As incertezas acerca dos reflexos do coronavírus sobre as economias brasileira e global, cada vez mais negativos, levaram o Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) a revisar para baixo suas estimativas para o crescimento da agroindústria brasileira em 2020.
No novo cenário traçado, o FGV Agro passou a projetar o avanço do segmento em geral no ano em 0,7%, ante crescimento calculado inicialmente em 1,4%. A redução é fruto de ajustes para baixo tanto na área de alimentos e bebidas, de 2,1% para 1,1%, quanto na de produtos não-alimentícios, de 0,8% para 0,4%.
“Por trás dessas revisões, há a expectativa de menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), menor confiança do empresário industrial e leve redução das exportações. A contração das expectativas foi aliviada pelo dólar mais caro”, informou o FGV Agro.
Em janeiro, o desempenho foi positivo. O Índice de Produção Agroindustrial Brasileira (PIMAgro) calculado pelo centro da FGV registrou altas em relação a dezembro (3%) e na comparação com janeiro de 2019 (0,5%).
O PIMAgro é baseado em dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE e nas variações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), da taxa de câmbio e do Índice de confiança do Empresário da Indústria de Transformação (ICI) da FGV.
Ante dezembro, o salto observado foi puxado pelos produtos não-alimentícios (4,4%), mas também houve crescimento no ramo de produtos alimentícios e bebidas (1,2%), com destaque para a alta de 9,7% da produção de alimentos de origem animal.
Em relação a janeiro de 2019, o resultado foi garantido pelo segmento de produtos alimentícios e bebidas, que registrou expansão de 0,9%. No caso dos produtos alimentícios houve crescimento de 0,8%, graças ao forte avanço da produção de alimentos de origem vegetal (8,4%) – na área de produtos de origem animal a variação foi negativa (2,7%).
Na área que inclui os produtos não-alimentícios houve estabilidade, mas algumas oscilações chamaram a atenção. Enquanto os biocombustíveis cresceram 16,5%, na produção de borracha a retração chegou a 8,6%. Outro ramo que registrou desempenho negativo nessa mesma comparação foi o de insumos (2,2%).
Consultorias consultadas pelo Valor nos últimos dias temem que o cenário piore nos próximos meses, tendo em vista a paradeira das atividades em diversos países. No mercado de açúcar, por exemplo, as estimativas para o consumo global já começaram a ser reduzidas de forma expressiva, e o mesmo poderá acontecer em outras frentes.
Até agora, as previsões oficiais sinalizam para um aumento do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária nacional em 2020 – 8,2% em relação a 2019, para o recorde de R$ 683,2 bilhões – e, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio do país como um todo também crescerá no ano, entre 3% e 4%.
Fonte: Valor Econômico.