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Projeto do Inmet desafia incertezas climáticas

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), vinculado ao Ministério da Agricultura, quer implementar até 2022 uma rede de sensores e estruturas meteorológicas, públicas e/ou privadas, conectadas entre si e distribuídas em cada município do país com mais de 5 mil habitantes. O objetivo é melhorar a eficiência das análises e previsões microclimáticas voltadas ao campo e usar os dados em novos produtos e serviços capazes, principalmente, de mitigar riscos na produção agropecuária, sem custo para produtores e empresas.

Segundo os planos do Inmet, esse novo sistema, integrado a outras bases de dados do governo e de companhias privadas, poderá analisar quebras de safra e comparar os desempenhos das lavouras com os de até cinco anos anteriores. A promessa é que o acompanhamento das variações climáticas seja em tempo real e que o instituto consiga prever fenômenos adversos com maior antecedência.

Essas ações fazem parte do novo plano estratégico do instituto, apresentado há alguns dias à ministra da Agricultura, Tereza Cristina – e obtido com exclusividade pelo Valor. Segundo uma fonte, o órgão, que completa 111 anos em 2021, quer modernizar sua estrutura e aposta em parcerias com a iniciativa privada para “monetizar as suas informações e ser uma instituição de valor, além de agregar mais valor à produção agropecuária brasileira”. Uma das parcerias, prestes a ser concretizada, será com a B3, afirmou a fonte, sem dar detalhes.

O projeto principal voltado ao agro, já em andamento, foi batizado de Serviço de Informação Meteorológica (SIM INMET). Os dados coletados deverão alimentar uma plataforma com indicadores para os seguros rurais paramétricos, modalidade que começará a receber subvenção federal este ano e ainda é pouco difundida no Brasil. Nesse tipo de seguro não é necessário haver um dano físico nas propriedades do segurado, que poderá ser ressarcido caso tenha problemas por não terem sido alcançados índices estabelecidos em contrato, como quantidade de chuva, velocidade do vento ou milímetros de chuva, entre outros.

A ideia é que esses índices sejam fornecidos pelo Inmet, com o histórico de cada item por microrregião. Como a checagem não dependerá de vistorias presenciais, a exemplo do que é feito nas modalidades tradicionais de seguro rural, “os custos serão bem mais baixos”, diz um trecho do documento. A checagem será feita exclusivamente por meio do acesso aos dados do instituto.

Para montar o sistema de apuração microclimática e ampliar sua atual estrutura tecnológica, o Inmet deverá contar com a indicação de emendas parlamentares para bancar a compra dos equipamentos, já que uma das críticas feitas no documento do órgão é o baixo orçamento. A dotação orçamentária em 2020 foi de R$ 30,5 milhões, menor valor em dez anos. Em 2011, eram R$ 40 milhões. Em 2018, o instituto teve R$ 59,4, maior volume de recursos na década. Os recursos para salários não integram esse montante.

O SIM INMET quer ainda integrar todas as bases de dados de previsões e clima, como os do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). A meta também é melhorar a previsão climática com dados de precipitação, vento, umidade e temperatura monitorados em tempo real por meio de uma rede unificada de sensores de calibração padrão, da combinação de elementos de meteorologia dinâmica e da compreensão da atuação das massas de ar e da dinâmica dos ventos.

O Inmet também pretende consolidar o processamento e a disponibilização da previsão de tempo para até dez dias, e a previsão do clima para até seis meses. Para isso, precisa concluir a instalação e a operação do módulo climático do modelo COSMO (Consortium for Small-scale Modeling). Apesar de ser um ponto forte do Inmet, o monitoramento do tempo ainda necessita de investimentos e melhorias, expõe o plano.

“A rede de observação de superfície carece de maior densidade espacial em várias áreas de risco no território nacional. Carece, também, de maior frequência nas observações em casos específicos. Em menor dimensão, isso se aplica ainda à rede de altitude. É importante, também, que se viabilizem recursos humanos e financeiros para que a manutenção dessas redes seja assegurada e sistematicamente aprimorada”, aponta.

O documento é composto de três eixos estratégicos (integração, parcerias e mitigação de riscos climáticos), 12 objetivos e uma série de ações ao longo dos próximos dez anos. Desde o fim do ano passado, o Inmet é dirigido por Miguel Lacerda, ex-diretor do Ministério de Minas e Energia.

Fonte: Valor Econômico.

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