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27 de janeiro de 2011
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31 de janeiro de 2011

Qual a melhor forma de vender carne no momento atual de mercado

Carne bovina é vista pelos consumidores como um produto especial. Churrasco é ainda mais especial. Em momentos especiais de nossas vidas, pedimos um bom pedaço de carne para comemorar. Nenhuma outra proteína animal é tão escolhida para momentos marcantes. Há uma relação muito forte, já estabelecida em muitos lugares do mundo, entre carne bovina e ocasiões comemorativas. Essa é uma das maiores forças da carne, e pode (precisa) ser mais explorada.

Carne bovina é vista pelos consumidores como um produto especial. Churrasco é ainda mais especial. Em momentos especiais de nossas vidas, pedimos um bom pedaço de carne para comemorar. Nenhuma outra proteína animal é tão escolhida para momentos marcantes. Há uma relação muito forte, já estabelecida em muitos lugares do mundo, entre carne bovina e ocasiões comemorativas. Essa é uma das maiores forças da carne, e pode (precisa) ser mais explorada.

O preço da carne sempre foi alto em relação a outras proteínas e hoje está ainda mais alto. O consumo se mantém pois a renda do brasileiro (e de muitos outros países emergentes) cresce. No supermercado de Piracicaba/SP, onde moro, há carnes beirando os R$50/kg há várias semanas.

Vários outros produtos seguiram um caminho de diferenciação, saindo da commodity para maior especialização, foco em qualidade, sabor e formas de tornar cada produto especial, diferente e único. O exemplo clássico é o vinho. Há pouco tempo o Brasil só produzia vinhos baratos e ruins. Outros países como Argentina também não tinham fama de alta qualidade. Hoje todos investem em qualidade, em sistemas que garantam que o vinho seja o melhor possível, ao mesmo tempo que se procura reforçar o melhor de cada região e de cada variedade.

Outros bons exemplos são o café e o azeite. Há muito tempo se vendeu apenas quantidade, hoje há variedades, sabores, e preço superior. Como no vinho, o consumidor aprendeu a conhecer o que é bom e hoje procura isso. O caso do azeite é interessante pois mesmo as grandes marcas estão se dedicando a entregar qualidade superior. O azeite extra virgem é quase que uma unanimidade hoje e cada vez se procura mais diferenciação. A gôndola de azeites no supermercado de uma cidade média no Brasil é cheia de opções, regiões e variedades.

Mais do que tornar cada produto melhor, que pode ser feito utilizando as melhores práticas de produção e industrialização, o vinho, azeite e café procuram também valorizar o que há de especial, de notável, diferente em cada região e variedade. Isso gera variedade e escolha e é uma forma muito interessante de educar o consumidor a entender que há mais opções e que vale a pena fazer essa viagem de sabores.

Tudo isso pode ser muito aplicado a carne bovina, principalmente por ser um produto de ocasiões especiais.

Por outro lado, a carne bovina vem enfrentando problemas na questão de sabor e garantia. Um dos grandes debates de 2010 foi a maior frequência de casos de carne com sabor de fígado, ainda sem uma resposta defintiva sobre o problema. O fato é que enquanto outros alimentos se diferenciam e se vendem de forma mais rebuscada no Brasil, a primeira opção em alimento comemorativo está enfrentando um problema de baixa qualidade, ainda não resolvido.

Isso aumenta a urgência de ação. Há oportunidade: as mesmas tendências que impulsionam o mercado de café, vinho e azeite podem impulsionar o mercado de carnes especiais. As pessoas, no Brasil e no mundo, consomem opções especiais desses produtos pois têm mais renda, querem conhecer e degustar mais sabores. Outro fenômeno é o aumento das refeições fora de casa (típico de aumento de renda) e também o maior interesse por gastronomia (em casa ou fora dela). Há mais gente com renda, não só na classe C. Também há mais ricos no mundo.

E carne especial não é um produto apenas para ricos, mas um produto para ocasiões especiais. Quanto maior a renda, maior a frequência de consumo, mas muitas faixas de renda podem consumir produtos especiais, mesmo que não seja no dia-a-dia. Isso aumenta ainda mais o potencial de consumo.

No caso da carne bovina, há três vertentes possíveis de diferenciação. A primeira é a região. Há lugares onde a produção de carne bovina é mais propícia, e isso pode ser muito bem explorado. Isso pode acontecer desde o pampa gaúcho, até o vale do araguaia.

