Mercado Físico da Vaca – 25/11/10
25 de novembro de 2010
Mercados Futuros – 26/11/10
29 de novembro de 2010

Porque o boi subiu tanto e o que esperar pela frente?

Essa semana fiz uma apresentação para uma série de analistas de investimentos em São Paulo, a convite do Citibank. A principal pergunta foi: porque o boi subiu tanto? Esse artigo é uma reflexão sobre os pontos apresentados e uma busca por entender o que pode acontecer daqui em diante. O mercado do boi gordo é influenciado por uma série de fatores que interligados formam o preço do boi. Vou tentar listar e avaliar cada um deles.

Essa semana fiz uma apresentação para uma série de analistas de investimentos em São Paulo, a convite do Citibank. A principal pergunta foi: porque o boi subiu tanto? Esse artigo é uma reflexão sobre os pontos apresentados e uma busca por entender o que pode acontecer daqui em diante.

O mercado do boi gordo é influenciado por uma série de fatores que interligados formam o preço do boi. Vou tentar listar e avaliar cada um deles.

Do lado da demanda, a economia mundial, em especial os países emergentes, está em recuperação, com aumento da demanda por todo tipo de produto, com destaque para alimentos de maior qualidade, como carnes e lácteos. No Brasil, o consumo segue muito aquecido. Mercado interno e externo demandam mais carne bovina. Isso é um fator altista. Vale lembrar que o Brasil é o segundo país com maior paridade de poder de compra segundo o índice BigMac da revista The Economist. Esse índice é calculado duas vezes ao ano e compara o preço do sanduíche mais famoso do McDonalds em diferentes lugares do mundo. O preço brasileiro, em outubro, era o segundo mais caro do mundo, abaixo apenas da Suíça.

As exportações estão firmes, bem acima dos valores de 2009 no acumulado do ano e no mercado interno, o consumo está ainda mais aquecido. Devido a facilidade de se medir numericamente as exportações e a cotação do dólar, acabamos prestando mais atenção a esses dois indicadores do que ao consumo interno, que representa por volta de 80% da produção brasileira. A força do consumo interno é um fator cerca de quatro vezes mais importante que as exportações.

Do lado da oferta, temos uma série de fatores altistas, uns de longo prazo e outros de curto prazo. O abate de fêmeas se elevou muito de 2002 a 2007, com destaque para os anos 2005, 06 e 07. Nesse período, o pecuarista desinvestiu, vendeu ativos (vacas) para pagar seus custos. Isso gerou preços ainda piores no período, pela maior oferta de carne (de vaca) no mercado, e agora gera a escassez de bezerros para reposição.

O aumento da produção de carne bovina nos últimos 10 anos se deu mais pelo abate de fêmeas do que pelo maior número de machos abatidos. Isso está cobrando seu preço agora.

O aumento da eficiência e produtividade da recria e engorda (a pasto e em confinamento) ajudaram a pressionar ainda mais a falta de gado para abate hoje, pois no período que tivemos maior abate de fêmeas, a maior produtividade alongou o ciclo de baixa, pois mais tecnologia significa mais carne com menos gado. Além disso, a tendência é que o ciclo de produção fique mais curto, com o maior uso de tecnologia, pois leva-se menos tempo a produzir um animal.

O ciclo de baixa mais longo gera um ciclo de alta mais intenso, mais forte ou mais duradouro. É claro que uma das saídas é o uso ainda maior de tecnologia, como estamos vendo na cria o crescimento da IATF, por exemplo.

O longo ciclo de produção do gado de corte torna mais difícil, caro e demorado recompor o rebanho. O mundo produtor de carne bovina está cada vez mais consciente que produzir carne bovina é mais caro, mais difícil e mais demorado do que outras carnes como frangos, suínos e aves.

Outro fator importante, e muitas vezes esquecido, é o impacto das mudanças ambientais na pecuária. Desde que se começou a criar gado de corte no Brasil, se expande a área, se abre novas fazendas.

Essa era a realidade do Brasil e que não acreditamos que vá continuar assim, pelo menos nos próximos 10 anos. Pela primeira vez na história da pecuária de corte brasileira, vamos ter uma grande dificuldade de expansão da área de pastagens, de abrir novas fazendas. Isso é visto por quem quer abrir novas fazendas, mas é muito positivo para quem já tem áreas abertas. Sem novas áreas, a fonte de gado barato seca. Teremos menos oferta, vindo de novas fazendas. Em especial no mercado de bezerros, isso causa um impacto muito forte. E a agricultura tem crescido em áreas de pastagens.

