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Quais fatores podem afetar a qualidade da mistura de ração total? Como avaliar a homogeneidade da mistura de ração total?

José Henrique Karsburg

José Henrique Karsburg – Zootecnista, Msc. – CASALE Equipamentos Ltda.

Para se obter excelente resultado com o confinamento de bovinos é primordial que o pecuarista invista em bons equipamentos para processar a alimentação servida aos animais.

Muitas vezes, só é possível utilizar determinados resíduos agrícolas de baixo custo, como componentes de ração total, se o confinador dispuser de uma misturadora que promova uma mistura perfeitamente homogênea, isto porque, certos resíduos são pouco palatáveis, e se não forem bem misturados aos demais componentes da dieta, poderão ser refugados pelos animais, dessa forma não haverá a ingestão suficiente de todos os componentes para atender suas necessidades nutricionais. Animais servidos com ração total não podem selecionar componentes da mistura e isto faz com que, em cada bocada, se alimentem com todos os nutrientes necessários a atingir o ganho de peso esperado pelo nutricionista e ao mesmo tempo com o menor custo.

Alcançar a uniformidade da dieta e relativamente simples. Normalmente, um marcador é adicionado a ração em certa quantidade, que pode fazer parte dos componentes da dieta (ex. proteína, cálcio, NNP ou sal) ou uma substância adicionada especificamente para medir a uniformidade da ração (ex. fragmentos de ferro coloridos ou tingidos de ferro). Na verdade o marcador deve ser um componente que pode ser detectado de forma acurada. Seguido da colheita e análise das varias amostras deve-se calcular o coeficiente de variação (CV). O CV é uma medida estatística usada para descrever a variação que ocorre entre uma série de observações. O CV é calculado expressando o desvio padrão dos dados como porcentagem de suas medias ex. (DP/média)*100. Quando os CV tornam-se menores, a uniformidade da ração torna-se maior, porque ocorre menor variabilidade. É aceito que CVs menores que 10% representam uma boa mistura, enquanto que CVs maiores de 20% representam preocupação.

Muitos estudos tem sido publicados documentando a variabilidade dos misturadores comerciais disponíveis. Wicker & Poole (1991), demonstraram que em 100 misturadores testados aproximadamente 51% tiveram CVs menores que 10% enquanto 19% dos misturadores tiveram CVs maiores que 20%. Dos 153 misturadores testados por Vogel (2000) em confinamentos comerciais, indicaram CVs médios de 9,5%. Neste estudo, 66% dos equipamentos apresentaram CVs menores que 10% enquanto 31% apresentaram CV entre 10 e 20% Somente 3% dos equipamentos demonstraram baixa capacidade de mistura com Cvs acima de 20%. Isto indica que a maioria dos misturadores apresenta aceitáveis índices de eficiência. Todavia quando os estudos demonstram resultados abaixo do esperado, é porque existem muitas áreas ainda a serem investigadas para testar e determinar as causas dos resultados negativos.

Fatores que afetam a uniformidade da ração

– Tempo impróprio de mistura:

Rotineiramente nos deparamos com a produção da mistura em fazendas em tempo inferior ao recomendado. Os resultados confirmam o impacto negativo da produção de misturas com tempo inadequado, uma vez que pode onerar ate 1% o custo total da produção animal.

Misturadores variam grandemente em relação aos tempos de mistura. Wicker & Poole (1991) determinaram que o tempo inadequado de mistura é a primeira razão para baixos resultados de uniformidade das dietas. O fabricante do equipamento deve ser contatado para determinar o tempo certo de mistura dos ingredientes da ração.

– Misturador sobrecarregado:

Entre as praticas que também prejudicam a qualidade da mistura, e assim como o tempo são responsáveis por uma menor uniformidade dos nutrientes da ração que pode ocorrer durante o processo de mistura, é sobrecarregar a capacidade do misturador.

Sobrecarregar o equipamento além de sua capacidade efetiva causa problemas como, por exemplo, cria pontos mortos de ingredientes que consequentemente não são incorporados uniformemente na ração.

A capacidade de carga dos equipamentos é calculada em m3 (metros cúbicos), isto porque a densidade especifica de cada ingrediente é variável ex: 1 m3 silagem de capim tem peso diferente de 1 m3 silagem de sorgo, portanto pecuarista deve levar em consideração a capacidade de carga de seu vagão misturador para garantir a qualidade da mistura e maior durabilidade ao equipamento, já que o carregamento acima da capacidade ideal limita a vida útil do misturador.

