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Plano quer viabilizar investimento ‘verde’

O Lab, acelerador de instrumentos financeiros da ONG Climate Policy Iniciative (CPI), selecionou duas propostas de financiamento à agricultura sustentável no Brasil para serem desenvolvidos pelos próximos seis meses. Os dois projetos pretendem destravar, no total, US$ 2 bilhões em financiamentos em até dez anos para projetos com critérios de sustentabilidade social e ambiental.

Um dos projetos, o Sustainable Agriculture Finance Facility, foi criado pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e pela Associação Rede ILPF para fomentar projetos de integração lavoura-pecuária-floresta – técnica hoje aplicada em 16 milhões de hectares no país.

A proposta é criar um mecanismo financeiro que esteja vinculado à atribuição de uma “nota” sustentável às propriedades interessadas no financiamento. O “rating” será calculado a partir de 120 indicadores socioambientais, agronômicos e econômicos e será usado para modelar as condições de financiamento, diz José Pugas, da Rede ILFP.

O rating das propriedades será atualizado constantemente, com base em um aparato que inclui monitoramento por satélite, inteligência artificial e blockchain. A ideia, diz Pugas, é que o monitoramento em tempo real permita à rede oferecer assistência técnica imediata aos produtores candidatos ao financiamento para “corrigir” práticas e, assim, evitar perdas. O mapeamento ainda servirá de guia para uma assistência customizada, o que possibilitará a melhora da nota das propriedades.

“Hoje o produtor não adota a integração por dificuldade de acesso ao crédito, à assistência técnica e ao mercado. A proposta é facilitar esses itens, conseguindo investimentos internacionais para que o dinheiro chegue ao produtor de forma mais eficiente”, afirma Renato Rodrigues, presidente da Rede ILPF e pesquisador da Embrapa. A meta, afirma ele, é levantar com investidores US$ 1 bilhão até 2030 para financiar os produtores brasileiros.

O segundo instrumento eleito foi o Conexsus Impact Fund, criado pelo Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis. O foco do fundo são pequenas organizações rurais e florestais que já têm práticas sustentáveis (como cooperativas, associações, grupos extrativistas e indígenas e pequenas e médias empresas), mas que têm dificuldade de acessar crédito. Um mapeamento do instituto feito em 2018 coletou dados de 1.040 organizações de produção agroflorestal, orgânica ou outras formas sustentáveis. Destes, menos de 10% havia acessado o Pronaf.

A ideia do Conexsus é trabalhar em duas frentes: na captação de recursos junto a investidores de impacto para financiar diretamente essas organizações e na assessoria para que elas captem recursos no Pronaf que poderiam ser destinados a projetos florestais. Nesta frente, o fundo pode dar apoio direto na estruturação de garantias ou na concessão de empréstimos-ponte para recuperar crédito, o que muitas vezes lhes impede o acesso a crédito público, afirmou Carina Pimenta, diretora-executiva da Conexsus. Assim, o fundo atuará como catalisador. O objetivo é levantar com investidores US$ 10 milhões em dez anos e alavancar US$ 1 bilhão em financiamentos.

Para a seleção dos projetos, o Lab levou em conta o grau de inovação do instrumento financeiro, sua rápida viabilidade, o potencial de atração de interesse privado em escala para projetos de desenvolvimento sustentável, e a sustentabilidade financeira dos mecanismos, explica Barbara Buchner, diretora geral do CPI. Também foi levada em conta como os projetos estão relacionados às metas nacionais acordadas pelo país no Acordo de Paris.

Fonte: Valor Econômico.

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