Tudo isso levou a um longo período em que o gado teve queda real (deflacionada) no seu valor. De 1999 a 2006, o preço da arroba deflacionada caiu. Isso não aconteceu apenas com o gado. A tendência histórica das commodities agrícolas e não agrícolas era de queda de preço. O mundo passou por décadas em que a produção crescia mais facilmente que a demanda, ou seja, um cenário vendedor. E agora, com o rápido crescimento da demanda dos emergentes, estamos vivendo um mercado comprador.

Para complicar a situação da oferta (impactada por fatores de longo prazo como abate de fêmeas e restrições ambientais), esse ano o confinamento foi menor, pois os preços futuros no primeiro semestre não indicavam viabilidade econômica para a atividade em muitos casos. E por último, a seca desse ano foi mais intensa do que no ano passado, em especial no MT e GO.

Tudo isso contribuiu ainda mais para a redução da oferta e para preços máximos quase na casa dos R$120/@. Para surpresa de todos, o preço da carne sustentou o preço do boi gordo, uma comprovação que realmente o poder de compra, o apetite por carne pelo brasileiro, está bem alto. Nem as exportações recuaram, em outubro/10 vendemos o mesmo volume de setembr/10, com preço médio 8% maior. Em relação a outubro/09, vendemos 7% menos em volume, mas com preço médio 30% superior.

E 2011? Minha avaliação para o ano que vem é que o consumo interno e externo vão se manter firmes, em crescimento. Isso é muito positivo para o preço do boi e da carne. Do lado da oferta, teremos uma produção um pouco maior que em 2010, pois o cenário de preços é mais convidativo ao uso de tecnologia e confinamento. Vale lembrar que com exceção da seca (que não sabemos como será em 2011) e do confinamento, os demais fatores continuam válidos para o ano que vem.

Para finalizar, uma consulta, avaliando o cenário do ano que vem. Faz sentido termos preços do boi para safra 2011 (abril-maio) abaixo de R$90/@? Faz sentido termos preço do boi para entressafra (outubro-11) abaixo de R$100? Me parece que essa é a faixa mínima que vamos trabalhar ano que vem.

0 Comments

  1. Jader Castilho Miotto disse:

    E o mercado de cria para venda de bezerros vai se manter firme durante esse período?

    att Jader Miotto

  2. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Jader,

    Minha avaliação é que o mercado de bezerro vai continuar firme. Os preços de hoje mostram o valor do peso vivo do bezerro igual ao do boi gordo. Faz sentido que o preço do bezerro suba, quando tivermos mais pastagens.

    Abs, Miguel

  3. Arlindo Saran Netto disse:

    Miguel, parabéns pelas colocações elas são pertinentes e concordam com o que estou percebendo da situação mercadológica para cadeia produtiva da carne.

    abraço
    Arlindo – FZEA/USP

  4. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Os preços do ferro triplicarem num curto período tem um impacto menor do que os preços dos alimentos dobrarem. Porquê? Pelo impacto social e político direto na população de baixa renda. Mas se ignorarmos este aspecto veremos até que a alta dos preços na carne não é das maiores dentre as comdities em geral.

    Mas a ampliação da produção pecuária, como a mineração, depende de investimentos cujo ciclo de maturação é longo.

    Para elevarmos o total de machos abatidos precisamos reter mais femeas, que parirrão mais bezerros para finalmente contarmos mais mais bois magros disponíveis. Estamos falando de um ciclo de produção de três ou quatro anos. Lógico que podemos mitigar a situação de escassez de carne acelerando o acabamento dos machos já disponíveis no mercado ou entrando no estoque de fêmeas. E isto de fato ocorre sempre que os preços sobem. Mas ainda assim vemos que o elástico só pode ser esticado até certo ponto. O abate de femeas por eexmplo retarda a oferta de bezerros.

    E um desequilíbrio forte entre demanda e oferta em mercados de investimento de ciclo de maturação longo sempre leva a altas acentuadas de preços.

