Mercado Físico da Vaca – 28/08/09
28 de agosto de 2009
Mercados Futuros – 31/08/09
1 de setembro de 2009

Preços em queda e oferta reduzida. O que está acontecendo neste mercado?

Esta questão tem causado muito desconforto nas previsões de mercado. Como sou produtor e oriento produtores e empresas a se posicionarem no mercado futuro, resolvi abrir alguns pontos para discussão. Como o número de contratos em aberto na BM&F está muito baixo, devido à escassez de dinheiro no mercado, podemos supor que a maioria do mercado não está travado em bolsa. Ou seja, o que está valendo é o preço no físico, e este está gerando prejuízos grandes a quem confinou e está vendendo gado agora.

Esta questão tem causado muito desconforto nas previsões de mercado. Como sou produtor e oriento produtores e empresas a se posicionarem no mercado futuro, resolvi abrir alguns pontos para discussão. Desta forma auxiliar meus colegas de produção a tomarem alguma direção nos próximos meses, uma vez que a maioria dos negócios pecuários que analisei estão tendo resultados negativos.

Como o número de contratos em aberto na BM&F está muito baixo, devido à escassez de dinheiro no mercado, podemos supor que a maioria do mercado não está travado em bolsa. Ou seja, o que está valendo é o preço no físico, e este está gerando prejuízos grandes a quem confinou e está vendendo gado agora.

Quando olhamos os dados de abate, observamos que entramos em um ciclo de queda desde 2007, onde ocorreu o pico de produção, conforme pode ser observado no Gráfico 1. Neste observamos que apesar do abate no primeiro semestre ter sido 13,1% menor que 2008, Julho e Agosto estão sendo o pico de abate de 2009.

Talvez isto seja um reflexo da retenção de animais no pasto, devido à boa condição das chuvas até o momento ou até um início de reversão do ciclo. Mas independente do sentido, estamos em um nível muito baixo de abate, menor que 2004.

Gráfico 1. Abate de bovinos

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Outro ponto que acho importante ressaltar é que de Julho de 2008 até agora, tivemos uma redução brutal na demanda. Esta foi de tal magnitude, que mesmo com as quedas significativas de abate que ocorreram desde 2007, tivemos 17,7% de queda entre o pico de preço de 2008 (R$ 96,00/@ SP) até o momento (R$ 79,00/@ SP). Ou seja, a queda na demanda mundial e nacional foi maior que a queda nos abates.

No Gráfico 2, podemos reparar que, a maioria dos países selecionados tiveram variações interanuais negativas no seu PIB. Isto demonstra que a queda na demanda foi global e significativa. E em alguns países, esta queda veio se acentuando por mais de 3 trimestres. Ou seja, estamos no pior momento de demanda e esta não se recuperará de forma rápida.

Gráfico 2. Variação Interanual do PIB 2008-2009

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A boa noticia, conforme demonstra o gráfico 3, é que no segundo trimestre de 2009, as variações começaram a ser positivas sobre o trimestre anterior, indicando que podemos estar saindo do “fundo do poço”. E em alguns casos, esta recuperação tem sido melhor que a esperada. Porém, é importante alertar que estamos saindo do “fundo do poço” e que, algumas economias que são representativas na demanda mundial, ainda apresentam variações negativas, apesar de terem desacelerado.

Gráfico 3. Variação trimestral do PIB

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Agora chegamos a duas questões de importante reflexão:

1. Como todas estas informações irão influenciar a pecuária?

2. O que podemos fazer para reduzir o nosso risco?

A primeira questão foi respondida parcialmente na primeira parte do texto. Ou seja, estamos ofertando mais do que a demanda está consumindo. E que, estamos começando a sair do “fundo do poço”, mas não sabemos se a demanda chegará a tempo de salvar os confinamentos deste ano.

