Agro amplia embarques, mas preços médios caem
31 de março de 2021
Regulação da carne vegetal tem início no Brasil
31 de março de 2021

Preço do bezerro bate recorde e passa de R$ 3 mil por cabeça

O preço do bezerro encerrou a terça-feira em patamar recorde de R$ 3.095,49, de acordo com o indicador Esalq/B3 — base Mato Grosso do Sul —, após subir 2,61% em relação à véspera, quando superou pela primeira vez o patamar de R$ 3 mil por cabeça. O indicador se encaminha para terminar o mês com alta de 8,83%. 

A valorização é reflexo do aumento da arroba do boi gordo — que estimula a retenção de matrizes —, da oferta restrita de novilhas e de animais para abate e também da firme demanda no mercado externo por proteína animal. 

Somados, esses fatores levaram o preço médio do bezerro em março a R$ 2.876,02, um aumento de 7,51% em relação a janeiro e de 26% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Nos dois casos, o cálculo considerou o IGP-DI como deflator. 

Não por acaso, o indicador do boi gordo Cepea/B3 alcançou ontem R$ 315,60 por arroba, também o maior valor da série histórica. Hoje, o indicador caiu 0,79%, mas seguiu em patamar elevado, de R$ 313,95. A alta no mês é de 3,56%. 

O movimento atual de valorização do bezerro começou em 2019, acompanhando os preços da arroba, que superaram naquele ano o patamar de R$ 200. Sem dar sinais de arrefecimento, a cotação passou de R$ 300 no ano passado.

A alta tem se sustentado especialmente na oferta restrita de animais. Em 2020, os abates no país somaram 29,55 milhões de cabeças, o menor volume desde 2011, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As exportações brasileiras de carne bovina, por sua vez, atingiram o recorde de 1,72 milhão toneladas em 2020. 

De acordo com Thiago Carvalho, pesquisador do Cepea, o cenário de altas deve permanecer tanto para a arroba quanto para o bezerro. “Enquanto o câmbio contribuir para a competitividade da carne bovina brasileira no mercado internacional, a demanda externa deve continuar firme”, disse. “E a interna segue incerta”. 

Ele avalia que os preços só vão baixar quando a cotação do dólar deixar de favorecer o produto brasileiro. Outro fator de pressão virá da entrada dos animais que resultarão da retenção de fêmeas, a partir do ano que vem, mas ainda em quantidade restrita. “A chuva atrasou neste ano e o volume de pasto é pouco para alimentar os animais. Além disso, os grãos estão em alta, o que alimenta a expectativa de que a situação continue até que o aumento de oferta de fato se concretize”. 

Ele lembra que o último pico de preços ocorreu em 2015, justamente em um período em que faltou chuva e, consequentemente, alimento para vacas e bezerros. Como no ano passado houve recorde de inseminação nas vacas de corte, o clima será fator-chave para que esse esperado aumento de oferta se concretize. 

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress