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Paulo Prohmann: o trabalho de união de forças dos produtores é uma saída inteligente para problemas comuns

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Paulo Prohmann, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul, na categoria Liderança pecuária – nova geração. Paulo também palestrou no workshop marcas de carne do BeefPoint, em novembro do ano passado.

Paulo Prohmann

Paulo Prohmann mora em Campo Mourão – PR. É médico veterinário (UEL), mestre (UEM) e doutor (UEM e University of Kentucky) em Produção de Ruminantes. Ministra aulas no curso de medicina veterinária do Cesumar (Maringá), é diretor da Cooperativa de Carnes Maria Macia, consultor agropecuário e produtor.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Paulo Prohmann: Acredito que seja vencer a competição acirrada com outras culturas, como por exemplo, a soja, cana de açúcar e eucalipto, as quais ampliam-se rapidamente. É um desafio factível de ser vencido, mas que exige adoção de tecnologias e gestão, itens ainda pouco difundidos na maioria das propriedades.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Paulo Prohmann: Posso citar o exemplo da Cooperaliança (Guarapuava – Paraná), pois é pioneira na organização de parte da cadeia, sendo este um trabalho extremamente complexo e de longo prazo.

Admiro muito o trabalho no melhoramento genético da raça Nelore realizado pela Fazenda Santa Nice (Amaporã – Paraná), apresentando resultados incríveis com sua seleção.

É sempre bom lembrar que ao aprimorarmos nossa base Nelore, elevamos o potencial dos cruzamentos, algo explorado mais intensamente nos últimos anos.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Paulo Prohmann: Vejo que alguns fatores contribuem para este apelo especial e diferente: trata-se de uma região de propriedades com tamanho pequeno a mediano, com clima e solo propícios para a intensificação da pecuária; pode-se lançar mão dessa localização estratégica para a aquisição de grãos e coprodutos utilizados na terminação.

Os pecuaristas sulistas possuem uma organização diferenciada, pois muitas vezes trazem bagagem da agricultura, o que permite uma velocidade maior na implantação de certas tecnologias e até mesmo certificações.

Se somarmos estes três itens, temos a produção de animais jovens, saudáveis e bem nutridos, com qualidade e custo de produção muito competitivos.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Paulo Prohmann: Se puxarmos nos últimos 15 – 20 anos, a evolução na integração lavoura pecuária foi algo formidável, marcante. Os avanços são significativos e ainda podem ser aprimorados. A adoção de dietas com elevada quantidade de concentrado nos confinamentos também impactou muito em nosso sistema produtivo.

Pegando carona, o aprimoramento na exploração do semiconfinamento tornou-o mais versátil e gerou maiores possibilidades de sua utilização. Por fim, o maior alcance de material genético de indivíduos provados via DEP´s e as biotécnicas da reprodução (IATF), tem possibilitado o melhoramento do rebanho de corte.

Como inovação a ser alcançada, cito a utilização em larga escala do sêmen sexado e lançamento de novos cultivares de forrageiras mais produtivas e eficientes.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Paulo Prohmann: Felizmente, ainda temos muito para fazer! Dentro da porteira, observamos ótimos exemplos onde áreas de pastagens são mais lucrativas que áreas de lavouras! Logicamente, isso só é possível quando se destina níveis de investimentos similares para cada atividade. Por isso, ainda temos muito para incrementar em nossa produção em pastagem para com isso tornarmos mais competitivos.

Fora da porteira, a relação produtor e frigorífico deve ser melhorada, é imperativo. É inadmissível termos ainda inúmeros casos de desvios em balanças dentro de plantas frigoríficas. Isso é lamentável e deve ser corrigido.

Mesclando dentro e fora da porteira, o trabalho de união de forças dos produtores via cooperativas, é uma saída inteligente para superar problemas comuns.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?

Paulo Prohmann: Em 2012 aplicamos níveis mais elevados de corretivos em pastagens, algo pouco difundido, mas que tem mostrado resultados satisfatórios. Com o uso de equipamentos de agricultura de precisão, esta prática tornou-se mais confiável e eficiente.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Paulo Prohmann: Sem dúvida alguma foi a adubação das pastagens associada ao manejo em semiconfinamento. Esta segunda técnica permitiu um melhor manejo das forragens e aumentou o giro.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E porquê?

Paulo Prohmann: Intensificar ainda mais a utilização das pastagens e ampliar o semiconfinamento, pois só assim aumentaremos o ganho por área e respeitaremos a fisiologia das forragens, com segurança.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

Paulo Prohmann: Atravessamos um momento delicado na atividade, com elevação nos custos de produção e certo desânimo por parte de pecuaristas. Este é o momento exato para repensar algumas técnicas não implementadas e seguir os bons exemplos que nos são apresentados.

Muitos pecuaristas saíram da atividade e entregaram suas áreas para a soja, cana e eucalipto, por isso, aqueles que resistirem e se profissionalizarem, colherão os frutos em breve, pois o mundo precisa de carne.

BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?

Paulo Prohmann: A mensagem para a indústria seria para que ela olhasse com mais sensibilidade para os bons produtores, aqueles que fazem o dever de casa e fornecem um produto de qualidade superior, remunerando-os de forma justa, estimulando-os a continuarem assim.

Quanto ao varejo, a mensagem é para valorizar ainda mais aqueles que já entregam um produto diferenciado, com regularidade, e estimular o cooperativismo dentro da cadeia. O cooperativismo entre produtores será a melhor parceria para o varejo, sem dúvida alguma!

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