Mas, se olharmos um pouco mais à frente, talvez possamos abrir algumas janelas de oportunidades. O Gráfico 4, nos mostra que o mundo em 2010 estará melhor. A maioria das projeções de crescimento para o PIB Brasileiro indica um crescimento de 4% a 5% para o ano que vem.

Gráfico 4. Dados Macroeconômicos do Brasil e do Mundo (Dados do WEO e média das projeções do mercado, Elaboração Aliança Pecuarista)

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O mundo estará entrando em processo de crescimento, onde as projeções variam de 1,5% a 3,5% de crescimento do PIB Mundial. Os nossos principais importadores estarão voltando a apresentar crescimento. O dólar terá uma variação menor.

Ao olharmos dados do setor, Gráfico 5, observamos que as pressões deste ano ainda continuam elevadas, mas “podem(?)” melhorar até o final do ano.

A grande questão é “Será que ainda dá tempo de salvarmos os confinamentos e ou a produção deste ano?”

Gráfico 5. Variação dos indicadores sobre o ano anterior até o momento

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Está questão, meus caros colegas, eu não consigo responder. Mas o que gostaria de levantar a partir de agora são idéias para serem debatidas ou novas discussões visando minimizar os efeitos desta crise. Se cada um de nós usar efetivamente alguma destas idéias, talvez possamos reduzir os prejuízos deste ano.

Na minha cabeça, o que poderíamos fazer como Elo da Cadeia, seria tentarmos todos reduzir a nossa oferta de confinamento no segundo ciclo. Pois o primeiro, já foi perdido. Deixando nossos animais a pasto visando uma entrega num prazo mais longo, poderíamos nos beneficiar de duas formas. Primeira, ajustando a oferta e demanda do segundo semestre com uma menor oferta, permitindo que os preços reajam. Segundo, jogar a produção a pasto para um momento de melhor demanda e assim, obtermos melhores preços nos dois momentos.

Ressalto que estamos no “fundo do poço” e que esta recuperação não será tão rápida. Se insistirmos em aumentar a produção, os prejuízos serão maiores e para todos.

Espero que este artigo tenha auxiliado a esclarecer um pouco os fundamentos do mercado e a abrir algumas portas na análise de risco de cada produtor.

Acompanharei este artigo para a discussão de novas idéias.

0 Comments

  1. Flavio Abdo Saraiva Santos disse:

    Caro Alberto,

    Gostaria de parabenizá-lo pelo texto acima e colocarmos essa questão em pauta. Nós pecuaristas que trabalhamos com cria, recria ou engorda temos que analisar a viabilidade do negócio. Estamos passando por um ano onde o preço da reposição está cara, o boi barato e a arroba produzida na entressafra (confinamento ou semi-confinamento) cara também. Temos que analisar que se deixarmos esses bois engordarem a pasto para abril ou maio à R$77,00 por arroba vai ser realmente mais rentável que abatermos em outubro deste ano a R$80,00 por arroba.

    Pelas minhas contas vale mesmo apena segurarmos os bois, pois estaremos vendendo um boi mais pesado (21@) aproximadamente, sete meses de engorda a pasto, a preços mais baixos, mas que nos vai render mais devido ao baixo custo da engorda a pasto. Estaríamos abatendo um boi em out de R$80,00 x 17@=R$1.360,00 e em maio, base preço futuro (R$77,50) = R$77,50×21@=R$1.627,50, ou seja, R$267,50 a mais por boi, um ganho de 19,63% superior em relação à venda em outubro.

    Vou ficando por aqui.