    E o fato é que a elevação da renda das imensas populações dos paises em desenvolvimento, inclusa a brasileira, geraram um crescimento da demanda por carne inédito.

    Espero, como pecuarista, que tenhamos ainda anos de bons preços pela frente. E que os preços deste anos sejam superados pelo aumento do demanda em ritmo superior ao da produção.

  5. Orlando Sanches Garcia Filho disse:

    Meus parabens jader,

    Suas colocaçoes da situaçao sao clara como un dia de verao, sao as consequencias da situaçao mercadologica do brasil como un todo,em todos setores a um forte crescimento de consumo. esta para quem quiser ver uma nova classe consumidora, todos ,em todos setores foram pegos no contra pe, o brasil e uma potencia, temos consumidores adormecidos a anos,com fome de comprar.. e so ter renda,que vemos nosso consumo aumentar verticalmente. afinal a anos nos consumimos 80% da nossa produçao de carne.. e podem apostar o mercado ta firme como nunca….

  6. Frederico Prado Martins disse:

    Caro Miguel;

    Gostei muito de sua análise. Parabéns!
    Entretanto, ainda Quanto à reposição, tenho uma dúvida e gostaria de ouvir a sua opinião.
    Vc afirma que acredita na subida do preço do bezerro com maior disponibilidade de pastagens. Essa afirmação, vale para todo o País ou para certas regiões?
    Digo isso porque milito no norte do MT e o preço do bezerro subiu assustadoramente do início do ano para cá e muito antes do aumento do preço do boi.
    Entretanto, mesmo com o aumento da @ de boi, o bezerro permaneceu estável, em torno de R$ 600,00 (seiscentos reais) na média.
    Sei que lá ocorreram vários fatores que influenciaram no preço do boi, tais como frigoríficos em dificuldade financeiras, seca prolongada e uma incrível matança de matrizes.
    Daí a dúvida, especificamente com relação ao MT, vc tem alguma opinião?
    Um abraço,

    Frederico Prado Martins
    Matupá/MT

  7. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Frederico, obrigado pela carta.

    Acredito que voltaremos a ter bezerros custando 20% a mais por arroba que o boi gordo. Atualmente essa diferença é quase zero.

    O custo de produção de um bezerro, por quilo, é bem mais alto que o de um boi gordo, além de ser uma atividade de mais longo prazo.

    Por isso, acredito que no Brasil teremos preços mais altos que o boi gordo. Isso já acontece no mundo inteiro, há tempos. Talvez isso tenha demorado para acontecer no Brasil devido a abertura de novas áreas, coisa que vai ficar muito mais difícil de ocorrer daqui em diante.

    Abs, Miguel

  8. ANTENOR DE AMORIM NOGUEIRA disse:

    E ai Miguel?
    Parabens pela materia ( Comentario). Na minha opinião, com certeza o mercado para 2011 sera o mesmo deste ano. Com reposição dificil e cara e preço de arroba alta. Mas por outro lado vc deveria incluir na sua analise o aumento dos custos de prdução que de um ano e meio para ca tiveram um aumento significativo, aumentando tambem a preção sobre a @. É bom ser colocado este ponto tambem inclusive para mostrar que apesar da @ estar nos niveis atuais o pecuaristas tem custos mais caros e consequentemente não esta nadando no dinheiro como muita gente neste momento esta achando.
    Abraço
    Antenor Nogueira
    Pres. FNPPC da CNA

  9. Antonio Luiz Junqueira Caldas Filho disse:

    Não vamos esquecer q os frigoríficos acabam incentivaram muito o abate de fêmeas com preços muito próximos aos do macho! E esse tal de rastreamento, ainda não vi vantagem! Mato ´a vista em pequenos frigs com preço melhor do que boi rastreado a prazo! Então p que se mexer!
    Abraço ´a todos!
    Toni

  10. jorge luiz disse:

    Precizamos mais do que nunca valorizar nossa pecuaria,criando genetica mais avançadas ,melhorando nossa carne e exigindo do mercado consumidor mais preços,As classes C e D começa a exigir melhores cortes com mais qualidade, consumindo os mesmos cortes que consumia antes,mas quer mais qualidade, macies etc.
    Na comercialização do boi in natura,exigir que o nosso governo de respaldo de garantias no recebimento, quebrando essa cadeia de falencias de frigorificos,em detrimento a poucos que tem dinheiro subsidiado e oferece preços a vista aquem da realidade do mercado,fazendo que o trauma de não receber provoca onda baixista de preços
    Esta na hora da cadeia produtiva da carne se consolidar numa cadeia forte e organizada

