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Pecuaristas voltam a vender para JBS no norte do país

De 18 a 23 de julho, o jornal Valor Econômico percorreu 2,6 mil quilômetros pelos Estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso a convite da expedição técnica “Rally da Pecuária”, organizada pela Agroconsult. A constatação foi de que os pecuaristas da região Norte do país estão retomando à normalidade dos abates.

Quando a delação premiada dos controladores da JBS veio a público, o Rancho Pé de Serra, fazenda de pequeno porte de Ji-Paraná, programava-se para enviar 72 animais para o frigorífico da companhia em São Miguel do Guaporé (RO). Receoso, o pecuarista Alexandre Neto desistiu do negócio, mas não sem custos.

Para segurar o rebanho na fazenda e ao mesmo tempo não prejudicar a condição das pastagens, Neto e o filho Michael Gularte gastaram em ração. Mas o preço do boi gordo caiu drasticamente, e o pecuarista agora calcula o prejuízo. “Estou perdendo R$ 24 mil”, lamentou, citando que poderia ter comercializado o boi a R$ 130 por arroba – hoje, o preço está abaixo de R$ 120. Diante disso, o produtor deseja vender para a JBS, mesmo porque o pasto só deve se degradar em razão do período sem chuvas.

Também no Acre, a confiança está voltando. Um dos poucos que não desistiram de vender à JBS em maio – auge da delação -, o fazendeiro Mauro Sérgio Andrade, de Senador Guiomard (AC), já vê os colegas mais resistentes voltarem a fechar negócios com a companhia.

O ponto de inflexão, lembrou ele, aconteceu em meados de junho. Foi quando a decisão da JBS de só pagar os pecuaristas a prazo, e não mais à vista, completou um mês. Como os primeiros pagamentos sob a nova sistemática foram realizados em dia, a expectativa de calote diminuiu.

Para Andrade, o fato de ter mantido as vendas se mostrou um “duplo acerto”. Além de receber no dia combinado, ele escapou da queda dos preços do boi gordo desde então e, em meio ao cenário de oferta mais restrita para a JBS no “pós-delação”, conseguiu vender a arroba das novilhas pelo mesma cotação dos machos.

Pecuarista e dono de um frigorífico que comercializa carne só em Rondônia, o empresário Carlos Lira também acredita que é inevitável voltar a vender para a JBS. “Fiquei represando gado, mas está chegando a hora”, afirmou, ressaltando o impacto negativo do clima sobre as pastagens, o que o obrigará a comercializar os bois que já atingiram o peso de abate. Ainda que a preocupação permaneça, Lira já se sentiu “aliviado” ao ver a regularidade dos pagamentos da JBS aos pecuaristas.

Nesse processo, os abates da JBS caminham rumo à normalização. Nos cinco frigoríficos que tem no Acre e em Rondônia – em Porto Velho, Vilhena, São Miguel do Guaporé e Pimenta Bueno, em Rondônia, em Rio Branco, no Acre -, a empresa está abatendo 4 mil cabeças por dia. Em todo o Brasil, os abates semanais já estão perto dos 27 mil bois diários – 135 mil por semana.

No entanto, para voltar à normalidade, a JBS teria de abater 180 mil bois por semana, ou 30 mil animais por dia, incluindo os sábados.

Além disso, poucas vezes na história a rentabilidade da produção da carne bovina foi tão alta.

Como os preços da carne bovina oscilaram pouco na comparação com os do boi gordo – desde janeiro, a arroba recuou 17,6%, pressionada pelos efeitos da maior oferta de gado, da Operação Carne Fraca e da delação dos irmãos Batista -, o indicador de margem bruta dos frigoríficos brasileiros calculado pela Agroconsult atingiu 39,4% na parcial deste mês, o maior nível desde 2007, segundo Maurício Nogueira, que coordena o Rally da Pecuária.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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