Outra oportunidade são as raças especializadas. Há clara comparação com as variedades de uvas para vinho. Cada uma com sua característica, diferenças e qualidades. É preciso explorar o que cada uma tem de bom. Mais do que tentar ser o melhor comparativamente, acredito que o mais eficaz é buscar produzir a carne de cada raça explorando o que se tem de mais peculiar, único e diferente. Da mesma forma que se busca fazer um excelente vinho Carmenére e não tornar essa variedade melhor que a Cabernet.

E a terceira oportunidade são os sistemas de produção. O gado terminado em confinamento ou com uso de grãos mais intenso (como o semi-confinamento) geralmente tem idade mais jovem e maior acabamento de gordura, duas exigências para maciez. Por outro lado, há uma tendência mundial em busca de alimentos naturais e a carne a pasto se insere perfeitamente nessa demanda.

Há espaço para cada um, não adianta bater de frente, mas cada um deve buscar seu segmento de mercado. Os consumidores que procuram uma carne mais magra (por questões de saúde e dieta) não são os mesmos que procuram uma carne especial para churrasco com mais gordura por exemplo. Ou pelo menos a ocasião de consumo não será a mesma.

Mais renda e mais conhecimento ampliam a variedade de interesses: há mais demanda por carne extra magra e mais demanda por carne especial para churrasco. O mercado não se afunila, mas se expande.

Criar formas de ensinar, educar o consumidor de forma inteligente sobre todas essas possibilidades é muito promissor e ainda tem um efeito positivo no combate aos ativistas anti-carne que adoram aproveitar o desconhecimento e espalhar sua versão dos fatos.

Outro ponto positivo da busca pela valorização da carne de qualidade é que os frigoríficos podem usar esse trabalho como maneira de melhorar o relacionamento com seus melhores fornecedores. Nesses tempos de baixa oferta, isso se torna ainda mais importante.

Importante reforçar que o principal motivo que as pessoas comem carne bovina não é o preço baixo ou porque os médicos recomendam para uma dieta saudável. As pessoas comem carne pois a consideram deliciosa. Sem esquecer dos atributos nutricionais, é fundamental se lembrar do motivo número 1, o sabor.

0 Comments

  1. Ernesto Coser Netto disse:

    Miguel,

    Creio que este momento esta chegando, seja por estratégia ou seja por pura necessidade de aumentar as margens.
    Os frigoríficos estão vendo suas margens cada vez menores, devido ao alto preço da arroba e o baixo preço do dólar.
    Se compararmos a industria frigorífica com qualquer outra industria, veremos que existe um verdadeiro abismo entre elas.
    Todos sabemos que carne é um alimento nobre, que carne serve de chamariz, nas grandes redes varejistas.
    Estamos acostumados a ser abordados por promotores nos grandes supermercados para nos oferecer de cafezinho a iogurte,etc.
    Mas de carne isto não existe.
    Não existe, pois eles não podem correr o risco de oferecer uma degustação de carne ruim, pois não garantem padrão.
    Compare com a industria do frango, alem é claro de padrão de qualidade, eles tem um gama enorme de produtos a oferecer( e o boi somente o hamburguer), e marketing eficiente.
    O nosso boi de hj é o frango de 30 anos atrás, criamos o boi caipira e vamos chegar no boi de granja.
    Integrado com a industria que saberá agregar valor a carne e remunerará melhor aqueles que fizerem a carne que eles se comprometeram a vender para um consumidor que eles ensinaram a ficar exigentes.
    E quanto mais consumidores exigentes, maior necessidade da industria por fornecedores de produtos de qualidade superior.
    Seja realmente uma carne Gourmet ou seja uma carne light, existe espaço para os dois, o que não deveria mais existir é a falta de compromisso da industria em vender sem padrão algum deixando o consumidor a sorte de comprar bem ou não uma carne.
    Quando carne tiver padrao, quando carne tiver marca,quando nao existiir mais esta bobagem de carne de primeira e carne de segunda, quando os nomes dos cortes tiverem nomes vendaveis, quando a industrai se comunicar com o consumidor.
    Tudo pra tras muda, revolucionamos a pecuaria.