  11. SérgioBarone disse:

    Caro Miguel,
    parabéns pelas colocações, acho que estamos numa estrada em que a eficiência será cada vez mais uma regra como em outros empreendimentos da pecuária. Entretanto como estou em uma região em que durante decadas, para não dizer nos últimos 100 anos, a produção de leite foi a exploração mais encontrada na região, hoje xiste uma tendência de se abandonar as terras e, na maioria dos casos, deixar virar mato novamente. Com a impossibilidade de se abrir novas áreas estas terras não devem ser olhadas com outros olhos? Será que a zona da mata de Minas não tem nesta circustância uma nova vocação? Como todos sabem estamos em uma região de índice pluviometrico alto, clima bom, próximos de mecados consumidores, ou seja com os preços de terras na região não será interessante se investir na região?
    Um abraço,
    Barone

  12. luiz fernando coelho dantas disse:

    Miguel,
    parabéns pela sua análise.
    na minha região o preço do bezerro está em torno de 130/140 a@. com este preço um bezerro de 7 arrobas custa 980,00 reais. vale a pena comprar com este preço para vender um boi de 16 arrobas por 1500,00( arroba a 90,00). estou confuso com este preço e achando que o melhor é esperar 2011.
    abraço
    Luiz Dantas

  13. Paulo Henrique Chagas de Moura disse:

    Caro Miguel – O Sul ( diga-se RS) ainda está andando de lado quanto ao preços do gado gordo em relação a SP , na base hoje industria top pagando R$ 6.20 no macho carcaça/kg – 15 % menos . Gostaríamos de andar junto,entretanto avisamos que o fenômeno La Nina está se confirmando no RS , principalmente na região produtora de terneiros/as reposição – poderemos ter a @ dos desmamados 2011 na base de R$ 120,oo . Sua avaliação e análise tem sustentabilidade . Quem viver verá . Abraço do SUL . Paulo Moura – São Borja-RS

  14. Edvaldo Souza Vieira disse:

    Parabens pela matéria.
    O que me estranha muito são as ocilações no preço do boi gordo que hora falam que não tem e derrepente aumenta a oferta tão rapidamente.
    Parece que tem uma mão invisivel manipulando esse mercado que eleva o preço do boi gordo, estrapola o preço da carne para o consumidor e em seguida tem-se que derrubar o preço da arroba.
    Esse desequilibrio atrapalha a propria pecuaria manter um ganho continuado assim com a propria produção da carne.

  15. Nilton P. Barbosa disse:

    Boa tarde Miguel,
    Sua matéria traduz exatamente minha opinião sobre a situação atual da pecuaria, colaborando com sua explanação devemos levar em conta o mercado mundial que atravessa uma fase de´pouca oferta nos paises produtores de carne, conforme li a poucos dias num artigo do Alexandre Mendonça de Barros na revista DBO. Devemos levar em consideração tambem o fato de que a recuperação do rebanho sera lenta pois perdemos as melhores terras para a agricultura (soja, cana, eucalipto etc) e o que nos sobrou uma boa parte completamente degradadas por falta de investimento, como vc mencionou, excessão apenas para as terras onde estão fazendo a integração lavoura/ pecuaria, mas que vai dar resultado na engorda principalmente, e mesmo com toda tecnologia de reprodução sempre vamos precisar de uma vaca para produzir um bezerro por ano ou a cada nove meses.
    um abraço
    Nilton Barbosa

