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Qual o valor energético dos compostos orgânicos de sua silagem?

Assim fica a dica, a silagem que o ruminante ingere tem muito mais além de proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo, amido e etc.

No processo de conservação de forragens o principal desafio é minimizar o processo de perdas que ocorre dentro do silo, principalmente durante a fermentação da forragem e no período de pós abertura do silo. Grande parte de trabalhos publicados são os relacionados ao uso de bactérias específicas, as quais são benéficas ao processo de fermentação por produzirem durante sua fermentação, ácido lático, o qual é o grande responsável pela redução do pH e estabilização da silagem. Assim, com a queda rápida de pH no silo, todas as fermentações são interrompidas, reduzindo o processo de perdas quando se compara uma silagem não inoculada. A principal bactéria para esta ocorrência são as homoláticas, as quais somente produzem ácido lático em sua rota metabólica.

Um segundo avanço no uso de inoculantes ao processo de ensilagem foi o uso de bactérias que permitem que a silagem, após o momento de sua abertura não se aqueça, permitindo flexibilizar o manejo da propriedade, mais principalmente reduzindo as perdas de matéria seca no pós abertura e mantendo a qualidade nutricional da silagem sem a ocorrência da deterioração aeróbia causada principalmente pela oxidação de compostos solúveis da silagem e até mesmo dos ácidos produzidos ao longo do processo de fermentação (as leveduras consomem o ácido lático produzido durante a fermentação. A principal bactéria para esta ocorrência é o Lactobacillus buchneri.

A grande novidade que até então não era expressa nos trabalhos científicos se refere ao valor energético proveniente das silagens.

O que é isso?

O valor energético de silagens não é compreendido somente pela quantidade de açúcar, amido e outros carboidratos, mais também os compostos orgânicos produzidos durante a fermentação são fonte de energia para os animais.

Será que os valores são os mesmos para todas as silagens?

Dependendo das bactérias presentes na silagem, os compostos orgânicos produzidos serão diferentes e suas proporções também. Isso explica o porque de se existirem diferentes cheiros nas silagens. Esse cheiro será dependente de quais compostos foram produzidos pelas bactérias durante a fermentação.

E a formulação da dieta, pode ser afeta com alteração na composição desses compostos?

A formulação da dieta pode ser alterada quando se encontramos proporções e quantidades distintas desses compostos. Um exemplo bem claro é quando acaba a silagem na propriedade e existe necessidade de fornecer o milho in natura. Geralmente, a observação é de diarreia nos animais. A explicação para esse fenômeno é que os compostos orgânicos da silagem são fonte direta de energia para o ruminante e na ausência desses compostos o animal perde parte da energia que estava consumindo, o que altera a fermentação ruminal e se observa queda na produção de leite.

Um exemplo interessante é apresentado nas Tabelas 1 e 2, onde pesquisadores da Alemanha confeccionaram quatro tipos de silagem de sorgo, diferindo apenas no emprego de diferentes inoculantes, os quais apresentavam diferentes bactérias.

Um dos principais ácidos produzidos durante o processo de fermentação é o ácido lático. Este é o ácido mais forte produzido durante o processo de fermentação, o qual tem grande função de redução do pH. O que pode ser obsevado na Tabela 1 é que com o uso de uma bactéria heterolática (Lactobacillus buchneri), a concentração de ácido lático se reduz frente a uma silagem inoculada somente com uma bactéria homolática (Lactobacillus plantarum) ou a silagem que não foi inoculada. Apesar de ocorrer essa queda em termos de ácido lático, o pH se manteve abaixo de 4,0, ou seja, a quantidade de ácido lático produzido por essa bactéria foi suficiente para a queda do pH. Porém, o grande benefício que se observa com o uso dessa bactéria são os aumentos nos teores de ácido acético e de 1,2 – propanodiol,

Quando se realiza o cálculo do valor energético de 1 kg de matéria seca para os diferentes tratamentos, verifica-se que quando se faz a associação entre uma bactéria homolática e heterolática, o valor energético da silagem se eleva em 56,4% frente à silagem somente inoculada com L. plantarum e 3,8% com a silagem inoculada somente com a bactéria heterolática.

Assim fica a dica, a silagem que o ruminante ingere tem muito mais além de proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo, amido e etc. Essas silagens têm compostos orgânicos que são prontamente utilizados no rúmen pelas bactérias, muitos outros são absorvidos diretamente para o metabolismo animal e, são rapidamente transformados em energia direta para o animal, a qual será parte do leite produzido pela vaca.

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