    Grande Abraço

    Flavio Abdo Saraiva Santos

  2. Joao Batista Haro de Almeida disse:

    Parabens Sr Alberto pelas suas colocações, são o retrato da realidade; sendo que a unica maneira de obtermos uma melhora de prêços ao produtor somente diminuindo a oferta para segundo semestre

  3. Marcos Francisco Peres disse:

    Além da excessiva oferta dos confinamentos, outro fator que tem auxiliado na queda dos preços é o famigerado boi a termo. Com esse instrumento os frigoríficos completam suas escalas antecipadamente para o período em que teríamos falta de oferta e com isso os preços evoluiriam, porém com as escalas quase prontas ocorre o contrario, pois o frigorífico tem folga para negociar e derrubar os preços. O pecuarista que adere a esse tipo de contrato esta dando o ouro pro bandido e pensando que esta fazendo um bom negócio. Normalmente vende-se somente uma parte da boiada a termo, assim na realidade ele vendeu uma parte da boiada a um bom preço e o restante a um preço ruim. Contando ainda o que ficou no pasto, que também é indexado ao preço da arroba, foi um péssimo negócio.

  4. Jose Evandro Padua Vilela Filho disse:

    Alberto parabens pelo artigo.Ainda outro dia comentei em outro site da area do agronegocio o problema de preço é o excesso de produção,em todos os setores: cafe, laranja, boi, cana, milho ETC. O Brasil é um lugar em que não se sabe o que é fome. A solução e valorização nossa, produtores rurais desse pais so vai acontecer o dia que produzirmos menos e a população sentir no bolso a carestia da falta de alimentos. Grande Abraço Jose Evandro Eng. Agronomo pela ESALQ/1976

  5. agnaldo alves disse:

    Gostaria de cumprimentar ao Sr. Alberto Pessina pela matéria publicada, e gostaria também de perguntar ao Sr. Alberto, se ele me pudesse responder, o que aconteceria, se ao invés de diminuirmos a oferta , simplesmente interrompermos por completo a oferta por algum tempo,por exemplo 6 meses?

  6. AMAURI ANTONIO DE MENDONÇA disse:

    Sou confinador e nunca me importei com o preço da arroba no momento da venda de meu gado gordo, o que tem me preocupado e muito é o valor da reposição, que esta muito, mas muito acima do preço, se comparado com o valor do boi gordo ( 15 @ acima ). Só para ter uma idéia nestes ultimos anos ( 2005 para traz ) estava vendendo boi entre R$ 60,00 e R$ 62,00/@, estava colocando um garrote de 390 kgs para confinar a um custo de R$480 a R$ 500,00, hoje a previsão de venda do boi gordo é de R$ 75,00 e meu gado entrou no confinamento este ano a um custo de R$ 920,00, compare e irão ver a grande diferença.

    A unica saida na minha opinião é não fazer uma reposição acima de R$ 650,00 para um garrote de 9 @ que será confinado o ano que vem, caso isso não seja possivel é melhor pararmos de confinar, pois do jeito que esta somente os criadores estão ganhando dinheiro.

  7. Anderson Carneiro Polles disse:

    Prezado Alberto O´F. V. Pessina

    Respondendo uma parte das indagações. A Boiada de Confinamento eu não sei. Mas a de invernada?… Pagaremos para ver em outubro – novembro!

    Um grande fator que vc não citou é a ociosidade da Indústria Frigorífica. Se para o invernista a água tá no peito, para os confinadores está no pescoço. Já para a indústria tá no nariz. A diferença é que para a industria o colete salva vida do nariz empinado e indolência contam a favor.
    Contudo, qualquer pertubação no oceano, pode levar todo mundo a morrer na praia esse ano. Exemplo clássico e tipico da predação e ingerencia da cadeia produtiva.
    Gostaria muito de ver a opinão dos profissionais que trabalham com mercados de cortes diferênciados de carne.
    Lá tambêm a maré não estará para peixe?

    Anderson Polles
    Pesquisador de Mercado Agrícola
    Correspondente de Safra

  8. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    Sr Alberto parabéns pela brilhante análise do mercado e os números são claros: Não há demanda para a oferta de confinamento, assim como não haverá em curto espaço de tempo (6 meses a 1 ano pelo menos), portanto ou se reduz a produção ou se aumenta o prejuizo. A escolha cada um faz a sua.
    Boa sorte a todos.