  16. NARCISO JOSE FERREIRA disse:

    Acho que as colocações feitas por Miguel são reais e acrescento ainda; Caso o país não institua politicas de incentivo à produção no setor primario, neste caso à pecuaria de corte, estimulando a retenção de matrizes c/ beneficios fiscais quando da venda das crias, financiamentos de longo prazo e c/ taxas de juros compativeis c/ a atividade, disponibilizar infra-estrutura viáveis, tais como: estradas primarias c/ bom acesso, ampliação e manutenção de rodovias, ferrovias e portos; Para terem uma idea do descaso público, sou empresario no seguimento de insumos agropecuarios e agropecuarista, tenho confinamento ( estático de 4.000 animais ) podendo girar até 10.000 animais/ano, porém prestes a sair da atividade, pois neste país nada é levado à sério, quem se sujeitou às regras do SISBOV, como eu e tantos outros, agora estamos colhendo sómente custos e aborrecimentos pois a industria jura não estar exportando p/ países com tal exigência, portando não podendo remunerar o pecuarista, o que não é verdade, o volume não cresceu tanto, mas a receita sim, e é o que importa em qualquer negócio; Em se tratando de infra-estrutura, não tenho se quer estradas p/ escoamento da produção, atualmente ainda tenho bois gordos no cocho e sempre que preciso despacha-los p/ abate e caso esteja chovendo, tenho que disponibilizar trator pesado do tipo 4×4 p/ conduzir os veiculos carregados pelo percurso de apenas 12kms de estrada de chão até a BR 365, podendo assim os mesmos proseguirem em viagem; A propriedade localiza-se no municipio de Presidente Olegario-MG, e depende ainda do municipio de Patos de Minas-MG, o qual deveria dar manutenção em aproximadamente 05kms dos 12kms totais, porém só funciona quando juntamente com outros produtores vizinhos, damos manutenção minima à estrada, pois enfrentamos ainda questões ambientais, sendo impedidos de coletar cascalho p/ manutenção da mesma; Em relação a esta questão creio que o poder público deveria abrir exceção às prefeituras para tal procedimentos, tornando assim operações mais ágeis e menos burocraticas.

  17. FELIPE FAGGIONI disse:

    Hoje na minha região vaca gorda está indo para o gancho. ela com se diz dá um bom dinheirinho. vaca de 15@ a r$ 1500,00 dá para pagar muita conta. tem gente que não pensa 2 vezes para por esse dinheiro no bolso. o reflexo disso será um bezerro mais caro para o ano que vem. o nosso amigo miguel está falando em 20% a mais na @ do bezerro, mas eu tenho dúvida se isso não deva ser maior. dois fatores:

    1 – o rico para ele pouca diferença faz se a carne subir, a categoria de assalariado teve seu salário aumentado no começo do ano de 2010 em consequência do aumento do salário mínimo. sabemos que a participação do salário no pib tem aumentado a cada dia e é sinal que a economia está melhorando e isso parece que é um contexto global.

    2 – com o abate crescente e indiscriminado de fêmeas teremos como consequência um menor oferta de bezerros e um aumento do preço a patamares superiores ao dos anos anteriores

  18. celso de almeida gaudencio disse:

    Excelente análise que ajudará em muito ao produtor definir o grau tecnológico de recria e terminação de bovinos em 2011.

