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Pró-Milho RS: Estado tem condições de ampliar produção de milho em 2,7 milhões de toneladas sem acréscimo de área

Diante da possibilidade de o Rio Grande do Sul avançar em seu status sanitário para livre de aftosa sem vacinação, torna-se essencial que o Estado tenha condições de atender sozinho às necessidades das cadeias produtivas que atuam no segmento da proteína animal. O milho tem papel estratégico nesse aumento de competitividade do setor de carnes e leite, por ser o principal insumo da ração dos animais, tanto os bovinos de corte, quanto os de leite, os suínos, as aves e outros. 

A importância do cereal para a economia gaúcha e para a renda dos produtores foi o ponto central do segundo seminário do Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho (Pró-Milho RS): Produção e Produtividade de Milho, realizado na manhã desta quarta-feira (22/7), e que contou com a participação das entidades envolvidas no desenvolvimento de ações dentro do programa, instituído por meio de decreto do governo gaúcho no início deste ano. O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, acompanhou as deliberações e apresentação dos primeiros diagnósticos do programa. Além das entidades, o encontro virtual foi aberto a produtores, com uma participação que superou mais de 500 espectadores. O evento foi aberto pelo presidente da Emater-RS, Geraldo Sandri, que classificou o programa como um dos mais importantes já desenvolvidos em prol da cadeia do milho.

Uma boa notícia, que já foi possível graças à parceria do Governo do Estado com as entidades, veio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do professor do Departamento de Fitotecnia, Alencar Zanon. A partir de monitoramento a campo em diferentes pontos, com lavouras no Rio Grande do Sul nos últimos quatro anos, concluiu-se que é possível ampliar a produção de milho em 2,7 milhões de toneladas sem mexer na área agricultável. “É possível suprirmos a demanda de milho e ainda nos tornarmos superavitários desde que se observem recomendações que vão desde análises com base em clima e solos, rotação de culturas e época de semeadura”, pontuou Zanon, exemplificando ações que dependem apenas de manejo. 

 As observações a campo trouxeram números importantes que demonstram a importância do sistema de produção que priorize a rotação de culturas. O plantio de milho sobre a área com soja resulta em uma produtividade 23% maior para o cereal. O milho também é capaz de agregar ganhos à cultura mais expressiva economicamente para o Brasil: o plantio de soja sobre o milho aumenta em 8% a produtividade da oleaginosa. Esses e outros aspectos do manejo, classificados pelo estudo como ‘lacunas de produtividade’, em breve poderão ser acessados por todos os agentes da cadeia produtiva, incluindo os produtores, com a disponibilização da cartilha entitulada “Manual para lavouras com o máximo lucro”. 

Para uma cultura que em todas as suas frentes representa nada menos que 10% do PIB gaúcho, é crucial que se busquem medidas que evitem a evasão de riquezas do Estado a partir da necessidade de importação permanente do cereal para suprir as necessidades internas. “São cerca de R$ 300 milhões por ano que o Estado gasta e deixa de ganhar com o déficit histórico de milho”, destacou o diretor do Departamento de Políticas Agrícolas e Desenvolvimento Rural da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Ivan Bonetti. O déficit com o milho oscila entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de toneladas todos os anos. Em 2020, em função da quebra de 30% da produção por causa da estiagem, a lacuna entre produção e demanda chegou chegará a 2,2 milhões de toneladas. 

“Estamos prestes a evoluirmos para a condição de livre de aftosa sem vacinação, o que abrirá um mercado imenso para a nossa cadeia de proteína animal, especialmente pelos mercados asiáticos e da América do Norte. Ou seja, precisamos de mais milho para abastecimento interno”, afirmou Bonetti. Segundo o diretor da Seapdr, o desafio colocado ao Pró-Milho RS passa pela adoção de manejo adequado em algumas regiões gaúchas, aumento da área irrigada (hoje apenas 3% de todas as culturas de sequeiro no Estado fazem uso de algum sistema de irrigação), ampliação da capacidade estática de armazenagem, além da oferta de condições compatíveis de comercialização (venda antecipada, mecanismo de travamento de preços, mercado a termo, mercado futuro, contrato de opções), crédito e de seguro rural. “Todos esses fatores, juntos, vêm para reduzir o risco da cultura ao produtor rural”, afirmou. 

O diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, reforçou que a estratégia para avançar na produção e produtividade passa pela rotação de culturas, onde o sistema de produção seja a base de todo o processo não apenas no curto prazo. Já o presidente da Fecoagro, Paulo Pires, destacou a necessidade de o milho ser incluído em programa de política pública do governo. “Não sou muito a favor de subsídios, mas o milho, pela sua enorme importância para a economia gaúcha e nacional, precisa de apoio”, sustentou.

Fonte: Assessoria de Imprensa Sindilat.

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