nitrogênio presente na amostra e, portanto, pode nos levar a erros nas formulações, quando usado somente o valor de PB no balanceamento da dieta.

A proteína bruta é dividida em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR), sendo que a PDR tem relação direta com a produção de amônia no rúmen e sua concentração no sangue. A amônia sérica é metabolizada no fígado e transformada em uréia, que poderá retornar ao rúmen via saliva, ou ser eliminada na urina. Excesso de amônia na corrente sanguínea é tóxico ao animal, além de representar aumento no custo energético pela necessidade de transformação desta em uréia no fígado para ser eliminada via urina. Valores acima da capacidade metabólica do fígado podem levar a intoxicação animal por depressão do sistema nervoso central.

O sistema CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System – CNCPS) estima a degradação ruminal da proteína e dos carboidratos em suas várias frações, em combinação com a taxa de fluxo e os componentes da dieta. O sistema propõe a segmentação das frações protéicas em A, B1, B2, B3 e C.

Pelo sistema de Cornell, a produção de proteína microbiana e a fermentação em produtos são estimadas pela comparação da taxa de hidrólise dos carboidratos e a presença de compostos nitrogenados para produção da proteína microbiana. Nas formulações, trabalhamos considerando as frações de degradação protéica, na maioria das vezes relacionando a PDR e a PNDR. Porém, o padrão de AA absorvidos no intestino delgado é um fator determinante para o crescimento animal, produção de proteína no leite e eficiência na utilização do nitrogênio. O valor nutricional da mistura de PNDR e proteína microbiana depende do espectro de AA essenciais e da digestibilidade intestinal da proteína de escape.

Atualmente, o interesse por formulação de dietas e suplementos para ruminantes tem focado a absorção de proteína ou de AA nos intestinos. Este objetivo é de difícil realização por causa da pequena semelhança, qualitativa e quantitativa, dos AA fornecidos na dieta e os AA que chegam ao intestino, em virtude das transformações que ocorrem no rúmen. Por outro lado, os perfis de AA mais parecidos às exigências dos bovinos são os subprodutos do abate bovino, proibidos de utilização devido a ocorrência da BSE. Assim, a demanda crescente de nutrientes em bovinos geneticamente melhorados poderá ser atender suas exigências protéicas e de aminoácidos atendidas através de AA protegidos, ou via cinética do alimento, produção de massa microbiana e PNDR dos alimentos.

Estimar a quantidade e a qualidade de massa microbiana disponibilizada para o ruminante é essencial para se atender às exigências nutricionais dos bovinos, bem como estimar de forma precisa a produção de carne ou leite.

A extensão da degradação da proteína dietética no rúmen determina o total de PNDR que chega ao intestino delgado, sendo que o suprimento de PNDR poderá ser aumentado pela seleção de fontes de proteína que tenham baixa degradabilidade ruminal, ou por tratamentos químicos e físicos dos alimento. O conhecimento da composição de AA da PNDR se faz necessário para dar suporte a formulações, objetivando o aumento dos níveis de produção. O balanceamento de AA na dieta de bovinos de corte apresenta-se como alternativa às alterações das demandas nutricionais, em função da melhoria genética do rebanho. O comportamento da fonte protéica no trato digestivo dos bovinos pode apresentar-se benéfico ou não ao desempenho animal. A determinação das frações protéicas presente na dieta é essencial para um bom balanceamento e suprimento das exigências de bovinos, sendo o perfil de aminoácidos o próximo passo no ajuste fino das dietas. Para isso, poderemos abrir mão do uso de aminoácidos protegidos ou o balanceamento com alimentos disponíveis para a absorção intestinal, farinha de peixe por exemplo.

Suplementação de bovinos a pasto

Na formulação de suplementos para animais a pasto, as mesmas exigências estão presentes, sendo que quando optamos por fontes protéicas de baixa degradação ruminal (PNDR), podemos ocasionar deficiência de nitrogênio no ambiente ruminal, diminuindo a produção de proteína microbiana e, consequentemente, perdas na produção. Diversas são as alternativas de ingredientes para formulação de suplementos para bovinos a pasto, seja na forma de grãos, subprodutos ou outros como a farinha de peixe, por exemplo. Porém, devemos nos atentar a forma que determinada fonte protéica será metabolizada e absorvida pelo organismo animal, pois determinarão a “qualidade” do ambiente ruminal para produção de proteína microbiana. Portanto, devemos fornecer nitrogênio ao ambiente ruminal, maximizando a produção de proteína microbiana, sendo o fornecimento de PNDR um “plus protéico” ao metabolismo animal.

Referências bibliográficas:

SOUZA, A.A.; VARGAS JR., F.M.; FERREIRA, T.I. Effects of protein or fat supplements for finishing beef cattle grazing tropical grass during dry season. In: American Society of Animal Science Meeting, 2009.

KARGES, K.K.; KLOPFENSTEIN, T.J.; WILKERSON, V.A.; CLANTON, D.C. Effects of ruminally degradable and escape protein supplements on steers grazing summer native range. Journal of Animal Science, v. 70, n. 7, p. 1957-1964, 1992.

7 Comments

  1. marcondes dias de freitas neto disse:

    primeiramente quero parabenizar pelo artigo. Gostaria de saber se farinha de peixe pode ser usada na nutrição de bovinos de corte no Brasil por ser um alimento de origem animal assim como a cama de frango?
    obrigado!

  2. André Alves de Souza disse:

    Prezado Marcondes,
    A farinha de peixe pode ser utilizada na nutrição de bovinos de corte. A proibição da cama de frango na nutrição de ruminantes se deve a presença de ração utilizada na alimentação de frangos nesse produto. Como é permitido o uso de subprodutos do abate bovino na ração de monogástricos, tem-se a possibilidade do ruminante ingerir esses ingredientes na cama de frango e consequentetmente haver a disseminação da BSE.

    Forte abraço.

  3. marcelo fernandes franco disse:

    parabens pelo artigo, foi de muito proveito para mim.

  4. guilherme woiciek disse:

    Parabéns Dr. andré,

    O artigo é de muita valia,em consequência de informções fornecidas,sobre essas fontes alternativas de proteínas a serem inclusas em dietas de bovinos de corte, ja que em termos de confinamento,tudo é muito justo,e sempre busca-se maximizar tudo que é fornecido.

    Um grande abraço professor André,fui seu aluno na UNIDERP!!!

  5. Eudair Francisco Martins disse:

    Dr.André
    A legislação do MAPA IN 08 de 2006 e IN 41 de 2009 proibe na alimentação de ruminantes qualquer proteina de origem animal, portanto a farinha de peixe como qualquer proteina de origem animal não pode ser utilizada na alimentação de ruminantes.
    Eng Agr Eudair Francisco Martins
    Bauru-SP

  6. André Alves de Souza disse:

    Prezado Eudair,
    Realmente temos uma normativa de proibição de produtos de origem animal na alimentação de ruminantes, com excessão de alguns derivados. O caso da farinha de peixa importada do chile e, de origem marinha (peixes capturados em alto mar), havia tido liberação, como outros produtos tb podem ser liberados de acordo com avaliação da secretaria responsavel do MAPA em Brasília. Se tiver a intenção de utilizar tal produto, indico que procure a secretaria do ministério da agricultura em sua região e se informe da utilização, ok?

    Forte abraço.

  7. Alessandra Polastrini disse:

    Muito interessante, já tinha lido algo a respeito dessas alternativas ligadas ao uso da proteína animal na alimentação de ruminantes.

    Parabéns, está muito bom esse artigo.

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