  9. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    Seria importante sabermos o quanto de demanda por carne teremos em 2010 para que não cometamos o mesmo erro. Nunca produza sem ter certeza para quem vender.

  10. naves jose bispo disse:

    PARABENS pelo belissimo artigo,mas entendo que os MERCADOS SE AJUSTAM,os IMPORTADORES com toda sorte de barreiras,sanitarias,alfandegarias,burocraticas,por ai vai,os FRIGORIFICOS,hoje oligopolizados sentam em mesas de acordos cartelizadores,o que nao eh dificil em um mercado extremente concentrado,ONGS de toda ordem com dinheiro de origens muitas vezes excusas a propagar ideias negativas sobre o tao sofrido agronegocio,estradas criam uma logistica pervessa e cara,TRIBUTOS em descompasso fazem o verdeiro samba do crioulo doido,SUPERMECADOS e grandes ATACADISTAS insistem em margens irreais,preços extremamentes apertados aos produtores,e os repassadores com margens intactas,EU como produtor de ciclo completo estarei SEGURANDO,bois e garrotes no pasto,se e para ajudar estarei EMBARCANDO MAIS FEMEAS,assim com certeza estarei contribuindo,façam o mesmo,nesse cabo de gerra ,com alguma organizaçao com MUITA UNIAO e atitudes corajosas venceremos,pois em algum momento,teremos uma remuneraçao justa,nosso ciclo hoje quando eficiente e comercialmente estabelecido esta em torno de 32 a 44 meses,nosso produto e diferenciado,VAMOS TODOS JUNTOS VALORIZA-LO.

  11. Edival Costa Oliveira disse:

    Eu quero parabeniza-lo pelas suas colocações.
    mas um dos principais motivos dos preços baixos na area de produtos frigorificos e proteina aminal e uma concorrência na venda ao varejo, pois grandes frigorificos que focados no mercado externo teve uma queda nas suas vendas externas e jogaram mercadorias com preços inferiores en atacadista e varejista que força uma concorrencia quase desleau com os pequenos pois sendo beneficiados pelos incentivos como PIS E CONFINS podendo esta repassando essa diferença em seus produtos enquanto isso não e para todos alguns ficam sacriicados. e assim força a cadeia produtiva que é sempre a mais sacrificadas.

  12. Antonio Pereira Lima disse:

    Muito bom o artigo,mas em alguns momentos a teoria e a prática se desentendem,primeiro porque mercado só tem lógica na teoria na prática não,a teoria mostra que unidos sairemos do fundo do poço,a prática mostra que no mercado só ganha quem é contrário a maioria,a teoria mostra que ao invés de matar um boi com 17@,se pode matar é porque esta gordo,deixa no pasto mais 7 meses e mata com 21@,a prática se irrita e responde:_ Um boi que tem caixa prá 21@ quando está com 17@ está magro,a teoria mostra que temos que segurar o boi prá sair do fundo do poço,a prática nos ensina que fundo do poço nunca ficou vazio e prá vc sair precisa colocar outro no lugar,a teoria ensina que com uma arma boa vc sempre faz boa caçada,a prátia prova que um dia é da caça o outro é do caçador
    Um abraço

  13. Alberto Pessina disse:

    Caro Flavio e João Batista,

    Concordo plenamente com a colocação de ambos. A minha preocupação está em ofertarmos durante esta entressafra, mais do que foi ofertado na entressafra anterior com uma demanda menor gerada por diversos fatores. Dos quais podemos citar; a queda de financiamento dos frigoríficos e importadores, a queda de renda da população mundial, a valorização do real, perda de competitividade com produtos substitutos (no Grafico 5, podemos ver que o frango não reduziu a produção, ou seja variação de 0%) e queda nas margens dos frigoríficos (com o encerramento de atividade de varias industrias). Ou seja, precisamos tomar atitudes para evitar fornecer agora mais do que a demanda necessita e buscarmos prorrogar nossa oferta visando a entrega-la conforme a demanda vai se recuperando.

