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Por impacto do coronavírus, BC reduz projeções de inflação de 2020 a 2022

O Banco Central reduziu suas projeções para a inflação deste e dos próximos dois anos. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação de março, divulgado nesta quinta-feira, a autoridade monetária agora projeta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2,6% neste ano, 3,2% em 2021 e 3,3% em 2022.

Essa previsão considera câmbio e juros estimados na pesquisa Focus, compilação semanal de projeções coletadas junto ao mercado financeiro. No relatório anterior, de dezembro de 2019, as projeções eram de 3,5% em 2020, 3,4% em 2021 e 3,4% em 2022.

No cenário com taxa Selic e câmbio constantes, o BC estima o IPCA em 3,0% em 2020, 3,6% em 2021 e 3,8% em 2022. Essa projeção condicional pressupõe juros estáveis em 4,25% ao ano e a taxa de câmbio na média de R$ 4,75, vigente nos cinco dias úteis anteriores à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central da semana passada.

No documento de dezembro, as estimativas eram de 3,6% para 2020, 3,7% para 2021 e 3,9% para 2022. Naquela projeção, utilizou-se taxa de juros estável em 5% ao ano e taxa de câmbio de R$ 4,20 vigente nos cinco dias anteriores à reunião de setembro do Copom.

Impacto do novo coronavírus

O BC atribuiu as quedas nas projeções de inflação em seus principais cenários em função da pandemia de covid-19.

“Mais recentemente, os desenvolvimentos relacionados à pandemia do novo coronavírus tiveram papel fundamental na queda das projeções. De um lado, a depreciação acentuada da taxa de câmbio exerce pressões inflacionárias. De outro lado, a redução nos preços de commodities, com destaque para o preço do petróleo, exerce uma significativa pressão desinflacionária”, diz o relatório.

Outro fator que pesou foi o movimento dos preços das carnes, que fizeram a inflação disparar no fim do ano passado.

“Depois dos efeitos inflacionários do choque de preço de proteínas, que se manifestaram de forma mais intensa do que a esperada no final de 2019, observouse reversão parcial no início de 2020. Essa antecipação da inflação esperada do anocalendário de 2020 para o ano-calendário de 2019 acabou por contribuir para a queda nas projeções para 2020”, diz o BC.

Probabilidade de estourar a meta

A meta de inflação do governo é de 4% para 2020, 3,75% para 2021 e 3,5% para 2022. O intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

A probabilidade de o IPCA fechar abaixo do piso da meta em 2020 é de 33% e de ficar acima do teto é de 2%, de acordo com as novas estimativas, considerando o cenário com taxas de juros e câmbio constantes.

Para 2021, as chances de ficar abaixo do piso são de 17% e de ficar acima do teto, de 12%. Para 2022, as chances de ficar abaixo do piso são de 10% e de ficar acima do teto são de 20%.

Pelo regime de metas de inflação, o BC deve perseguir uma variação do IPCA de 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022. O sistema prevê um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais e para menos.

No cenário com juros e câmbio projetados na pesquisa Focus, a chance de estourar o teto da meta é próxima de 0% e de furar o piso, de 46% em 2020. Para 2021, essa probabilidade é de 7% para superar o teto e de 25% para furar o piso. Para 2022, a chance é de 11% para o estouro do teto e de 17% para cair abaixo do piso.

Quando a inflação anual fica fora do intervalo de tolerância, o presidente do BC precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Economia explicando os motivos que levaram ao não cumprimento da meta e detalhando ações que serão tomadas para corrigir o problema.

Fonte: Valor Econômico.

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