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Pedro de Camargo Neto: para abrir mercados não existe mágica nem milagre, é preciso muito trabalho

Para o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que apresentou a palestra "Negociações Diplomáticas: Como a Carne Suína quebra Barreiras e ganha Mercados", o acesso a mercados é semelhante a uma corrida com obstáculos. E para se ter sucesso é preciso vencer as barreiras técnicas, ligadas principalmente à questão sanitária, as barreiras tarifárias, com negociações comerciais regionais e multilaterais, e fatores ligados a questão comercial, que envolvem o mercado consumidor, distribuição e logística.

Para o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que apresentou a palestra “Negociações Diplomáticas: Como a Carne Suína quebra Barreiras e ganha Mercados”, o acesso a mercados é semelhante a uma corrida com obstáculos. E para se ter sucesso é preciso vencer as barreiras técnicas, ligadas principalmente à questão sanitária, as barreiras tarifárias, com negociações comerciais regionais e multilaterais, e fatores ligados a questão comercial, que envolvem o mercado consumidor, distribuição e logística.

Podemos dizer que o obstáculo comercial começa a ser ultrapassado com uma maior aproximação do exportador com o consumidor e o desenvolvimento de canais de distribuição. Aqui estamos falando basicamente de promoção comercial e um trabalho interessante é o que tem sido feito pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX) na tentativa de garantir essa abertura de mercados. “A APEX tem viabilizado a participação dos exportadores brasileiros em feiras e eventos internacionais com o intuito de estreitar o contato com os compradores, o que facilita o maior acesso a outros mercados”, comentou.

Segundo o Presidente da Abipecs, a discussão de barreiras sanitárias é de responsabilidade de órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério das Relações Exteriores, Organização Internacional de Saúde Animal. “Essas negociações são feitas entre Governos, mas é importante que o setor produtivo esteja a par delas para formar posições e acompanhar o andamento das discussões. Temos que participar, pois os problemas não são apenas do Governo e sim de toda a sociedade”, ressaltou o palestrante.

Nesse sentido, ele avalia que a carne de frango brasileira está melhor posicionada, pois não enfrenta o problema da aftosa e o único grande mercado que este setor não acessa é o México.

“A carne suína brasileira sofre com um problema que não é dela, a febre aftosa”. No mercado internacional os destinos mudam bastante, mas a carne suína brasileira não acessa quase que a metade desses mercados (no gráfico abaixo a parte vermelha representa os mercados para onde não conseguimos vender), pois grandes importadores não compram nossa carne, já que o status sanitário do Brasil é apenas livre de aftosa com vacinação.

“No boi a questão também é problemática e temos que seguir o exemplo de Santa Catarina [que foi reconhecido livre de aftosa sem vacinação] para vencer essas barreiras”.

Para vencer a barreira sanitária temos que ter uma boa sanidade. Não existe bobo no mercado internacional. Temos que fazer a lição de casa”, comentou. Essa lição de casa passa pela realização de estudos de análise de risco sanitário, definição de critérios técnicos com base na ciência, negociação com os parceiros internacionais, missões sanitárias, bom relacionamento com as autoridades sanitárias estrangeiras e pressão política para a adequada tramitação dos processos.

Pedro de Camargo Neto avalia que a questão da abertura de mercados para a carne suína brasileira está evoluindo e vencida a barreira sanitária, vamos ter que enfrentar outras como as tarifárias.

Ele comentou que no momento as barrerias tarifárias não estão na pauta do Governo, mas para vencê-las será preciso pensar na definição de um modelo de desenvolvimento, definir com a sociedade a inserção do Brasil no mundo e investir em negociações comerciais regionais e multilaterais.

O Presidente da Abipecs acredita que nestas negociações o Poder Executivo tem o papel de organizar o debate interno, através de discussões com a Sociedade Civil, promovendo consultas públicas sobre os termos que serão negociados e definindo uma agenda de trabalhos. Feito isso o Ministério das Relações Exteriores entra somente como negociador.

Na sua visão o poder Legislativo ainda está extremamente ausente neste tipo debate, mas através das comissões de política exterior deve assumir seu papel e também participar do processo de abertura de mercados para os produtos brasileiros.

Já a Sociedade Civil, que é a Academia, a Mídia, as Entidades de Classe, os Trabalhadores, os Consumidores e as Organizações não-governamentais, devem ampliar o debate com competência sobre o modelo de desenvolvimento e inserção internacional, orientar rumos, elaborar estratégias e estabelecer objetivos para as negociações junto com o Poder Executivo.

“Temos que mudar a cor da pizza [referência aos gráficos acima onde estão representados os principais importadores de carne e os mercado que não conseguimos acessar], mantendo os mercados que atendemos e abrindo novos. Para isso é preciso muito trabalho e persistência. Não existe mágica, nem milagre”, reforçou.

Camargo Neto finalizou sua apresentação com a seguinte frase: “o futuro depende somente de nós”.

0 Comments

  1. Luiz Rodolfo Riccelli Galante disse:

    Me lembro do Dr. Pedro de Camargo e seus esforços ainda no Programa de Novilho Precoce do Fundepec nas grandes redes de supermercados. E aagora deve estar fazendo um bom trabalho com suínos, porque me parece que ocupa o cargo faz um bom tempo.

    Porém, com uma frase de encerramento dessas, me desculpe. Falta política de ESTADO, não de Governo. Não depende só de nós não.

  2. José Luiz Martins Costa Kessler disse:

    Muito interessante a apresentação do Dr Pedro Camargo Neto com precisas orientações para vencermos esta infindável corrida de obstáculos que se apresentam ao mercado da carne brasileira. Entendo que além das referidas barreiras, sanitárias e tarifárias, temos que acrescentar as questões do bem estar animal e  da sustentabilidade ambiental como novos obstáculos para serem enfrentados. Com relação ao status de Santa Catarina é prudente salientar que teoricamente seja objetivo mas, nas condições atuais, não há viabilidade para propor a retirada da vacinação uma vez que envolveria uma ação política conjunta do Brasil com os demais países da América do Sul. Particularmente, penso que o status sanitário de Santa Catarina é ameaça para a bovinocultura dos Estados vizinhos. Atenciosamente, José Luiz Kessler  

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