  14. Alberto Pessina disse:

    Caro Jales,

    Respndendo a sua questão, se cortassemos a produçãopor 6 meses, com cereza gerariamos um caos na cadeia, pois a industria não sobrevive nem um mês sem oferta. Basta ver o que aconteceu com a queda de produção de 2007 a 2008, nete periodo, ocorreram a quebra de quatro grupos grandes (Independencia,Arantes, Margem e Quatro Marcos), sem contarmos os pequenos e neste periodo a redução foi de 15% no abate. Por esse motivo, acredito que um esforço de cada um dos produtores em reduzir a produção para os próximos meses, já seria suficiente para alterarmos a relação de oferta x demanda. Eu sei que cada pessoa tem o seu sistema de produção e suas peculiaridades, mas se cada um fizer um pouco e não quizer tomar aquela atitude de malandro, que pensa; “Se os outros vão reduzir eu vou entrar”, nós conseguiremos melhorar esta situação.
    Grande abraço.

  15. Alberto Pessina disse:

    Caro AMAURI ANTONIO DE MENDONÇA,

    Concordo plenamente com suas colocações, a relação de troca esta nos patamares mais baixo dos últimos anos, hoje em 2,10 bezerros/boi. Estamos no pico do ciclo de preços e isto imbute preços mais altos no bezerro e baixa oferta de vacas, mas nos próximos anos esta relação deve melhorar. O que não esperavamos era esta crise para atrapalhar o negócio, agora temos preço do boi em queda e oferta do bezerro aumentando lentamente, o que ainda mantém a relação de troca baixa. Por isso, sugiro a prorrogação da oferta, assim poderiamos vender o boi a um custo mais barato que o de confinamento e com a tendencia de melhora da relação de troca, tavez comprarmos bezerros mais baratos. Pois os útimos 3 anos foram de retenção de vacas e com isso a tendência é a oferta de bezerros melhorar nos próximos anos.

  16. Alberto Pessina disse:

    Caro Anderson Carneiro Polles,

    Se observar no Grafico 5, um dos indicadores é a margem do frigorifico, que conforme pode verificar vem em queda desde 2007. Realmente a venda de carne esta muito ruim e este é um dos motivos da quebradeira dos frigorificos que tivemos nos ultimos anos e também da concentração da oferta em menos industrias. Ou seja, a redução de oferta e de demanda que ocorreu nos ultimos anos caiu pesadamente sobre este elo da cadeia. Nos ultimos anos, eles andaram ampliando as plantaas com capital de terceiros e hoje faturam menos e tem que pagar os juros com menor oferta de capital de giro no mercado. Ou seja, tome muito cuidado para vender seu gado.

  17. Alberto Pessina disse:

    Caro, Edival Costa Oliveira

    Concordo plenamente com suas colocações e por esses motivos de queda nas exportações, redução de linhas de crédito para frigoríficos, importadores e queda de renda da população mundial é que a demanda caiu e a pouca oferta de hoje é excessiva para o mercado.

    Grande abraço

  18. Sérgio Marchió disse:

    Prezados,
    Por mais leitores que tenha o Beefpoint e acesso a este artigo, são parte infima dos produtores do Brasil, de modo que os compradores em numero reduzido são capazes de se organizar e pressionar, enquanto nós produtores não consguiremos jamais mobilizar milhões de nós para produzir um efeito significativo no mercado. Mercado este que gosta dos preços reduzidos.
    E penso ainda que a produção de quem não quebrar ou desistir vai aumentar na busca, que a gente imagina necessaria, de eficiencia, produtividade, enfim do tão almejado lucro.
    Sérgio Marchió

  19. Glauco Mascarenhas disse:

    Amigos, a carne está se tornando produto de segunda ou até terceira necessidade! Não há outra explicação para a queda no consumo. Não pensem que faltará boi, pois não faltará! Há 20 anos um grande pecuarista era aquele de 5 mil bois, hoje esse número é empregado para designar o pequeno, de 5000 até 1000 cabeças é mini em termos econômicos, menos que isso é micro. Nos dias atuais é trivial conhecermos pecuárias de 40, 50, 100 mil cabeças, isso não existia há 20 anos, quem é do ramo sabe bem e lembra. Além disso, a retenção de bois por alguns pecuaristas – que faz com que haja incremento de preço por encurtamento de escalas dos frigoríficos – é a janela que os pecuaristas vizinhos esperam ansiosamente para vender seus bois com algum Real a mais.

