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Péricles Salazar (Abrafrigo): Qual dono de frigorífico, em sã consciência, deseja esmagar o produtor rural?

"Qual dono de frigorífico, em sã consciência, deseja esmagar o produtor rural, sabendo que dele depende, assim como o ar que respira, para sobreviver ? Como se pode usar apenas este falso argumento, omitindo-se sobre as causas e consequências das razões que induziram as entidades representativas da indústria a pedir a taxação nas exportações de boi vivo?"

O leitor do BeefPoint Péricles Salazar, presidente Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), enviou comentário ao artigo A cadeia quebrada sobre a taxação da exportação de gado vivo pelo Brasil.

Leia o comentário na íntegra:

“Relutei um pouco em escrever sobre este tema, normalmente mais analisado sob o lado emocional do que o racional. Mas, do bom debate não posso e não devo me furtar de fazer os meus comentários.

O Sr. Carlos Viacava é um brasileiro conhecido por seu belo trabalho no setor público. Discípulo de Delfim Netto, contribuiu em muito na formulação de políticas econômicas que ajudaram a fazer crescer o nosso país. Agora, na condição de pecuarista e líder rural, continua dando a sua cota de contribuição para o agronegócio brasileiro.

Concordo parcialmente com os seus comentários. Não posso aceitar a observação de que os frigoríficos, por intermédio de suas entidades, queiram fazer reserva de mercado e que o objetivo maior embutido na proposta ao MDIC/CAMEX seja pagar menos ao pecuarista. Esta é uma visão romântica e equivocada de se analisar o contexto no qual se inserem as exportações de boi em pé.

Qual dono de frigorífico, em sã consciência, deseja esmagar o produtor rural, sabendo que dele depende, assim como o ar que respira, para sobreviver ? Como se pode usar apenas este falso argumento, omitindo-se sobre as causas e consequências das razões que induziram as entidades representativas da indústria a pedir a taxação nas exportações de boi vivo?

Por que não considerar também os problemas e aflições da indústria frigorífica, como por exemplo, não poder remunerar melhor o produtor diante de um mercado consumidor que se baseia primordialmente pelo preço, mesmo com o sacríficio da qualidade ? Por que não contesta as absurdas margens de lucro dos supermercados que não dão espaço e que sugam o quanto podem dos seus fornecedores ?

Já tive a oportunidade de dizer anteriormente: a ABRAFRIGO e creio que também as demais entidades de representação da indústria frigorífica, não são e nunca serão contra os produtores. O que não podem é assistir passivas o desmoronamento de suas empresas quando fatores que ocorrem alheias a sua vontade contribuem para prejudicar os seus interesses e sua sobrevivência.

No caso específico das exportações de boi em pé, reitero, este é um nicho de mercado que respeitamos e sabemos que não têm volta. O que se está pedindo é apenas igualdade de tratamento tributário, para fins de competição igual, entre aqueles que compram dentro do país e os importadores que abatem em seus países de destino.

Exagerou-se na dose com os 30%, até posso concordar, mas algo precisa ser feito para que os dois lados possam encontrar um denominador comum de equilibrio. E aqui só vejo uma saída: conversar, dialogar, negociar e, finalmente, perseverar até que se encontre uma solução compartilhada. A solução não virá do governo, mas de nós mesmos. Espero que a ABRAFRIGO, ABIEC, UNIEC, ABEG e CNA sentem-se à mesa e iniciem um entendimento, não apenas sobre este tema, mas também sobre todos os outros que impedem o desenvolvimento da cadeia produtiva como um todo. Esta cadeia ainda existe, sim. Sem retóricas e mais racionalidade.”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

 

 

 

9 Comments

  1. Antonio Silvio Moura disse:

    Foi necessário que Carlos Viacava se pronunciasse daquela forma para provocar tal reação e o debate é positivo.
    O varejo vende carne de boi como boi e vaca como boi. O consumidor é lesado nesse ítem já que o produtor recebeu menos pela vaca. E esse é o aliado do produtor, o consumidor. Dormente, que precisa ser despertado. União dos pecuaristas é o que falta.
    Mas do jeito que a coisa anda, a ABRAFRIGO pode mudar seu nome FRIBOI-FRIGO pois a concentração alcançada por este acaba com qualquer cadeia.

