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Pastos de inverno com lucro

Muito se propala e se discute atualmente a chamada integração lavoura pecuária (ILP), à qual se acrescentou a letra F para significar floresta. Para analisar a ILP cumpre conceituá-la antes de discutir. Uma definição objetiva pode ser a seguinte: "ILP é um sistema de atividade agropecuária com finalidade econômica, em que criações e lavouras se alternam na mesma área, com vistas à sanidade vegetal e à cobertura do solo com resíduos".

Muito se propala e se discute atualmente a chamada integração lavoura pecuária (ILP), à qual se acrescentou a letra F para significar floresta.

Para analisar a ILP cumpre conceituá-la antes de discutir. Uma definição objetiva pode ser a seguinte:

“ILP é um sistema de atividade agropecuária com finalidade econômica, em que criações e lavouras se alternam na mesma área, com vistas à sanidade vegetal e à cobertura do solo com resíduos”.

Admitida essa definição, vemos que a reforma de pasto através de uma cultura temporária, seja soja ou milho, não se enquadra no conceito de ILP. Trata-se de uma lavoura transitória para reduzir custos, com retorno ao pastoreio permanente.

Outrossim, a ILPF, seja a semeadura de capins entre renques de eucalipto ou outras espécies, igualmente foge do conceito acima, pois se trata antes de formação de pastagem sombreada sem alternância com culturas anuais.

Em Santo Inácio/PR, foram realizadas validações de ILP apoiadas pela Fundação Agrisus, com participação da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e supervisão do engenheiro agrônomo Fernando Sichieri. Comprovaram a viabilidade de pastagens de inverno no arenito Caiuá, após soja e milho de verão, com retorno às culturas na primavera seguinte.

1 – Em 2008, com 388mm de chuva entre abril e agosto, novilhas Nelore de 215kg, recriadas em pasto de B.ruziz. após soja, com 348 diárias/ha, alcançaram um GMD de 735g, equivalentes a 255 kg/ha (8,5@), deixando 4.300 kg/ha de matéria seca (MS) de cobertura para a soja seguinte. Custos: R$28,80/@ de ganho de peso (GP), R$0,70/diária e R$0,10/kg MS consumida.

2 – Em 2009, com 492mm nos 5 meses, garrotes Nelore de 360kg não castrados, engordados sobre B.ruziz.+ P.max.Tanz. após milho de verão, com 350 diárias/ha, alcançaram um GMD de 854g ou 299 kg/ha (10@), restando 4.000kg/ha de MS para cobertura. Custos: R$33,20/@ de GP, R$0,95/diária e R$0,08/ kg MS consumida.

3 – Em 2010, com apenas 137mm de chuva, garrotes inteiros Nelore de 369kg, com 307 diárias/ha nos mesmos capins de 2009 após milho de verão, deram um GMD de 880g ou 270 kg/ha (9@ ), restando 2.030 kg/ha de MS. Custos: R$39,80/@ de GP, R$1,17/diária e R$0,09/ kg MS consumida.

A viabilidade da ILP pode ser avaliada comparando os custos indicados com os valores vigentes nos confinamentos, no aluguel de pastagens de primeira com GMD similar e no comércio de feno.

A considerar que se trata de uma renda adicional à da cultura de verão ora discutida dentro do princípio de Lord Kelvin ( Ingl.1824/1907):

“Quando você pode medir aquilo sobre o que você está falando, e expressá-lo com números, você mostra que sabe algo sobre o assunto; mas quando você não pode medir, quando você não é capaz de descrever com números, seu conhecimento é de um tipo escasso e insatisfatório”.

0 Comments

  1. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Prezados Leitores do relato Pasto de Inverno com Lucro:
    Solicitei ao Miguel a substituição do texto inicial por conter enganos de revisão.
    Excusando-me juntos aos leitores, lembro que minha ênfase para números deve ser condiconada a: “desde que bem conferidos”. Obrigado pelo perdão. Cordial abraço.

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Prezado Fernando Penteado Cardoso,

    Parabéns pelo artigo. E pela defesa a integração.

    Explorei com sucesso as pastagens de inverno em áreas de lavouras no norte do Parana.

    Quase sempre há partes da propriedade que não são adequadas a agricultura, mas perfeitamente aptas a pecuária.

    E o incremento alimentar estratégico que estas pastagens de inverno davam permitia que a lotação das pastagens permanentes durante o verão fosse máxima

    Além disto o custo marginal para implantação das pastagens de inverno para o agricultor é muito baixo. Ele já tem maquinário e e pessoal a disposição. Estamos falando muitas vezes apenas de aquisição de sementes e de sua distribuição a lanço. E há ainda o ganho da rotação e da matéria seca que estas pastagens temporárias permitem na cultura de verão subsequente.

    Quanto a propriedade tem estas condições não há como errar; o resultado das pastagens de inverno é melhor que das lavouras de inverno e o risco, trabalho e capital alocados muito menores.

    Abs,

  3. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Caro José Ricardo:
    Fico lisongeado por haver lido e elogiado meu relato de 3 anos de ILP com recria/engorda. Antevejo igualmente o aluguel de pastos de inverno a terceiros, como ocorre no RS com aveia preta e azevem, principalmente para acabamento seguido de abate. Será muito mais barato que os confinamentos, como demonstrado. Os bons pastos poderão ser completados com algum grão atirados na terra caso aglomerados em bolotas (já vi nos EUA).O importante mesmo é a renda adicional no intervalo das culturas de verão. Pode ser ainda que os dejetos contenham fatores de crescimento que venham a beneficiar a soja ou milho subseqüentes. Pode bem ser, acrescendo a renda. Grande abraço. FPC, eng. agr. sênior, ESALQ-USP,1936.

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