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Pesquisa avalia Manejo silvipastoril da produção de gado de corte para neutralizar o impacto ambiental das emissões de metano

É bem reconhecido que os sistemas comerciais de produção de gado de corte têm um grande impacto nas mudanças climáticas, principalmente devido à emissão de metano entérico (CH4).

Por isso, uma pesquisa brasileira avaliou se a integração de animais, pastagens e produção de madeira em sistemas silvipastoris (SPS) ajudaria a neutralizar o impacto da emissão entérica de CH4, facilitando o armazenamento de carbono como carbono orgânico do solo (SOC).

O estudo foi realizado na Fazenda Triqueda, localizada na Bacia do Rio Paraibuna, na cidade de Coronel Pacheco, no estado de Minas Gerais, com um rebanho de 150 vacas em 100 ha de Urochloa brizantha com Eucalyptus urograndis, em quatro configurações de árvores. Com base nos dados coletados ao longo de oito anos consecutivos, o balanço de gases foi estimado.

Para todos os tratamentos SPS médios, o equivalente de dióxido de carbono (CO2e) de estoque adicional de C excedeu as emissões. Considerando apenas o sequestro de C das árvores, o sequestro médio de CO2e foi de – 26,27 MgCO2e ha-1, enquanto as emissões médias de CO2e foram de 23,54 MgCO2e ha-1 para CH4 entérico mais pastagem mais árvores, dando um saldo líquido negativo de – 2,73 MgCO2e ha-1.

Esta pesquisa demonstrou que foi possível neutralizar a emissão de CH4 entérico na produção de bovinos de corte através de árvores no SPS no estudo de caso da Fazenda Triqueda. Também validou que o SPS, além de fornecer uma fonte de alimento para os animais (biomassa de pastagem), realiza sequestro de C, como SOC, em escala significativa.

A “perda” de CO2e analisada foi compensada pelo sequestro de C do solo em pools de SOC de longa duração, melhorando a resiliência dos sistemas agrícolas, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de fertilidade do solo, mitigando as emissões de gases de efeito estufa, proporcionando benefícios na produção pecuária e para remediação ambiental.

Este estudo também pressupõe que o arranjo com Eucalyptus urograndis (clone i-144) para produção de madeira de serração em uma configuração de fileira em espaçamento de 3 x 15 m (238 árvores ha-1), permitiria mais benefícios na produção pecuária e remediação ambiental para estas eco-regiões experimentais (paisagem montanhosa).

Portanto, a adoção do SPS pelos pecuaristas tem o potencial de consolidar sua transição do sistemas de monocultura para o sistema agroflorestal, capaz de desenvolver uma fonte segura de proteína animal (leite ou carne), consequentemente, aumentando a segurança alimentar e diminuindo o aquecimento global.

A pesquisa foi realizada pelos pesquisadores brasileiros Leonardo de Oliveira Resende (Departamento de Geografia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), Marcelo Dias Müller (Embrapa), Marta Moura Kohmann ( Range Cattle Research and Education Center, University of Florida), Luís Fernando Guedes Pinto (Imaflora, Piracicaba/SP), Laury Cullen Junior (Institutto Ipê, Nazaré Paulista, SP), Sergio de Zen (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e Luiz Felipe Guanaes Rego (Departamento de Geografia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).

Fonte: de Oliveira Resende, L., Müller, M.D., Kohmann, M.M. et al. Agroforest Syst (2019). https://doi.org/10.1007/s10457-019-00460-x

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