  2. Gil Reis disse:

    Respondendo ao título do artigo:

    – os grandes grupos frigoríficos, com honrosas exceções, associados às três irmãs, que com o pedido espúrio de taxação da exportação de boi vivo, pretendem eliminar uma das alternativas mais interessantes de comercialização dos pecuaristas.

    Já imaginaram os pecuaristas ficarem dependentes de um grupo frigorífico gegantesco que ja recebeu todas as benesses?

  3. Eduardo Miori disse:

    Caro Sr Pericles Salazar
    Rebatendo seus argumentos tenho alguns comentarios:
    1)Que ações fazem os frigoríficos para reduzir a margem de lucro dos supermercados e assim atuar sobre a demanda de carne bovina?
    Resposta:Nenhuma.Os frigoríficos só atuam pressionando os preços da arroba seja no mercado físico,seja no futuro.
    2)As aflições dos frigoríficos não teriam sido causadas pelos planos de expansão vertiginosos abraçando novas atividades e regiões do planeta sem a competência requerida?
    3)O que estamos questionando é exatamente a sã consciência do setor de frigoríficos que o senhor assume como existente e nós produtores nem tanto.
    A sua intervenção vem corroborar as conclusões do artigo de Carlos Viacava e todas as manifestações a favor dele.
    Os senhores continuam surdos ao mercado e ao resto da cadeia.
    O resultado o senhor mesmo antecipou.O esmagamento do pecuarista.

  4. Gustavo Carvalho disse:

    Prezado Sr. Péricles. Acho que não cola não. Apaixonado é o seu discurso.

    O Sr. está querendo me dizer que se um pecuarista, por doença, por urgência ou até mesmo por desconhecimento resolver oferecer seus bois abaixo do custo, vai ter um gerente no frigorífico preocupado com isto, com sua sobrevivência e disposto a pagar mais mesmo que o produtor admita vender por menos?

    Acho que não preciso dizer mais nada né?

  5. Leonardo Bacco disse:

    O problema não é achar dono de frigorifico que queira esmagar o produtor rural, o problema é achar dono de frigorifico em sã consciência.
    Respondendo a pergunta do título, e se esforçando para imaginar 3 deles em sã consciência, seriam os mesmos que sacaneiam nas balanças, que montam confinamentos para poder reduzir o preço quando tiverem interesse, que não pagam mais por qualidade/rastreamento e que recentemente tentaram pagar menos pelo boi inteiro.
    Alguém daqui já comprpu carne de boi inteiro mais barata no açougue??

  6. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Igualdade de tratamento tributário? Não entendi. Os frigoríficos pagam impostos de importação de bovinos vivos qdo eventualmente os adquirem do Uruguai ou Paraguai? Pagam impostos de exportação qdo exportam carne bovina? Sinceramente acho que confundiram os conceitos. De fato a exportação de produtos primários (boi, soja, café, minério de ferro, etc) agrega menos valor que a exportação de produtos manufaturados (carne, farelo, café solúvel, aço, etc), e uma maior industrialização das exportações é algo sempre desejável, mas não é a golpe de barreiras tributárias que se agrega valor e se constroi competitividade setorial e sim com vantagens competitivas reais, investimentos e capacitação. E não faltaram financiamentos públicos aos frigoríficos para se tornarem mais competitivos mundialmente. Convenhamos ainda que a industria frigorífica brasileira assumiu a liderança mundial justamente em cima destes principios e não de falsas barreiras tarifárias. Dentre as maiores vantagens competitivas que nosso industria frigorífica possue estão justamente o tamanho do nosso rebanho e do mercado interno, bem como o clima e o nosso custo de produção. Mas forçar a baixa artificial do preço da arroba do boi gordo, para subsidiar a industria ou mesmo o consumidor (sinceramente não acredito em repasse voluntários de nenhum elo da cadeia) é um tiro no pé.
    A proposta de vcs é tão absurda qdo instituir um imposto de exportação de carne bovina de mesmo percentual para forçar a baixa dos preços internos. De fato as exportações zerariam e os preços internos cairiam, mas estaríamos destruindo o setor a médio e longo prazos. São os lucros que permitem que o setor contiue crescendo. Seja visto o que vem ocorrendo com o setor pecuário na Argentina. Deixem que o mercado regule estas questões, como vem fazendo. E não esqueçam nunca que um importador que compra nossos animais vivos já arca com um custo de frete muito maior que a industria frigorífica nacional e será, inevitavelmente tributado em seu pais. Se ainda assim consegue pagar mais pelos animais que a industria nacional, pelas mais variadas razões – inclusive religiosas, este diferencial vai para o bolso do pecuarista, que assim pode reinvestir no seu negócio. O que não dá é para achar que podemos exportar impostos, seja sobre o boi ou sobre a carne. Ainda mais do tamanho proposto.