  2. Luiz Rodolfo Riccelli Galante disse:

    Miguel,

    O Brasil ainda se divide entre alguns ricos e muitos pobres, num contraste econômico e cultural enorme. Não é em tudo que concordo com você em seu artigo, mas a idéia aqui é boa. Por exemplo, atributos de qualidade podem variar muito. O que adianta uma carne saborosa, mas seca ou dura? Existem inúmeros trabalhos publicados que apontam ´maciez´ como o principal atributo… cada povo com a sua preferência.
    Infelizmente, milhões de pessoas ainda compram aquilo que conseguem. Mal comparando com o vinho que você fez a analogia, tem gente que não pode escolher tipo de uva (nem sabem o que é isso), tem que tomar vinho de garrafão e olhe lá.
    Nós que somos formados na área e trabalhamos com carne faz tempo, nos perguntamos – porque um sistema de classificação de carne, como nos EUA, nunca foi implantado por aqui? No meu ponto de vista: porque o mercado nunca exigiu qualidade, porque qualidade tem preço, porque os frigoríficos nunca viram vantagem competitiva nisso, porque não existe uma relação saudável na cadeia produtiva, entre tantas coisas. O brasileiro classe C, D e E tem que comer aquilo que o dinheiro pode comprar. Em economês explica-se pela “curva de indiferença”.

    De alguns anos para cá, a partir da famosa Cota Hilton, algumas grifes surgiram, encontraram um nicho de mercado para quem percebia (pagava) por qualidade. Podemos citar a Montana, Bassi, Wessel, Maturatta, Red Angus, Bonsmara, a carne Argentina, Uruguaia, até Americana (que é muito macia, suculenta, mas meio sem gosto). Depois vieram alguns açougues-butique que embalavam a vácuo sua própria seleção de cortes, etc.

    Na carona de um artigo do Prof. Pedro de Felício no final do ano, alguns de nós até sugeriram “a busca pela melhor carne do Brasil”. Boa idéia para o Beefpoint promover!

    Será que está no Sul, será que é de novilho terminado com grão, será que é de Angus, será que é de um belo bife de ponta de contra-filé?

    É curioso, mas iríamos na contra-mão da implantação de um sistema nacional de tipificação de carcaças (imposto de baixo parar cima), para um modelo onde o mercado sinalizaria o que quer e a que preço (de cima para baixo).

  3. Juan Carlos lebrón disse:

    Caro Miguel,

    a pergunta feita no título da matéria ” Qual a melhor forma de vender carne no momento atual de mercado”,deveria vir acompanhada da resposta de outra pergunta”Qual a melhor forma de comprar carne no momento atual de mercado”.
    O ato de vender carne presupõe,dentro da cadeia da carne,um trabalho que corresponde aos integrantes a partir da industria frigorífica.
    Mais o problema inicia na compra da materia prima,boi gordo,pelos frigoríficos.
    A compra de boi gordo não preve,regra geral,por parte da industria nenhum tipo de classificação de carcaça nem bonificação por qualidade.
    A classificação da materia prima se dá dentro da indústria,direcionando as carnes segundo suas caracteristicas e qualidade a diferentes mercados.
    O problema é que se os produtores não tem estimulo para a produção de animais e carne de qualidade superior,a industria não tem previsibilidade nem padronização na produção.
    Sem previsibilidade nem padronização,não tem como garantir a fidelidade dos mercados exigentes.
    Quem paga mais por proutos de qualidade tem poder aquisitivo para tal,mais o que é mais importante,tem capacidade e clareza para distinguir produtos diferenciados.
    Portanto o consumidor de produtos de qualidade exige padronização nos produtos que compram.
    O que o produtor não pode aceitar e que a indústria trate seus clientes de produtos especiais com a distinção devida,e seus fornecedores de forma generalista.
    De pouco adiantam campanhas de estimulo de consumo de carne de qualidade superior,indústria tecnificada e produtor ignorado.
    Quanto ao gado confinado & animais acabados a pasto:
    Supondo que a idade media de abate seja de 30 meses,e um animal antes de ser confinado passou o tempo todo a pasto,e tendo que o tempo médio de um animal em confinamento é de 2,5 meses concluimos que ele viveu apenas 8 % das sua vida confinado.
    Se considerarmos ainda que na dieta de um animal confinado a maior parte é composta por produtos de origem vegetal,temos um animal criado,recriado e terminado em confinamanto praticamente tão natural quanto o de pasto.
    Destacando ainda a maior maciez,maior cobertura de gordura e a possibilidade,se estimulado,a produzir com muito maior padronização.