– Desgaste e quebra ou o ajuste impróprio do equipamento:

Geralmente pouca atenção é dada ao fato de que o desgaste, a quebra ou o ajuste impróprio da maquina podem afetar a uniformidade da ração oferecida. Quando o equipamento esta em desgaste ou com problemas, a eficiência da mistura é diminuída. Wagner & Pritchard (1993) comparou diferentes vagões misturadores para determinar o espaço de tempo adequado requerido para mistura de duas dietas, uma de crescimento e outra de terminação. Os pesquisadores concluíram que em baixas condições do eixo helicoidal da maquina, esta precisava de 8 minutos para misturar ambas as dietas enquanto que em boas condições o equipamento misturava adequadamente os alimentos em 4 a 6 minutos.

– Acúmulo de ingredientes nas maquinas:

Devido ao uso em quantidades significativas de gorduras, melaço e/ou aditivos líquidos pode ocorrer o acumulo de alimentos nas hélices, nas paredes e nas portas do misturador. O acumulo ira diminuir com a eficiência do misturador. Swingle (1996) relatou resultados de uma serie de estudos conduzidos em uma propriedade comercial onde o acumulo de ingredientes era muito comum. Dentro de quatro batidas de ração onde existia acumulo, verificou-se que os CVs eram 5%, 36%, 24% e 14% A concentração de ionóforo das quatro batidas foram 92, 80, 133 e 88%. Depois da limpeza, os CVs do misturador foram 17, 5, 3 e 3%, enquanto que a concentração do ionóforo foi 101,101,100 e 108% , respectivamente.

– Erros de pesagem:

Erros de pesagem podem também criar problemas na uniformidade da ração. Yates & Parks (2000), depois de revisarem alguns estudos examinando misturadores, encontraram que a capacidade e precisão das pesagens variavam entre os diversos lugares. Atualmente as balanças usadas na grande maioria dos equipamentos possuem boa precisão, entretanto algumas medidas podem ser utilizadas para melhorar a acurácia das pesagens. Ex: Pesar o concentrado com o equipamento desligado, depois carregar o volumoso com a máquina em funcionamento. Verificar, com freqüência, se a balança apresenta oscilação, fazer a calibragem da balança com um peso conhecido (ex: alguma coisa que pese 400 Kg), verificar se a fiação, que liga o visor ate as células de carga estão integras. É aceitável uma variação de até 4%, variações maiores influenciam negativamente na qualidade da dieta.

– Sequência imprópria dos ingredientes:

A sequência adequada de nutrientes pode afetar a uniformidade da dieta. Fazer pequenas mudanças na ordem dos ingredientes pode muitas vezes melhorar a uniformidade da ração. Por exemplo, a adição de melaço, gordura e/ou aditivos líquidos imediatamente depois da adição dos grãos pode fornecer uma melhor distribuição dentro do vagão misturador do que adicionar estes ingredientes no final depois das forragens terem sido adicionadas a mistura. O fabricante do equipamento deve ser contatado para determinar se uma ordem especifica de ingredientes deve ser utilizada.

– Heterogeneidade da ração:

A segregação dentro da dieta pode muitas vezes acontecer quando um ou mais nutrientes se separam do resto da ração. A segregação pode ocorrer em diversas partes enquanto a ração estiver sendo misturada. Wilcox & Balding (1976) listaram o tamanho da partícula, a forma, a densidade, a carga eletrostática, higroscopicidade, habilidade de fluxo dos ingredientes, como características que podem ter um impacto importante nos índices de uniformidade das dietas.

Assim, o tamanho das partículas é considerado o fator mais importante.

– Amostras impróprias:

Amostragem imprópria pode criar um confundimento de má mistura. A amostragem imprópria da ração pode ser atribuída pelo tempo de colheita e a técnica usada. Por exemplo, os animais tendem a selecionar os alimentos uma vez que eles foram distribuídos nos cochos. Por esta razão, é recomendado que todas as amostras sejam coletadas imediatamente após a distribuição, mas antes que os animais tenham a chance de começarem a comer. Quando as amostras forem então colhidas, é recomendado que se retire amostras da parte inferior do vagão distribuidor com a ajuda de um garfo ou com as mãos em forma de conchas. Quando se conduzem estudos sobre uniformidade de dietas, aproximadamente cinco amostras individuais devem ser colhidas em intervalos regulares de tempo ao longo dos cochos de alimentação (Vogel, 2000).

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