  7. Fernando de Medeiros Pennachin disse:

    O dono de frigorífico não quer esmagar o produtor rural, na verdade ele quer só sufocar para deixá-lo vivo. De que adianta pastagens adubadas e melhoramento genético? Se na verdade o que assistimos quando entregamos nossa produção ao frigorífico é um verdadeiro massacre. Trabalho com pecuária de corte desde 1984 e desde então tenho visto o rendimento de carcaça piorar ano a ano sistemáticamente. Por que será que nos países vizinhos o rendimento de carcaça é melhor do que o daqui? Será porque eles ainda não aprenderam o sistema brasileiro de gestão? Somos brasileiros e acho que sem exceção todos queremos que o nosso país melhore cada cada vez mais em todos os setores com mais empregos e renda, inclusive no agronegócio. Mas o problema com respeito a relação frigorífico/produtor é que os frigoríficos não querem “largar o osso”. Não é necessário uma relação de amizade mas uma relação que seja justa e honesta. Nem que para que isso ocorra tenha que se abaixar o valor da remuneração arroba já que os frigoríficos instituiram parte do rendimento de carcaça como uma suas receitas. Vamos deixar a lei da procura e da oferta agir. Assim teríamos uma relação mais harmoniosa e as industrias frigoríficas não teriam que ficar preocupadas com a exportação de gado em pé.

  8. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezado Sr. Péricles Salazar

    A resposta a sua pergunta encontra-se em sua própria consciência, no momento seguinte a sua inversão de posição, ou seja: mude de lado, passe a ser produtor, e busque alternativas para um preço justo para seus produtos.

    Leia em seguida o pedido de taxação para impedir a venda dos mesmos a mercados que o remuneram de forma mais justa.

    Após isso, estará preparado para responder a pergunta que nos foi dirigida, e que dá título a seu “escrito”

    Abraço, saúde e sorte.

    JMM

  9. Ronaldo Carvalho Santos disse:

    No Brasil, é comum não usarmos nossa memória e agir intempestivamente bem como,não usar de bom senso. Na minha memória, Péricles Salazar,recém formado em Economia, transitava pelo MAPA/SIF/PARANÁ, procurando dados sobre a cadeia produtiva de bovinos e , se fêz brilhante na Assessoria, respeito-o.
    À época coincidente também Carlos Viacava, um dos meninos de Delfim Neto, iniciava sua trajetória e não era , ainda, pecuarista.
    Lembremos-nos do famoso Estoque Regulador, quando o Governo adquiria dos Frigoríficos carne que ficaria à disposição para regular oferta e demanda……..
    Hoje Péricles e Viacava, este Pecuarista e, aquele Economista , presta Assesoria.
    Um gere sua boiada e outro, continua como Assessor em Agronegócio (ABRAFRIGO).
    Não vou me perder em mais comentários, apenas quero chamar a atenção da nossa falta de memória, ao momento em que conclamo , pondo reservas à parte, a repensar
    nossas atitudes e, tomarmos nossas decisões com independência e inteligência.
    Pecuaristas , verdadeiros , que conquistaram com suor sua independência devem estar atentos aos atos e fatos que , criem dificuldades ao diálogo entre as partes.
    Muitas vezes se criam dificuldades, e………………

    Médico Veterinário – Assessoria Independente
    CRMVPR – 0395

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