As 210 fazendas visitadas pelo Rally da Pecuária, organizado pela consultoria Athenagro, apresentaram produtividade média anual de 10,75 arrobas por hectare em 2021, queda de 16% em relação ao levantamento de 2019. Porém, o número é 161% maior que a média nacional neste ano, estimada em 4,12 arrobas por hectare (4,6% menos que em 2019). A expedição do ano passado foi cancelada devido à pandemia da covid-19.
“Essa queda de produtividade não é tendência. O pacote tecnológico, inclusive, aumentou”, afirmou o diretor da Athenagro e coordenador do projeto, Maurício Nogueira, em entrevista a jornalistas. “Não há uma reversão da tendência, nem frustração”, complementou.
Nos últimos dez anos, a produtividade brasileira cresceu, em média, 2,7% ao ano, enquanto os índices apurados nas propriedades visitadas peloo rally avançaram a uma taxa mais de duas vezes maior – cerca de 5,7% ao ano.
Nogueira explicou que a alta demanda da China mudou a dinâmica do mercado nos últimos dois anos. Produtores adiantaram o abate de animais para atender aos requisitos do país asiático, que importa animais mais jovens, e isso provocou uma redução mais acelerada do rebanho disponível.
Além disso, a retenção de fêmeas para a produção de bezerros também “distorceu” os dados, pois os índices de produtividade são medidos a partir de animais vendidos para abate.
A consultoria estima que os pecuaristas brasileiros investiram R$ 13 bilhões por ano para aumentar a produtividade entre 2011 e 2020. No período de cinco anos a partir de 2021, o volume de recursos aplicados deve dobrar.
Quase 14% dos produtores consultados pela Athenagro pretendiam aumentar o confinamento neste ano. E a empresa destaca que 47,7% queriam intensificar o uso de terminação intensiva a pasto (TIP), que aplica conceitos do confinamento em animais alimentados no campo.
Raio-X dos pastos
Segundo a Athenagro, dos 152,9 milhões de hectares em uso exclusivo para pastagens pelos pecuaristas consultados, 5,9 milhões de hectares precisam de reforma, 14 milhões de hectares podem ser recuperados e 67,5 milhões de hectares vão precisar de recuperação em um prazo entre 12 e 48 meses.
A consultoria notou que os produtores estão superestimando o número de pastagens em excelentes condições, e que o percentual verificado pela empresa é de 28%. Mas há uma boa notícia, segundo Nogueira: o produtor também projeta mais áreas degradadas (8,5%) que a consultoria (4%).
De acordo com o diretor, é preciso entender o real estado do pasto para otimizar os investimentos. Ele afirma que pastagens no estágio anterior à degradação demandam metade do investimento daquelas que realmente vão precisar começar do zero.
Fonte: Valor Econômico.