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Produtor quer melhorar qualidade do couro

Os pecuaristas querem obter melhor remuneração pelo couro e para isso decidiram iniciar processo de classificação do produto a partir da tipificação das carcaças. A proposta de criação de um programa nacional de qualidade foi feita pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Hoje, independentemente da qualidade, toda carcaça é vendida pelo mesmo preço.

As estimativas do setor são de que, com um programa desse porte, haja incremente de até R$ 3 na arroba, hoje vendida a R$ 42. O couro responde por 8% a 10% do valor da arroba. Calcula-se que a indústria de curtumes perde anualmente cerca de R$ 1 bilhão devido a defeitos na matéria-prima.

Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da CNA, diz que a proposta voltou às discussões após os frigoríficos goianos terem rebaixado a cotação do boi cruzado e até recusado a oferta desses animais para abate, alegando que, na desossa, não apresentam o mesmo rendimento de raças puras.

A CNA encaminhou um ofício aos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento solicitando a criação de um Plano Nacional de Tipificação da Carcaça. Para Nogueira, a cadeia produtiva poderia criar um fundo destinado a programas de melhoria da qualidade, “o produtor precisa ser melhor remunerado para cuidar do couro”.

Avaliação semelhante tem o presidente do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CCIB), Augusto Sampaio Coelho. Neste semestre as empresas querem implantar um programa de qualidade que visa conquistar mercados, serão investidos R$ 600 mil, com financiamento da Agência de Promoção de Exportações (Apex).

O setor pretende atingir US$ 1 bilhão em exportações, um crescimento de quase 15% sobre 2001. Entre os novos mercados a serem abertos este ano estão os países do Leste Europeu. “Com couro de melhor qualidade, podemos vender a mercados de calçados finos e estofamento automotivo e mobiliário”, confia Coelho.

Serão criadas cartilhas e vídeos explicativos, tanto para os frigoríficos, quanto para os pecuaristas, alertando-os para o melhor manejo da carcaça e do couro. O programa deve ser implementado, inicialmente, nas principais regiões produtoras de couro, ou seja, no Brasil Central.

A não-classificação do couro brasileiro provoca distorções no mercado internacional. Hoje, o produto nacional é qualificado como de nível médio e vale apenas 60% do valor cobrado pelo couro americano. O manejo do gado tem tanta importância na qualidade do produto que o Nordeste é tido como a região com pior couro do País. Coelho disse que isso ocorre porque há muito abate clandestino de animais naquela região. Já o Rio Grande do Sul é considerado o estado com o melhor couro do Brasil, “o gado europeu e a vegetação rasteira explicam a qualidade do produto”. Além disso, o couro de animal cruzado com europeu tem mais elasticidade.

Saindo na frente

O Mato Grosso do Sul já investe na melhoria da qualidade do couro. Em 2001, o Estado iniciou estudo da cadeia produtiva, que se encerra em maio. Estão sendo investidos R$ 2 milhões na construção e funcionamento do Centro Tecnológico do Couro, em Campo Grande, que fará pesquisas para a melhoria do produto, tanto bovino quanto de animais silvestres.

O secretário de Produção e Desenvolvimento do Mato Grosso do Sul, Moacir Kohl, afirmou que, entre as conclusões a serem apontadas pelo estudo, estão a de que os frigoríficos não remuneram pelo couro melhor qualificado nem pela melhoria no manejo, desde a marcação do animal até o transporte ao frigorífico.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint

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