    Precisamos ser mais criativos e conhecer melhor o que acontece na base, no dia-a-dia. Pessoas estão deixando de comprar carne para gastar com créditos de celular. Carne bovina está ficando em terceiro plano no consumo mensal do povo.

    Sugiro que dirigentes da cadeia da carne juntem-se com os da telefonia e ofereçam: ” Prá cada cartão de celular: 1 Kg de carne de gado!!!”

    Quem sabe saímos do buraco?!

  20. Alberto Pessina disse:

    Caro Antonio Pereira Lima

    Voce tem toda razão quando diz que os ganhadores são os exploradores de oportunidades, Porém, neste caso acho que tinha tudo para explodir o mercado 13% a menos de oferta no primeiro semestre, bolsa indicando alta nos preços (chegou a indicar R$ 89,00/@ para outubro, oportunidade esta que passou na frente de todos e a maioria não fez). Agora estamos todos no mesmo buraco, e com essa demanda fraca pode ser que mesmo reduzindo a oferta, o mercado não reaja com força. Se a maioria pensar em explorar esta situação, podemos afundar mais o buraco. Eu já reduzi a minha produção, torço para que o mercado se corrija e que todos recuperem os invetimentos.

    Abraço

  21. jose luiz bicca heineck disse:

    Cumprimentos pelo real interesse em buscar soluções para nosso dia a dia.Ocorre que vivenciamos ( nós ainda não absorvemos todo o processo) desde set de 2008 uma crise que mandou para o espaço algo em torno de 50 trilhões de dólares.Àquele patamar não voltaremos jamais, a anão ser ao longo do tempo com crescimento da economia e da população.Não existe possibilidade de recuperação do que foi perdido.Simplesmente sumiu.A renda mundial consequentemente baixou, com o desemprego e com os acertos havidos em todo o globo.A carne estava num valor alto para o consumo de açougue, embora médio baixo para cobrir os custos de produção do pecuarista.O povo brasileiro está sendo todo moldado para existir dentro da classes C ,D e E, com salários de 1 a 3.Isto envolve 120 milhões de consumidores que não vão comprar carne de segunda a 6 reais o kg, comprariam se fosse 3,oo o kg.Vão comprar carne de suínos e aves.Aliado a este fato está a realidade que nos mostra que as contratações que houveram de lá para cá ( set de 2008) na esmagadora maioria é de gente jovem, gernte que não come arroz, feijão , carne e salada.Consomem lanches prontos, salgadinhos e refrigerantes, E CONSOMEM ARTIGOS QUE ESTÃO PARA SEREM VENDIDOS NAS LOJAS DE DEPARTAMENTOS.Se analisarmos o gráfico de consumo da carne veremos que está estabilizado o consumo há bastante tempo.No futuro, mesmo com aumento populacional ele vai declinar, visto que os donos das novas rendas não serão consumidores potenciais de carne.Aliado a estes fatos está o problema dos outros países:quando a casa caiu eles também foram refazer as contas e chegaram a conclusão de que quanto menos comprarem melhor,dando como resultado menor consumo via exportação, olhando do lado do Brasil.Os países importadores passam dizendo que o BRasil não cumpre todas as normas oficiais para exportação e com isso conseguem dificultar nossas vendas.O que precisamos repensar é no nosso mercado interno.Os mercados estão adicionando valor aos produtos via tecnologia e como resultado um kg de filé pode custar 40,00 ou 12,00 .Menor uso de tecnologia nas gondolas pode baixar o preço da carne e aumentar o consumo.Como se não bastasse, os frigoríficos (alguns) resolveram aplicar um calote nos pecuaristas. Os pecuaristas assustados começaram a pedir o pgto a vista, o que paga a vista paga menos e por aí vai.Para somar temos ainda o cusdto dos confinamentos que aumentou,não permitindo baixar os preços.
    RESUMINDO: para vender mais carne precisamos de mais renda, o que não se consegue da noite para o dia.A solução a curto prazo é baixar o preço,principalmente a nível de supermercado.O açougue pode ajudar e o produtor vai ajudar ao natural, basta constatar que no ano passado chegamos a vender boi a 3,17 o kg e hoje,mesma época, não se consegue mais do que 2,60.

