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7 de novembro de 2007

Planejamento forrageiro: 1 – Ferramenta essencial

O estabelecimento de objetivos claros é um ponto-chave para o sucesso de qualquer sistema de produção. No caso de sistemas de produção animal, a melhora na eficiência de alimentação do rebanho, alcançada a partir de um bom planejamento alimentar, é um dos principais objetivos a ser perseguido. Este planejamento é ainda mais importante quando a disponibilidade de alimento varia fortemente durante o ano, principalmente em sistemas que utilizam pastagem.

O estabelecimento de objetivos claros é um ponto-chave para o sucesso de qualquer sistema de produção. No caso de sistemas de produção animal, a melhora na eficiência de alimentação do rebanho, alcançada a partir de um bom planejamento alimentar, é um dos principais objetivos a ser perseguido. Este planejamento é ainda mais importante quando a disponibilidade de alimento varia fortemente durante o ano, principalmente em sistemas que utilizam pastagem.

O planejamento de sistemas em pasto baseia-se em informações como a projeção da dinâmica do rebanho, a identificação de épocas críticas para sua nutrição (estação de monta, período de engorda, etc.) e o estabelecimento de níveis esperados de produtividade da pastagem ao longo do ano.

Essas informações permitem, então, estabelecer épocas de provável escassez ou excesso de forragem e possibilitam prever intervenções de manejo para minimizar estresses nutricionais dos animais e condições inadequadas de utilização da pastagem. A falta de planejamento adequado para o sistema de produção torna improvável a obtenção de desempenho bioeconômico satisfatório para o empreendimento. Com isso, a ineficiência na gestão dos recursos forrageiros resulta em baixa lucratividade, má gestão de riscos, baixa produtividade, degradação das pastagens e, inclusive, na inconcebível morte de animais por desnutrição.

A adoção de técnicas de planejamento tem proporcionado sucesso a muitos técnicos e produtores. A avaliação pontual do sistema de produção e a carência de análise e de interpretação das informações disponíveis determinam, em muitas situações, decisões equivocadas, o que, freqüentemente, faz com que técnicas e tecnologias promissoras proporcionem inúmeros casos de insucesso e prejuízos nas propriedades (CORSI et al., 2001).

O planejamento, de modo geral, pode ser dividido em três níveis básicos: o estratégico, o tático e o operacional. Decisões estratégicas têm plano igual ou superior a um ano, normalmente envolvendo metas para 3 a 5 anos (longo prazo). É no planejamento estratégico que se estabelece metas para a produtividade, se estima fluxos financeiros e índices financeiros econômicos, além de se proceder a avaliações de impacto social e ambiental (OENEMA et al., 1998).

Em relação aos recursos forrageiros, o planejamento estratégico do sistema de produção estabelece, em linhas gerais, estimativas da quantidade de forragem produzida em cada área ou piquete e as metas para taxa de lotação, produtividade animal e quantidade demandada de forragem. Ou seja, o estratégico compatibiliza a capacidade produtiva da fazenda com a quantidade de alimentos demandada pelos animais para os cenários de produção previstos. Para isso, é fundamental que sejam considerados aspectos como (BLANCHET et al., 2000):

• Tamanho (área) dos talhões ou piquetes;
• Topografia, textura e tipo de solo, impedimentos físicos e fertilidade das áreas;
• Glebas problemáticas na fazenda (pedregosidade, problemas de drenagem);
• Plantas forrageiras cultivadas (leguminosas e gramíneas, incluindo forrageiras para corte ou conservação);
• Condição climática local (temperatura, quantidade e distribuição de chuvas);
• Tamanho das áreas atuais de arrendamento de pastagens;
• Níveis de adubação;
• Irrigação;
• Estoques de forragem, possibilidade de aquisição de forragens conservadas ou de uso de capineiras, possibilidade de utilização de suplementos.

O planejamento tático considera decisões de médio-prazo e tem por objetivo promover ajustes no planejamento estratégico, considerando ações aplicáveis a um plano inferior a um ano (MILLIGAN et al., 1987). Isso envolve, por exemplo, mudanças: nas datas para compra e venda de animais devido a uma condição indesejada da pastagem (como a redução da massa de forragem abaixo da meta, superpastejo ou subpastejo); na utilização de áreas para conservação de forragem; na área ou no método de renovação de pastagens, em razão de oportunidades de mercado (abertura de novas linhas de crédito, aquisição de sementes, calcário, fertilizantes com relação custo/benefício mais favorável, etc.); na necessidade de controle de pragas, doenças e plantas daninhas; e na formulação de suplementos e na estratégia de suplementação do rebanho.

O terceiro nível de planejamento é o operacional (curto prazo), com abrangência temporal de dias ou semanas. No caso do planejamento forrageiro, as ações de nível operacional incluem a alocação de pastagem para as várias categorias animais, visando manter condições adequadas para a pastagem e para o desempenho animal. Dessa maneira, são tomadas decisões relacionadas à seqüência de utilização dos piquetes, tempo de ocupação e de descanso, intensidade de pastejo e remanejamento de animais entre lotes.

Deve-se buscar a interação harmônica entre os objetivos e as metas a curto, médio e longo prazo. Pensando assim, tem-se que o planejamento forrageiro é um processo envolvendo uma hierarquia quanto às decisões. O objetivo de estabelecer essas metas em diferentes níveis é priorizar as atitudes a serem tomadas (as metas de nível estratégico devem ser prioritárias). Não se pode, por exemplo, estabelecer um plano operacional de pastejo sem primeiro especificar quais forrageiras, categorias animais, taxas de lotação ao longo do ano e épocas de compra e venda de animais serão utilizadas.

A projeção dinâmica do rebanho e a estimativa da produção de massa de forragem ao longo do ano são essenciais para um bom planejamento forrageiro. Estes temas serão discutidos nos próximos artigos desta série.

Referência bibliográfica:

BLANCHET, K.; MOECHNIG, H.; DEJONG-HUGHES, J. Grazing Systems Planing Guide. St. Paul: University of Minnesota, 2000. p. 47 (Extension Service Publication, BU – 07606-S).

CORSI, M.; MARTHA JÚNIOR, G. B.; BALSALOBRE, M. A. A. et al. Tendências perspectivas da produção de bovinos sob pastejo. In: PEIXOTO, A.M.; PEDREIRA, C. G. S.; MOURA, J. C. et al. (Ed.). A planta forrageira no sistema de produção. Piracicaba: FEALQ, 2001, p. 3-69.

FLEURY, P.; DUBEUF, B.; JEANNIN, B. Forage management in dairy farms: A Methodological Approach. Agricultural Systems, Barking, v.52, n.2/3, p. 199-212, 1996.

MILLIGAN, K. E.; BROOKES, I. M.; THOMPSON, K. R. Feedplanning on pasture. In: NICOL, A. M. (Ed.) Livestock feeding on pasture. Hamilton, N.Z.: New Zealand Society of Animal.

OENEMA, O.; GEBAUERS, G.; RODRIGUEZ, M. et al. Controlling nitrous oxide emissions from grassland production systems. Nutrient Cycling in Agroecosystems, v.52, p.141-149, 1998.

0 Comments

  1. marcos martins disse:

    Estou pensando em plantar o capim mulato ll no extremo sul da bahia, gostaria de saber se este campim e mesmo excepicional em relacao ao braquiarao. Muito obrigado.

  2. mauro cesar trannin disse:

    Gostaria de plantar pastagens de inverno em minha propriedade, qual a melhor especie recomendada, ja que o clima aqui é quente.

    Muito obrigado

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