  19. Luiz Antonio Marques de Resende disse:

    Boa noite, Miguel.Creio que não faz sentido nem teremos preços abaixo dos patamares mencionados.Concordo com seu raciocínio e dou meus parabéns pelo excelente artigo.A colocação do J.Ricardo S. Rezende é também muito precisa no que se refere ao lento tempo de maturação do investimento feito em commodities,em especial no nosso ramo da pecuária de corte,com seu peculiar ciclo de produção.A volta do equilíbrio entre oferta e procura, demanda investimento na produção e retenção de matrizes,que tem que voltar a ter mais valor vivas criando que abatidas no gancho.Essas duas condições, o investimento e a retenção, dependem de faturamento e lucro operacional positivo,crescente e durando o horizonte de tempo necessário para sua maturação.Enquanto se abatiam matrizes numa proporção muito acima do descarte normal,enquanto vacas mojando eram embarcadas e pariam dentro de caminhões e dos currais dos frigoríficos ou despejavam bezerros de 8 ou 9 meses no piso da sala de matança,não apareceu ninguém,seja ligado a governos federal ou estadual,bancada ruralista,mesmo associações de classe com poucas e honrosas excessões,que denunciassem a situação de penúria do pecuarista,que foi obrigado a cortar sua própria carne,matar suas galinhas dos ovos de ouro para honrar seus compromissos,tratar de sua família e pagar seus funcionários.A imprevidência cobra agora seu preço.Não se pode deixar um setor importante como o nosso ter seus alicerces abalados pela descapitalização crônica, principalmente da classe média pecuarista que, se continuasse ou continuar como foi nos últimos 5 anos,desapareceria ou desaparecerá.O maior incentivo que existe para um produtor rural,são preços justos,remuneradores,que garantam lucro para reinvestir na atividade e assim,com o tempo, equilibrar desajustes conjunturais entre oferta e procura.Espero que os preços continuem bons,que novas empresas nacionais e estrangeiras invistam no abate,distribuição e exportação de carne bovina,rompendo oligopólios e oligopsônios.E que os grandes frigoríficos exportadores hoje existentes desistam de tentar quebrar o pecuarista,com manobras baixistas mafiosas jurássicas como a presente.Modernizou-se a pecuária como um todo,modernizou-se o pecuarista,modernizou-se a indústria frigorífica, o que permanece imutável é a mentalidade atrazada dos donos das indústrias,que insistem em não enxergar o pecuarista como parceiro,elo base da cadeia da carne,trabalhando, de modo geral, para esfolá-lo antes mesmo da esfola do seu boi no gancho,de todas as maneiras, pensáveis e impensáveis.Creio que me extendi demais.Concluo agradecendo ao nosso BeefPoint a oportunidade de ler opiniões de nossos companheiros de profissão e manifestar nosso próprio pensamento e,às vezes,um desabafo,o que considero um privilégio. Muito obrigado.

  20. Maria Lúcia de Barros Mendes Kassar disse:

    Ola Miguel,
    Parabens pela analise da situacao atual. Esperamos que a @ suba mais em 2011 para que os pecuaristas possam voltar a investir na pecuaria, possibilitando recuperar pastagens o que demanda enormes gastos. Essa ligeira alta esta sendo benefica para estancar a venda de matrizes para socorrer o custeio das fazendas. Saliento que o pantanal na Nhecolandia continua com comunicacao precaria, celulares funcionando apenas a noite e eventualmente, em horarios nao comerciais, o que dificulta e muito o trabalho na regiao. Esperamos que as promessas de luz e telefonia rural sejam finalmente cumpridas pelos governantes, que muito contribuira com o bem estar da mao de obra no campo e consequente aumento da producao.
    Cordiais saudacoes,
    Maria Lucia

  21. ANIBAL FEIJÓ DOS SANTOS disse:

    Meus parabéns pelas suas colocações todas elas se adequam ao mercado de hoje!!!!

  22. Gerson Oliveira disse:

    Parabéns pelo artigo Miguel.

    Com a alta do preço da @ vejo que muitos pecuaristas estão descartando um grande número de fêmeas, cenário que já vivenciamos e outras situações comentadas no artigo.
    A longo prazo isso pode nos gerar um grande problema.
    Gostaria que comentasse um pouco sobre isto Miguel.
    Obrigado.

  23. Marcos Antonio Dias Jacinto disse:

    Miguel, parabéns pela carta, sempre muito didatica…

    Mas e o nosso desfrute? Como esta , tem espaço para melhorar a eficiencia e o quanto isso ira impactar na oferta?

    percentual de bezerros desmamados?
    peso destes bezerros?
    retenção de vacas vazias!
    Idade ao primeiro parto das femeas?

    um grande abraço

    Marcos

  24. Josmar Almeida Junior disse:

    Vamos proteger nosso negócio….

    Quantas @/ha a cria do Brasil produz e remunera ?

    Acredito ser o grande “buraco negro” da pecuária brasileira, e nossas previsões devem considerar:

    – 1 BOA bezerra “brasileira” desmamada de 170 kg com 8 meses irá parir o primeiro bezerro (a) aos 32/33 meses (GMD: 0,35 com peso de cobertura de 330 kg).

    – o primeiro intervalo entre partos dela será de 15 meses, ou seja, ela irá aumentar a família com 42 meses.

    – após ao segundo bezerro (a) ela terá um intervalo entre partos de 13 meses, lembrando que ela é das boas, e sua vida reprodutiva será de 10 anos.

    – sendo assim ela acumulará em sua vida reprodutiva 8 bezerros, que multiplicados por uma média de 7,5@, teremos a boa bezerra produzindo 60 @ em 10 anos, o que divididos ao ano chegamos a 6@/ano.