    josé luiz bicca heineck
    jlbiccaheineck@gmail.com
    São Gabriel RS

  22. Jose Eduardo da Silva disse:

    O que esta acontecento é que os importadores estão desovando seus estiques, pois com a crise a demanda esta fraca, e acredito que este csnario vai durar ate agosto de 2011, ai sim as coisas voltam a melhorar, mas sem muito estoque e colocando õ chapeu onde a mão alcança, parece que vcs não escutaram os dirigentes, acabou a farra,dente por dente , olho por olho. a crise é de 14 trilhoes companheiros, estamos todos quebrados.

  23. Maria Emilia Coimbra Bueno Pereira disse:

    RJ 04-09-09
    Caro Alberto
    Gostaria de entender como ficará a situação do pecuarista, se os indices de produção do Incra forem alterados, diante da atual situação de mercado em que nos encontramos. Grata, Maria Emilia.

  24. Nilton P. Barbosa disse:

    Caro Alberto,
    Muito boa a matéria, com muitas informações importantes para a tomada de decisões. Mas antes de comentar e dar minha opinião gostaria de lhe fazer um pedido: Seria possivel vc me passar um grafico 1 , considerando apenas o abate de femeas em todo o país? Acredito que se analisado separadamente pode explicar muito das nossas duvidas hoje
    obrigado.

  25. Nilton P. Barbosa disse:

    Caro Alberto
    Muito interessante esta matéria, vejo que vc tem um bom arsenal de informações, por isso gostaria de lhe fazer um pedido: Seria possivel que me enviasse um grafico como o Nº 1 mas considerando apenas o abate de femeas e se não for pedir muito, referente aos anos 2000 até 2008. Acredito boa parte das indagações desta matéria poderiam ser respondidas analisando estes numeros.
    Pretendo comentar melhor quando tiver acesso a estas informações.
    muito obrigado.

  26. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Prezado Alberto e senhores
    Temos que tomar varias atitudes dentro e fora da fazenda
    quem trabalha com cria, passar a fazer o ciclo completo
    só produzir boi a pasto
    reduzir custo de produção
    baratear a carne no varejo
    fazer campanhas de comunicação mostrando a importancia do consumo de carne

  27. Jose Evandro Padua Vilela Filho disse:

    Assistam ao show do ministro Minc num show na chapada dos veadeiros em GO no dia 06/09/2009.E o cara ainda continua ministro é o fim da picada.Esta no site do terra em videos.terratv.com.br/especiais

  28. Henrique disse:

    Bom dia,
    acompanho notícias de vocês do beefpoint, por sinal muito bem elaboradas, e comecei a estudar a respeito de formação de preço do boi gordo com análises fundamental e gráficas.
    Gostaria de saber o que eu deveria estudar para entender o que gera as oscilações no preço da arroba, pois leio notícias mas fico um pouco perdido de tanta informação e não sei um rumo a traçar em meus estudos.
    Se possível, gostaria que respondessem também algumas perguntas:
    – como o clima e safra afetam o boi?
    – o que devo saber a respeito de dólar, exportações e mercado internacional para entender a oscilação do boi?
    – o que gera diferença de preços entre um estado e outro?