    Abraços Miguel e parabéns pelo artigo.

    Juan Lebrón

  4. Rodolfo Mario Langer Borsi disse:

    Estimado Miguel:
    Permítame comentar en Español pues seguramente podrán entenderme. Muy válidos todos los comentarios y opiniones y principalmente su editoral proponiendo un tema que es evidente que es “el gran tema” de aquí a muchos años por delante. Y su solución no es fácil. No trabajamos con una materia prima que de por sí puede ser toda de primera calidad, como lo es el café o la uva para el vino. Dentro de una misma res tenemos muchos cortes y estos cortes son de diferente calidad. Porque no sólo es necesario vender el filet o el contrafilé de donde obtendríamos primera calidad con relativa mayor facilidad. Y el resto de los cortes que son de segunda, tercera e incluso calidad mas baja?
    Quizás alguien tenga una idea.
    Atentamente
    Rodolfo Langer/Montevideo-Uruguay

  5. Israel Rebouças Junior disse:

    Parabéns Miguel !
    Voce foi muito feliz em seu artigo, para ilustrar o tema gostaria de exemplificar que aqui na Bahia muitos proprietários de açougues e supermercados ja possuem sua equipe de compra de gado para terem um padrão em sua mercadoria, já que os frigoríficos são apenas prestadores de serviços.
    Atenciosamente
    Israel Rebouças

  6. Carlos Magno Frederico disse:

    Prezado Miguel,

    Muito oportuno o seu artigo e me permita fazer alguns comentários. Como consumidor, como trader, ex-gerente da indústria frigorífica, consultor de empresas e professor universitário nas cadeiras de comércio exterior e propaganda e marketing, afirmo com conhecimento de causa de que falta no mercado da carne bovina técnicas de marketing ( Promoção, Branding, Valor Agregado, Valor Percebido, Propaganda etc ), ou seja falta marketing. Falta Propaganda!! Veja alguns exemplos simples: Pergunte para algum amigo seu qual a marca da cerveja que foi servida no último churrasco, com certeza ele dirá com 100% de acerto a marca ou as marcas servidas. Já, se você perguntar a marca da asinha do frango servida, ele lhe dirá! Se você perguntar a marca da lingüiça, ele também lhe dirá;Porém se perguntar a marca da carne ele ficará na dúvida. Falo isso, pois passei 6 meses fazendo este tipo de pergunta para meus alunos na universidade e todos se lembravam da marca da cerveja, do frango e da lingüiça mas na hora de responder sobre a marca da picanha, não tinham a certeza absoluta. Fica aí minha pergunta: Alguém já viu com consistência, continuidade e freqüência outdoor de marca de carne ou propaganda em revistas, jingles ou spots de rádio ou comerciais de TV igual se vê “Beba Coca-Cola” em tudo o quanto é lugar? Propaganda foi, é e será há alma de muitos negócios, inclusive carne, haja vista o famoso ” S ” de Sadia! Para reflexão!

  7. Domingos Pires da Silva disse:

    Miguel,
    Concordo com o seu artigo ,mas prefiro referir-me ao comentário do Sr.Juan Carlos Iebrón que fala sobre qualidade.
    Sou pecuarista,faço ciclo completo (cria,recria e engorda) e até hoje nunca recebi uma visita de quaquer reprentante de frigorífico solicitando que eu produza determinado tipo de animal para atender a determinadas exigências do consumidor.
    É claro,que em contrapartida ,iria solicitar uma melhor remuneração,mas infelizmente o que vemos é um nivelamento por baixo,pois se mando um lote de novilhas com 2 anos pesando 12-13 @ ,me pagam o mesmo de vaca velha.
    Está de parabéns o Sr.Juan Carlos Iebrón,com o seu comentário quando fala em qualidade.
    Um
    Abraço
    Domingos Pires

  8. Evándro d. Sàmtos. disse:

    Olá Miguel,

    O tema é muito bom e cabe bastante discussão,e isso é maravilhoso!

    Mas vamos por parte.

    1) Temos que dar razão,em parte,ao senhor Lebrón,ressalvas apenas no confinamento. – que já é uma realidade nova no Brasil,afinal,nossas terras valorizarão,e estão se valorizando a cada dia – O confinamento precisa ser acompanhado de perto pelos órgãos competentes para que,de maneira alguma,um ou outro se utilize de cama de frango,para que o grão do algodão seja devidamente utilizado,para que praticas depressivas e vilipendiosas não sejam utilizadas,e se acaso alguém se utilizar de tais praticas que seja exemplarmente punido,com o mais severo rigor das leis possíveis.

    2) Mais uma vez as indústrias são,de fato,os maiores vilões.Neste caso dividindo parte deste ônus com alguns clientes,sobre tudo,supermercadistas.

    A indústria é comoditista por natureza e ranço.Porque a base é commoditie,porque o empresário do setor (felizmente novos empresários de outros seguimentos já se fazem presente em nosso setor,trazendo novas idéias e mudanças,e também novas gerações já fazem a gestão de antigos frigoríficos),muitos ainda têm a cabeça do açougueiro.

    Na cabeça de muitos destes senhores a compra dos animais ainda é mais importante do que a venda.Ou seja,ele programa a compra sem se preocupar em ter a venda programada…a carne vira leilão.

    3) O supermercadista tem culpa também,porque poucos entendem que o consumidor assim como eles,compradores e empresários do ramo,também gostam do melhor,principalmente em se tratando de alimento,e se é produto é nobre mais ainda.

    4) Discordo,em parte,do senhor Lebrón,no que ele diz em relação a preço.Ele pensa que o preço da “Bica corrida” é alto nos pontos de vendas dos supermercados,e é…!

    Mais observe a desinteligência do supermercadista: Ele compra “bica corrida” (boi novo,velho,inteiro,castrado,pesado,magro,novilha pesada,leve,vaca pesada,boa,leve,magra,salameira,búfalos,e ai vai…).E depois queixa-se que as perdas do açougue são muito grandes,que não sabem ao certo se têm lucro,se empatam,ou se perdem com este setor.

    Quanto maior as perdas neste setor,mais fácil fica para que pessoas mal intencionadas possam fazer seus caixas paralelos,pode-se por exemplo pesar filé mignon ou picanha e colar na embalagem etiqueta de músculo ou de capa de filé.

    Percebem a que ponto se pode chegar?!

    E a satisfação do consumidor quando compra (sem ter opção a uma carne desta),qual é?!

    Já pararam para pensar nisso?

    5) Com uma carne mais ética o supermercadista nem sequer precisaria aumentar os seus preços de vendas.

    O rendimento das carnes “Bica Corrida” são da ordem de 76 a 78% do peso das carcaças,quando uma carne ética deveria ter entre 70 e no máximo 73% de rendimento sobre o peso da carcaça.

    Os supermercadistas reputam entre 30 e 100% de margens sobre os valores de face das notas fiscais por corte.Sendo que 15 a 20% são perdas que os supermercadistas incluem em suas margens.70% destas perdas é limpeza,5% de perdas com exudação e 25% de perdas diversas.

    Ou seja,com uma carne mais ética as perdas poderiam ser derrubadas para algo em torno de 10%.Se houver boa prestação de serviços e treinamentos para os manipuladores,além de assistência a gestão,estas perdas podem ser reduzidas a apenas 3%.

    Não é difícil,apenas precisa vontade,precisa ter os intermediários comerciais,industriais,e de garantia da qualidade agindo certo e comprometidamente,e que o empresário queria,de fato,parar de perder dinheiro bom em praticas industriais e comerciais ruins,depreciativas,e desestimulantes.

    Se é para operar como sempre antes,sugiro a estes empresários que mudem de ramo,vela nova a quem nasce,não a defunto velho,que já nem mais sangra!

    6) Mais ridículo ainda é querer operar com carnes com osso.

    As operações com cortes primários deixam,quando a operação é absolutamente perfeita e o mercado é comprador 3,4% de margem antes do imposto de renda.

    Isso é bom?!