    – mas nem todas as irmãs e amigas da boa bezerra vão parir, sendo que 15% delas resolvem levar uma vida diferente, prejudicando os números da boa bezerra e os levando a uma produção de 5,1 @/ano

    – mas lembremos que não iremos desmamar todos os bezerros dela e de sua amigas, e como ela é boa, e com certeza a fazenda também é, perdermos apenas 5% dos bezerros, chegando a 4,85 @/ ano.

    – e para tudo isto dar certo, a boa vaca tem que comer bem, ou seja, não pode faltar pasto em quantidade e qualidade, e aí então ela começa a “brigar” com seus irmãos e amigos bezerros, pois a correção mínima em lotação entre a cria x recria/engorda é de 25%, ou seja onde cabe uma vaca cabe no mínimo 1,25 bezerro/garrote/boi.

    – na ponta do lápis teremos então:

    1 vaca/ha x 4,85 @/ano: 4,85 @/ha/ano x R$ 120,00: R$ 582,00 brutos/ano

    1,25 recria/engorda X 4,85 @/ano: 6,06 @/ha/ano x R$ 100,00: 606,25 brutos/ano

    obs.: e ainda não considerei a 10% de melhor desempenho do macho…

    Desta forma eu imagino 2 barris, sendo o barril da cria tendo que transbordar @, para iniciar o enchimento do barril da recria/engorda, e é ai que o buraco negro de forma…

    Todos do meio sabem, e não podemos negligenciar, que a grande maioria das vacas morrem sem nota na mão dos marreteiros de plantão..

    Os índices citados acima são relativos a nossa boa bezerra…

    Os preços da @ convidativos no último período também ocorrerão para as fêmeas, e o bezerro dela não virá para frente.

    Como na cadeia de frango e suíno, onde os custos e preços não são atrativos, direciona-se o matrizeiro para o caldo KNORR e lingüiça defumada… devemos também formar estratégias para podermos ter todas as rédeas da cadeia pecuária em nossas mãos.

    Associativismo e Verdadeira União…

    É engraçado como um país onde o consumo de carne de frango já está maior que o consumo de carne de boi, a nossa carne puxar o preço da do frango…

    Parabéns pelo artigo, e por toda contribuição a cadeia do portal Beffpoint.

    Abraços.

  25. Roberto Jank Jr. disse:

    Miguel
    Ótima análise. Para o confinamento 2011, porém, é preciso ainda uma luz sobre o que vai acontecer com o preço dos alimentos.
    Os preços atuais de milho, soja, polpa, algodão e outros já superam em reais os valores de 2003 (com U$ a 3,80) e os do primeiro semestre de 2008, durante o auge da bolha das commodities.
    É uma incógita qual será o custo de produção de carne em confinamento com a manutenção ou ainda possível elevação desses preços.
    O consolo é que frango e porco certamente vão ter um impacto ainda mais expressivo que o boi nos custos relativos.
    abraço,
    Roberto

  26. Alexandre de Melo Lemos Neto disse:

    Caro Dr Miguel,

    Devemos ficar atentos pois ninguem concluiu que o abate de de femeas tenha diminuido, pelo contrario os atuais precos ainda contribuem muito para abate de femeas. Para falar verdade o que se esta abatendo de vacas leiteiras nao é brincadeira. Outro ponto que nos devemos trabalhar e com relacao a opiniao publica estao achando que os pecuaristas sao culpados e que estao ricos. Ou seja o povo so ve as pingas nao ve os tombos.

  27. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Roberto, obrigado pelo comentário.

    Concordo que os preços dos alimentos está muito mais alto. E isso deve impactar na decisão do confinador.

    O lado positivo, para o confinamento, é que a reposição está com preço bem baixo, se comparado com o histórico relativo ao preço do boi gordo. E o gado magro representa uns 70% do custo do confinamento.

    Eu acredito que a reposição vai subir quando tivermos mais pasto.