    Muito obrigado.

  29. Felipe Cordeiro disse:

    rssss é d+, tem cada comentário por aqui que é muito interessante hehehe!!

    Minha expressão sobre o artigo é que é muito importante toda esta análise, porém, é importante lembrar-mos que estes bois vendidos até agora, são de bezerros comprados em sua maioria em 2006, 2007 ou seja, quando bezerro era vendido a preço de “banana” quando comparado aos dias de hoje, na verdade, não era assim também, pois naqueles tempos, a reposição foi baixa devido “baixo” preço da arroba praticada naquele momento. O fato, é que a cada ano temos que encarar de uma forma diferente, o mercado é muito flutuante, oscila muito, vejam só, em plena escassez de boi (entressafra) o boi não sobe, ao contrário, está desvalorizando… isso é muito raro de ser visto, o mercado mudou realmente e muda a cada ano e a cada momento, o importante no meu concentimento, é atentarmos muito para o lado administrativo do negócio pois quem não tem os valores nas mãos pode ter muito prejuízo sem saber vender o boi no momento certo.

    Enquanto isso… matéria prima de invernista (bezerros) se mantém é o que tenho observado na prática pelo campo, preços irredutíveis…. caros…. reposição complicada também…. e os insumos ? arame subindo de preço também… tá complicado rsss temos que cortar gastos, produzir com maior competência, investir realmente no que dá resultado e retorno ao investimento com relação a pastagem, suplementos, mão de obra qualificada, técnicos… para de alguma forma termos outras alternativas.

    Os frigoríficos se organizaram muito, são potências, “cresceram nas nossas costas”, mérito da brilhante cabeça empreendedora que eles tem, eles estão certo, errado estamos nós, mas o que podemos fazer? Nada… Nem temos um conselho, nem mesmo um órgão que possa defender nossos direitos ou idéias… não acredito no CNA para realizar este trabalho, nunca vi nada sobre o assunto…

    Vamos que vamos.

  30. Ladislau Cesar Rodrigues disse:

    Parabens pelo artigo mas tenho uma opinião um pouco divergente da maioria aqui. O fato de diminuirmos o abate tem relação apenas parcial com a crise. Ñosso mercado interno é mais importante que o externo e não há indicadores de que o consumo per capita do Brasileiro por carne tenha caido, portanto a crise por si só, que teve um reflexo importante para as exportações não justifica uma queda tão abrupta nos abates. Na minha opinião. por mais paradoxo que pareça, não há uma grande oferta de Boi e sim uma falta de BOI, por isso o mercado de reposição está tão valorizado. Então se há uma falta de BOI não haveria alta de preços? Sim se considerarmos um mercado perfeito onde a lei de oferta e procura prevalesse, mas esse mercado é oligopolizado e está se tornando cada vez mais, basta vermos as últimas notícias. Com a falta de Bois, muitos frigorificos medios e pequenos não conseguem fechar suas escalas, as plantas se tornam ociosas e improdutivas gerando as quebradeiras e mais concentração. Os frigorificos maiores, abastecidos em parte por contratos a termo e em parte por confinamentos próprios não sobem o preço, pois sabem que não há boi disponível no mercado, portanto um aumento de preço não resultaria em mais oferta e só encareceria o preço do pouco Boi que ele consegue comprar, fechando o ciclo de baixa. Essa é minha opinião.

    Um abraço a todos

  31. Luiz Gustavo Matiussi de Oliveira disse:

    Caro Senhor Amauri Antônio de Mendonça, não é com os produtores de bezerros que temos que brigar para que eles reduzam os preços, já que a cria é a o setor da pecuária que tem a menor receita, pois eles poderão se tornar confinadores como o senhor e aí sim que a reposição vai ficar desfavorável. Devemos sim ficarmos unidos para podermos ter o poder de barganha contra os repassadores monopolizados.

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