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Qual a melhor variedade e de que forma deve-se conduzir a colheita em cana-de-açúcar?

A escolha por determinada variedade de cana-de-açúcar para inserção em um sistema de produção de ruminantes deve seguir discernimentos técnicos e econômicos, principalmente, pelo fato desta ser uma planta semi-perene, podendo estar presente dentro da propriedade por período igual ou superior a 4 anos.

A escolha da variedade

A escolha por determinada variedade de cana-de-açúcar para inserção em um sistema de produção de ruminantes deve seguir discernimentos técnicos e econômicos, principalmente, pelo fato desta ser uma planta semi-perene, podendo estar presente dentro da propriedade por período igual ou superior a 4 anos.

Dessa forma, deve-se preconizar variedades que apresentem: alta produtividade, alto teor de sacarose, baixos teores de fibra, resistência ao tombamento, resistência a pragas e doenças, despalhamento facilitado, adaptabilidade às condições edafoclimáticas da região e boa digestibilidade da fração fibrosa.

Uma vantagem para os pecuaristas na escolha da variedade a ser inserida em sua propriedade é que as características apresentadas acima, em sua maioria, também são as mesmas desejadas pela indústria, sendo somente a maior digestibilidade da porção fibrosa de interesse para o pecuarista e não para a indústria.

Alguns critérios também podem ser apontados na escolha das variedades de cana-de-açúcar para uso na alimentação de ruminantes, como: a relação entre fração fibrosa e açúcares solúveis totais (FDN/POL), o teor de FDN na planta e a porcentagem de colmos.

Um estudo avaliou 20 variedades de cana-de-açúcar e, foi observado que as variedades IAC86-2480 e RB83-5486 foram as que apresentaram relação FDN/POL menor do que 3,0, valor máximo sugerido para utilização da variedade como fonte volumosa para ruminantes. Outro fato positivo vinculado a essa relação (FDN/POL) é que as variedades apresentaram melhores digestibilidades, o que novamente corrobora com a idéia de indicar melhores variedades para a alimentação animal.

Outra estratégia, pouco explorada por pecuaristas, é a obtenção de variedades em função da época de maturação. Encontram-se disponíveis variedades de cana-de-açúcar precoces, médias e tardias, sendo que, para maximização da qualidade nutricional deste volumoso, aliado a um planejamento forrageiro adequado, a cultura da cana-de-açúcar dentro de um sistema de produção animal também não deve ser fundamentada em apenas uma variedade, mas sim, em variedades com diferentes pontos de maturação.

Não é pertinente a indicação de uma variedade, a qual seja designada como ideal para qualquer sistema de produção animal, pois devido às diferenças edafoclimáticas encontradas no Brasil, uma determinada variedade poderá ou não expressar seu máximo potencial. Assim, o ideal é optar por variedades inseridas na região, buscando aquela que apresente valor nutricional desejado para produção de ruminantes.

Colheita da cana-de-açúcar: manual ou mecanizada?

A escolha pelo corte da cana de forma manual ou mecanizada é uma dúvida muita questionada por técnicos e produtores, principalmente pelo fato da forma de colheita poder influenciar na produtividade e na longevidade do talhão.

Em estudo realizado por Schogor (2008), foram avaliadas três formas de colheita da cana-de-açúcar: colheita manual, colheita mecanizada e colheita mecanizada seguida por rebaixamento manual. Os resultados mostraram que a colheita mecanizada apresentou maiores perdas de colheita (8% superior), principalmente, em função da permanência na área do tolete de cana remanescente. Esta maior perda, entretanto, não afetou a produtividade, ou seja, não houve influência do método de colheita sobre a quantidade de forragem disponível para o corte subseqüente.

Outra pesquisa, desenvolvida pelo APTA/Colina sob a coordenação do Pesquisador Gustavo Rezende Siqueira sobre estratégias de manejo do resíduo da colheita de cana-de-açúcar estudou as seguintes situações: resíduo (tolete) sem corte manual ou mecânico (roçagem), resíduo roçado e resíduo podado (corte manual com uso de podão). Os dados preliminares mostraram que onde não houve nenhum tipo de rebaixamento (manual ou mecânico) a produtividade foi superior no ano consecutivo, devido a um maior perfilhamento da comunidade de plantas.

Portanto, o rebaixamento da soqueira após o corte mecanizado deve ser analisado cuidadosamente, uma vez que os resultados preliminares indicaram que essa recomendação pode ser um procedimento desnecessário do ponto de vista morfofisiológico da cultura.

Em relação aos custos, a colheita da cana-de-açúcar na forma mecanizada potencializa os danos causados nas linhas de plantio e pode reduzir em um ano a vida útil do canavial, contudo, o valor da tonelada colhida na forma mecanizada se torna vantajosa frente a cana-de-açúcar colhida manualmente.

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