Ajudada pelo aumento das exportações de carne bovina da Argentina à China, a Minerva Foods reduziu drasticamente o prejuízo no segundo trimestre. Entre abril e junho, a empresa brasileira teve um resultado líquido negativo de R$ 113,2 milhões. No mesmo intervalo do ano passado, a companhia havia amargado um prejuízo líquido de R$ 925,9 milhões.
Em entrevista concedida ao Valor após a divulgação do balanço, o diretor de finanças e de relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, disse que teria lucrado não fossem itens não recorrentes.
O principal foi uma despesa de cerca de R$ 40 milhões paga aos detentores de bônus da empresa para liberarem garantias atreladas à subsidiária Athena Foods. Essa liberação era fundamental para viabilizar a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da subsidiária na bolsa de Santiago (Chile). A oferta foi adiada em maio devido às condições adversas do mercado, mas segue no radar. Um opção é fazê-la em setembro, após as férias no Hemisfério Norte.
Outro fator que impediu a Minerva de lucrar foi a hiperinflação na Argentina, que provocou um impacto (sem efeito sobre o caixa da empresa) de R$ 40 milhões, segundo Ticle.
Operacionalmente, porém, os resultados da Minerva foram positivos, sobretudo fora do Brasil, defendeu Ticle. No segundo trimestre, a empresa reportou fluxo de caixa livre positivo de R$ 99,8 milhões, e o índice de alavancagem (relação entre a dívida líquida e o Ebitda) ficou estável, em 3,8 vezes.
A forte demanda da Ásia, e especialmente da China – o país asiático sofre com um surto de peste suína africana -, fez a Athena ser a principal responsável pelo faturamento. Esse movimento pode ser intensificado em agosto, com a retomada dos abates na unidade argentina de Venado Tuerto, que estava fechada.
A subsidiária, que abrange os negócios da Minerva na Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Colômbia, foi responsável por 42% da receita bruta no segundo trimestre. Os negócios de carne no Brasil, o que inclui exportações feitas a partir do país, responderam por 42%. O restante foi gerado na área de trading.
Graças à demanda aquecida da Ásia, a receita líquida da Minerva totalizou R$ 4 bilhões no segundo trimestre, um crescimento anual de 7,7%. No período, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 3%, para R$ 363,9 milhões. A margem Ebitda chegou a 9%, ante 9,5% em igual período de 2018.
A demanda da China poderia ter sido ainda mais benéfica se a Minerva tivesse maior capacidade de exportar os chineses a partir do Brasil. Segundo Ticle, apenas o frigorífico em Barretos (SP) está autorizado a exportar ao país asiático.
Para ampliar as vendas, a Minerva conta com a habilitação de mais frigoríficos, possivelmente em agosto, durante a visita da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao país. A empresa tem duas plantas na fila para a habilitação. A empresa também está otimista com a abertura da China à carne da Colômbia. Na próxima semana, o presidente colombiano, Iván Duque, estará no país asiático. A Minerva representa cerca de 70% das exportações de carne da Colômbia.
Fonte: Valor Econômico.