    7) Alimentos de maneira geral estão apreciados,e tendem a continuar assim,a demanda é muito grande.E justo por isso o feijão de papel,o arroz de papel,o leite de papel,e as carnes (proteínas) de papel também estão sobre valorizadas,esta é uma situação mundial,sem tendências de mudanças ou equilíbrio a curto prazo.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  9. CARLOS VIANA OLMOS disse:

    Parabéns Miguel

    Seu artigo proporcionou um verdadeiro Forum de debates, pelas interpretações e esclarecimentos apresentados.
    Cabe-nos reflexão e mais união entre produtores para encontrarmos o melhor caminho no andamento do nosso negócio.
    Parabenizo a todos os que opinaram. Foram esclarecimentos de grande valia.

    Um abraço

    Carlos Viana Olmos

  10. Bernardo Pötter disse:

    Caro Miguel,

    Parabéns pelo artigo, lúcido e oportuno como sempre.
    É exatamente o que precisamos, “descomoditizar” a carne para determinados nichos de mercado e continuar abastecendo os tradicionais mercados, abrir novos mercados sem deixar nunca desabastecido o mercado interno. Só o Brasil pode conseguir isso no curto-médio prazo.

    Grande abraço

  11. Marlene Esteves Peres Marino disse:

    Caro Miguel,entre tantas questoes,me encontro em um dilema que foi de encontro com outra reportagem,castrar ou não castrar?Hoje a maneira ue recrio e engordo pode se dizer que é artesanal,continuo castrando e espero o boi realmente ter acabamento,so que para os frigorificos o boi tem omesmo valor que o não castrado,com o couro todo marcado,sem acabamento.Cansei de ter visita de representante de frigorifico que quando ve as nossas boiadas ficam interessados e prometem que vai haver uma valorizaçao do boi castrado que é sem sombra de duvida muito mais saboroso,menos estressado.Continuo na esperança que um dia tudo isso vai ter valor.um abraço M arlene eng agronoma nova crixas- go

  12. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Acho que o mercado interno tem evoluido, ainda que tenhamos muito a avançar.

    O nosso parque industrial frigorífico atualmente é um dos melhores do mundo. A comercialização de carne com osso pelos frigoríficos (quartos) e o abate clandestino vem diminuindo ano a ano. A evolução genética do rebanho nacional é inegável. Os avanços tecnológicos no trato sanitário e alimentar idem.

    Mas a construção de marcas nacionais exigem investimentos só compatíveis com grandes industrias e o processo de concentração no setor ainda é muito recente.

    E existem vários caminhos possíveis na construção de marcas fortes. Marketing não é só propaganda. É também logistica de distribuição, é padronização de processos e produtos, é verticalização de cadeias produtivas, etc, etc, etc.

    Sou um otimista e acredito que estejamos na direção certa. Se o ritmo de avanço na direção de produtos de maior qualidade não é o desejado provavelmente é porque uma parcela grande da população ainda tenha restrições orçamentárias para arcar com os custos adicionais que a qualidade normalmente exige. Mas creio que com a melhora da renda o nível de exigência cresça naturalmente.

  13. carlos massotti disse:

    o tema em si…qual a melhor forma de vender carne (bovina) no momento atual de mercado….é de uma certa forma muito generico – Nao existe uma melhor foma de vender carne bovina….. pois no mercado brasileiro temos inumeros segmentos no mercado consumidorl – exemplo se voce for pensar em fazer um churrascao de sucesso garantido em sua casa ,voce vai pensar primeiramente em comprar a melhor picanha – aí voce vai comprar a picanha argentina , que apesar de cara, nao tem erro quanto a maciez e sabor – segunda opcao talvez a picanha uruguaya – terceira as picanhas nacionais de marca tipo Montana,Bassi,Wessel,Maturatta,Red Angus etc como bem mencionou o Luiz Rodolfo no artigo acima de 28/1 – complementada talvez por alguma maminha, costela desossada etc tambem destas griffes pois tem uma qualidade aceitavel e nao farao voce passar vergonha com seus convidados-

    para consumo diario em sua casa no almoco jantar etc bifes de filet mignon ou ponta de contra filet (tambem chamada de file de costela ou noix d`entrecot –
    esta faixa da populacao com algum conhecimento de carne procura acima de tudo qualidade com precos justos -mas apesar de estar aumentando este tipo de consumo , ainda ,inegavelmente, uma pequena parcela de nossa populacao….

