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Protocolos para receptoras de embrião I: indução de folículos persistentes

O custo da manutenção das receptoras de embrião dentro de um programa de superovulação e transferência de embriões é alto. Deste modo, é de suma importância a correta utilização de protocolos hormonais que maximizam o aproveitamento e melhoram a taxa de concepção em receptoras de embrião. Assim, serão apresentados dados de algumas pesquisas nacionais e internacionais a respeito deste tópico.

O custo da manutenção das receptoras de embrião dentro de um programa de superovulação e transferência de embriões é alto. Deste modo, é de suma importância a correta utilização de protocolos hormonais que maximizam o aproveitamento e melhoram a taxa de concepção em receptoras de embrião. Assim, serão apresentados dados de algumas pesquisas nacionais e internacionais a respeito deste tópico. Obviamente, não podemos esquecer de outros fatores como o manejo sanitário e nutricional, que podem limitar a eficiêcia do sistêma de produção – mesmo com o uso adequado de protocolos hormonais.

Portanto, neste mês será apresentado os efeitos da utilização de protocolos hormonais que induzem a formação de folículos persistentes na taxa de concepção de novilhas (Bos indicus x Bos taurus) receptoras de embrião (Montovani et al., 2005). O fundamento da idéia original era de que em receptoras de embrião, a qualidade do oócito da própria receptora que se encontra dentro do folículo persistente não é importante, pois um novo embrião (o embrião coletado das vacas doadoras) será colocado dentro do útero das receptoras ao redor de 7 dias após a ovulação. Deste modo, com a formação destes folículos persistentes (de maior diâmetro) nas receptoras, ocorreria a formação de um corpo lúteo (CL) de maior tamanho e, consequentemente, com maior capacidade esteroidogênica.

O referido artigo utilizou um grande número de receptoras (n=278) que receberam protocolos baseados em dispositivos intravaginais de progesterona e estradiol para controlar a emergência da onda folicular. Em um dos tratamentos o dispositivo intravaginal foi mantido por 8 dias e nos outros 3 tratamentos o tempo de inserção do dispositivo foi prolongado (total de 14 dias) e injeções de prostaglandina (PGF) foram utilizadas com o intuito de induzir a formação de um folículo persistente.

Todos os tratamentos com o uso prolongado do dispositivo de P4 associado às injeções de PGF foram efetivos na formação de um folículo persistente de maior diâmetro (~10,5mm vs. ~8mm). Da mesma forma, o tamanho do CL formado (~2,3 cm2 vs. ~1,9cm2) e a concentração de P4 circulante no dia da transferência (~3,5ng/mL vs. ~2,3ng/mL) foram maiores nos grupos experimentais que induziram a formação de folículos persistentes.

Isto refletiu em melhores taxas de aproveitamento das receptoras (~70% vs. ~50%). Porém, ao contrário do esperado, as taxas de concepção foram inferiores nos protocolos que induziram a formação de folículos persistentes (~40% vs. ~60%) comparado ao grupo controle. Diante destes resultados, os autores relataram que estes resultados de baixa taxa de concepção em podem, provavelmente, ser devido ao longo tempo de exposição do trato uterino aos altos níveis de estradiol (oriundos do folículo persistente) e aos baixos níveis de P4 que pode estar alterando o ambiente uterino. Em conclusão, a estratégia da formação de folículos persistentes em protocolos de sincronização para receptoras de embrião produziram menores taxas de concepção. Mais experimentos são necessários para verificar a repetibilidade e o mecanismos fisiológico destes resultados.

Referência bibliográfica

Montovani AP, Reis EL, Gacek F, Bó GA, Binelli M, Baruselli PS. 2005. Prolonged use of progesterona-releasing device (CIDR®) for induction of persistent follicles in bovine embryo transfer recipients. Animal Reproduction 4;272-277.

0 Comments

  1. Ewerton disse:

    Parabéns pelo artigo.

    Dr Souza eu queria te perguntar o seguinte: precisaria, pelo aumento da produção de E2 pelo maior folículo, ter que mudar também o horário da inovulação dos embriões, pois a maior concentração de E2 resultaria, quando houvesse o decréscimo, de P4 numa elevação mais rápida do E2. Ou essa quantia que aumenta não tem ligação com o tempo de elevar a concentração?

    Obrigado.

    Resposta do autor:

    Caro Ewerton,

    Na verdade as causas fisiológicas para a menor prenhez para estes animais onde foi induzido a ovulação de folículos persistentes não é bem conhecida. É provável que os animais ovularam um pouco mais cedo devido a presença de folículos maiores no momento da remoção dos dispositivos. Mas um outro ponto a ser estudado é o efeito destes altos níveis de estradiol por longos períodos sobre o ambiente uterino. Temos muito caminho a percorrer para entender estes aspectos fisiológicos.

    Um abraço,
    Alexandre Souza

  2. Ataliba Perina Bueno disse:

    Um folículo persistente libera alta concentração de estradiol, quando o E2 chega no endométrio faz com que receptores de ocitocina se ligue a ocitocina, promovendo a liberação de PGF pelo útero, consequentemente a luteólise e queda da progesterona, levando a baixas taxas de concepção.

    Qual estratégia a ser tomada para se evitar, que o trato uterino fique exposto, por longo tempo aos altos níveis de estradiol liberados pelo folículo persistente?

    Obrigado.

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