    Abraços, Miguel

  28. carlos massotti disse:

    Alo Miguel – permita-me discordar de alguns pontos da sua exposicao – Primeiro lugar voce afirma que a economia mundial em especial os paises emergentes, estah em recuperacao com aumento de demanda por todo o tipo de produto ,com destaque para carnes e lacteos – se voce com isto quiz dizer que existe uma recuperacao de demanda de carne bovina brasileira permita-me dizer que isto nao corresponde a realidade pois os precos brasileiros hoje no mercado internacional nao sao competitivos -demanda para a carne bovina existe e sempre existiu mas os nossos precos sao impraticaveis no mercado internacional hoje em dia –

    outra informacao sua – incorreta – eh a de que as exportacoes de carne bovina brasileira estao firmes – as exportacao nao estao firmesexatamente o oposto! – em numero de toneladas exportadas vem caindo apesar de alguma recuperacao das quantidades em 2010 – -para informacao em 2007 exportamos em media 107.000 tons mensais – em 2008 – 85.000 tons mensais – 2009 exportamos 77.000 tons mensais – em 2010 exportamos ate 30 de outubro media de 83.000 tons com muito sacrificio e prejuizos – visto os nossos precos hoje serem superiores a praticamente todos os outros exportadores mundiais inclusive a Australia -so estamos mantendo um numero de exportacao em torno de 80.000 tons mensais em funcao de compromissos de exportacao assumidos em especial pelos grandes grupos sendo a grande maioria das exportacoes de dianteiros -e tambem mercados que nao tem outra opcao a nao ser comprar aqui no Brasil (tipo Iran por exemplo) – mas a continuar esta situacao de dolar baixo e preco de boi nas alturas tudo leva a crer que esta media mensal de exportacao possa cair significativamente ainda em 2010 –

    hoje em dia o mercado interno praticamente supera todos os precos de exportacao – com excecao talvez de dianteiros que num eventual aumento de abate comecam a sobrar no mercado interno – e esta situacao nao deve mudar muito em 2011 – havera sim como ja esta ocorrendo uma drastica reducao no consumo interno , empurrando os precos para traz a partir do balcao do supermercado – isto deve acomodar o preco do boi um pouco para baixo, mas nao muito ,em parte por nao existir tanta oferta de animais -mas que os pecuaristas nao se animem muito pois os precos records do boi alcancados nestas ultimas semanas nao mais se repetirao pela recusa dos mercados – interno e externo -em pagar os precos altissimos pela nossa carne bovina – e a velha lei da oferta e procura vai acabar se manifestando.

  29. Ricardo da Silva Ferreira disse:

    Miguel parabens pela sua analise !!!

    Mostrando de uma forma mais clara a nossa realidade.
    Um ponto que quero colocar, é que não só o abate de femeas, mais como voce colocou, a falta de investimento no rebanho, dando como exemplo um certo relaxo na nurtrição(mineral, pastagens,etc), e obedecendo o ponto de vista que o “cio” entra pela boca, ficamos com femeas com menos cio e por sua vez menos bezerro.

  30. claudio de almeida queiroz disse:

    parabens , miguel, pela sua analise tecnica .

    so uma ampla visao de mercado global da carne bovina pode-se ter uma perspectiva de longo prazo. concordo tambem com antenor nogueira que devemos levar em consideraçao o preço dos insumos.espero que a estiagem 2010-2011 nao nos traga maiores transtornos.

  31. Thales Loureiro disse:

    Parabens Cavalcanti,

    Exelente analise tecnica para finalizar o 2010.

    Algumas regioes no MT como Vale do Araguaia o preço da @ esta abaixo do mercado, Apenas um figorifico esta na ativa na Barra do Garças. ” Esperamos que outros investidores observem a oportunidade “.
    No municipio de Confresa, esta localizada entre as Regiões do Xingu e Vila Rica são regioes que chamamos terra do boi gordo, esta com estrutura figorifica desativada.

    Estamos na expectativa muito boa para mercado em 2011…

    Feliz Natal e um prospero Ano Novo

  32. joan ferraz mota pereira disse:

    Voçe esqueceu o principal fato a seca prolangada!

  33. Jose Eduardo da Silva disse:

    o boi subiu tanto pelo motivo dos EEUU e australia reduzirem seus rebanhos, juntando com a melhoria do mercado interno, a tendencia é que dentro dos 3 anos o boi vai ficar no preço justo, não vai ter deflação pois a demanda é maior que oferta e esta lei é universal.

  34. francisco carlos de paula dias disse:

    Miguel,parabens pela explanacao,bastante coerente e com bom senso.

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