    O grande consumo de massa no Brasil nao conhece muito (ou quase nada) de carne e nao se importa muito com a qualidade e sim com o PRECO – aí entram os bifes de contra filet/patinho/coxao mole/alcatra -carnes de panela tipo coxao duro/lagarto/musculo/e alguns cortes de dianteiro tipo paleta peixinho acem -BASICAMENTE COMPRADOS PELO PRECO nao importando a qualidade pois a forma de preparo pelo habito alimentar do brasileiro acaba tenderizando a carne ,seja pela batida do famoso martelo no bife ou pela coccao em panela de pressao…nao nos esquecamos de que o brasileiro come algo com carne…nao a carne com algo como na argentina ou uruguay – e mudanca de habito alimentar leva geracoes…se é que isto acontece…

    Muito bem entao minha opiniao é de que NADA NO MERCADO VAI MUDAR EM UM FUTURO PROXIMO – pois o grande consumo está os 120 ou 130 ou 150…qto será? milhoes de brasileiros que tem este habito alimentar -mesmo com o inegavel aumento de renda do povo, a base da piramide vai continuar consumindo o que chamo de CONSUMO DE MASSA conforme explanei acima – 0 Brasil nao é e nunca vai ser um pais carnivoro como a Argentina ou uruguay ou outros grandes consumidores de carne em funcao do nosso proprio habito alimentar – comemos arroz feijao massa salada etc com carne nunca carne com alguma coisa repito…alem das opcoes de proteina animal que temos no mercado – frango suino pescado etc –

    e quando digo nada no mercado vai mudar aí incluem-se logicamente o modo de ser e agir da industria e dos produtores de materia prima (eterno conflito!!) – pois quem manda é o consumo e este me parece se recusa a aceitar mudancas muito drasticas – talvez com o tempo isto possa acontecer…mas que vai demorar ah vai….

  14. JOÃO BATISTA DE PAULA CARDOSO disse:

    Bela reportagem. Maravilhosos e interessantes comentários. O que precisamos, a priori, é de qualidade. Não vender carnes injetadas, cheias de aguas, como fazem alguns frigoríficos. Melhoria da qualidade é item fundamental, para que o consumidor não seja ludibriado financeiramente e em seu paladar. Que carne tenha gosto de carne e não de proteína de soja. Abraços ao articulista.

  15. Fernando Martinelli Vitro disse:

    A assunto abordado é muito interessante. Posso garantir aos leitores que já existe no mercado uma empresa produzindo “carnes” com os padrões citados.
    Hoje a marca de carne Big Novilho Precoce e Big Boi premiam os produtores que oferecem carcaças de melhor qualidade (Novilho Precoce e animal jovem de até 30 meses)um incentivo que chega até 5%. No seu portifólio de produtos existem cortes diferenciados como: Cube Roll, Beef do chorizo, Sholder center, T´bone, etc, todos produzidos para se tornarem marcas e sairem da vala comum, esta empresa está invadindo com sucesso o estado do Paraná e de São Paulo, e consumidores exigentes já estão reconhecendo a diferença e pagando um plus para ter o prazer de saborear um produto superior. Acredito que o futuro da “carne” será proporcionar produtos de melhor qualidade, cortes diferenciados e porcionados conforme a necessidade dos clientes. Esse tem sido o diferencial de nossa empresa e o motivo do grande crescimento que estamos tendo

  16. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Miguel,

    Parabens pela matéria que abriu a porta para que podemos quebrar a paradigma de venda de carne in natura, resfriado e congelado do jeito que está sendo feito hoje tanto para o mercado interno como de exportação.

    A grande pergunta é será que estamos fazendo o melhor uso da materia prima que entre nos frigorificos ou precisamos nos aproximar mais para as sistemas de Nestlé, Cargill e Bunge que tem em comum a transformação da materia prima em produtos com valor agregado.

    Já fizemos um estudo sobre todo que entre e sai dos frigorificos, e o que acontece por exemplo quando podemos aumentar o rendimento alimentar da carne e seus derivados atraves de transformação podendo assim trabalhar com um preço unitario maior mas com um custo de consumo diaria menor para o consumidor?
    Se eu faço extrato de carne de todo que poder o que temos em termos de produtos quais podem ser produzidos a partir do extrato?

    O que que acontece quando a unica carne in matura a venda será um corte para churrasco que é gostoso e barata para produzir e permite agregar valor na hora de vender!

    Tem muito serviço a ser feito nas industrias!

    Um abraço,
    Louis.

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