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Preço e saúde fazem brasileiro reduzir consumo de carne, mostra pesquisa

Neste ano, 67% dos brasileiros reduziram o consumo de proteínas animais, motivados principalmente pelo preço (45%), mas também por questões relacionadas à saúde (36%). É o que aponta pesquisa realizada pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), que também apontou que o consumo de alternativas vegetais, análogas às carnes ou não, já está na rotina de 65% da população. 

A redução do consumo de carnes nos últimos 12 meses foi maior que a mensurada pela pesquisa anterior do GFI Brasil, de 2020, quando o percentual foi de 50%.

Consumo de produtos mais de três vezes na semana

Principalmente em função do preço, o consumo de carne bovina foi o que mais caiu. Das 2,5 mil pessoas que responderam, 47% disseram comer a proteína pelo menos três vezes por semana, 6 pontos percentuais a menos em 2020. Já o consumo de carne de frango três vezes por semana cresceu 8 pontos percentuais na comparação, para 65%. E também houve um aumento no consumo de ovos, laticínios e leite de vaca (de 13, 9 e 4 pontos percentuais, respectivamente) em relação a 2020.

Plant-based

A pesquisa mostrou, ainda, que os brasileiros estão conhecendo cada vez mais os produtos plant-based, principalmente as classes A, B e C: hoje, 65% consomem alternativas vegetais em substituição aos produtos de origem animal pelo menos uma vez por semana. Em 2020, eram 59%.

Quando se fala em produtos análogos às carnes – ou seja, aqueles que tentam imitam os produtos de origem animal em aparência, textura e sabor -, 26% dos entrevistados consomem esses produtos pelo menos uma vez por semana.

“Levando em conta que a primeira alternativa análoga surgiu no Brasil em 2019 e todos os desafios do setor, a penetração desses produtos na rotina dos brasileiros se tornou expressiva. Eles têm o potencial de alcançar uma parcela ainda maior de consumidores se estiverem disponíveis de forma conveniente”, disse a GFI, em seu relatório sobre a pesquisa.

Atualmente, 28% dos brasileiros se dizem flexitarianos: ou seja, buscam ativamente reduzir o consumo de produtos de origem animal, mas sem excluí-los por completo.

Preço e saúde

Entre os consumidores que reduziram o consumo de carne animal nos últimos 12 meses, 34% substituíram a proteína somente, ou principalmente, por carnes vegetais. Em 2020, esse percentual era de 25%. Entre os que diminuíram o consumo de carne procurando melhorar a saúde, 57% utilizaram a carne vegetal como substituta. Já entre as pessoas que reduziram o consumo por causa do preço, uma em cada três adotou a carne vegetal como substituta à animal.

Ainda no caso dos entrevistados que reduziram o consumo de carne animal nos últimos 12 meses, 47% pretendem reduzi-lo ainda mais no próximo ano e 46% pretendem manter o consumo atual. Mesmo entre os brasileiros que estão comendo menos carne por causa do aumento do preço, 33% querem diminuir ainda mais a ingestão no próximo ano e apenas 10% pretendem aumentar.

Para a GFI, essa análise revela que, embora muitos consumidores sejam inicialmente motivados pelo preço, veem na redução e na substituição da proteína outros beneficios. “Fica clara a importância do setor de proteínas alternativas de investir na melhor experiência possível para que o brasileiro continue incorporando esse hábito na rotina. Esses dados revelam o potencial do mercado em atender não apenas os 28% que já se declaram como flexitarianos, mas também os 67% de brasileiros que reduziram o seu consumo de carne no último ano”, disse Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do GFI Brasil.

Experiência de compra

Segundo a pesquisa, a maioria dos consumidores comprou uma alternativa vegetal pela primeira vez em lojas físicas de mercados ou supermercados. A pesquisa aponta também que estímulos publicitários em supermercados exercem uma influência maior do que estímulos publicitários externos ou anteriores ao momento de consumo.

Refeições diárias e refeições mais rápidas são os momentos nos quais as pessoas mais desejam ter alternativas vegetais, citadas por 65% e 58% dos entrevistados, respectivamente. Em 2000, eram 59% e 54%.

Apesar dessa disposição do consumidor, o preço alto ainda é o maior empecilho para a compra de proteínas vegetais (39%), seguido pela dificuldade de encontrá-las (30%) e pelo sabor (21%).

Empecilhos

Em 2020, a pesquisa do GFI Brasil já havia chamado a atenção para esses aspectos. Um terço das pessoas apontou alguma característica do produto em si como motivo principal para não consumir alternativas vegetais: sejam sabor, textura ou cheiro, sejam outras questões relacionadas à composição do alimento.

Os brasileiros continuam preferindo cozinhar ou preparar seus produtos vegetais análogos em casa, mas, desde 2020, cresceu significativamente a proporção de consumidores que preferem consumir essas alternativas em restaurantes ou via delivery, a ponto de dobrar – o percentual passou de 9% para 18% no caso do delivery.

Ultraprocessados

A pesquisa também buscou entender mais sobre o grau de informação e o tipo de percepção que o consumidor brasileiro tem sobre alimentos ultraprocessados. A grande maioria (89%) pelo menos já leu ou ouvir falar sobre o assunto, e a frequência de consumo de alternativas vegetais análogas apresenta uma relação positiva com o grau de informação sobre alimentos ultraprocessados. Para a GFI, esse dado indica que, quanto mais a pessoa pesquisa sobre assuntos relacionados à alimentação e saúde, mais ela tende a escolher alternativas vegetais.

Também foi possível ver que, quanto maior o grau de informação sobre ultraprocessados, maior tende a ser a percepção de que esses produtos, em geral, fazem mal para a saúde. No entanto, 39% – uma parcela significativa de consumidores – crê que isso depende do processo de fabricação e dos ingredientes utilizados.

Para a maioria dos consumidores brasileiros, não existe uma associação direta entre alternativas vegetais análogas e alimentos ultraprocessados, uma vez que 49% entendem que isso depende dos ingredientes e do processo de fabricação utilizados e 24% não sabem dizer se elas são ou não ultraprocessadas. Além disso, 52% dos entrevistados afirmaram que, quando um alimento é ultraprocessado, sua decisão de compra tem sido embasada na tabela nutricional e/ou nos ingredientes do produto. Por outro lado, um em cada três consumidores (32%) não se preocupa com o fato de o alimento ser ultraprocessado na hora de comprá-lo.

“No geral, a pesquisa indica que o consumidor parece estar tentando equilibrar fatores para fazer uma compra mais saudável e que muitas vezes ele não tem informações suficientes para analisar tudo sozinho. Nesse sentido, reforçamos que um trabalho educativo das indústrias, explicando ingredientes, nutrientes e suas funções e mostrando processos produtivos, por exemplo, pode aproximar o consumidor,” concluiu a GFI.

A pesquisa foi feita em parceria com a Toluna, empresa global de pesquisa e insights do consumidor, entre 27 de maio e 1º de junho de 2022. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais.

Fonte: Valor Econômico.

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