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Pasto e árvores em harmonia

De olho no bem-estar animal e nas vantagens ambientais proporcionadas pelo plantio de árvores, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que reúne 18 mil associados, prepara uma campanha para estimular a arborização de pastos. A ideia, segundo o superintendente de Marketing da ABCZ, João Gilberto Bento, é "fazer a cabeça" dos criadores sobre os benefícios que a prática traz para a pecuária.

De olho no bem-estar animal e nas vantagens ambientais proporcionadas pelo plantio de árvores, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), que reúne 18 mil associados, prepara uma campanha para estimular a arborização de pastos. A ideia, segundo o superintendente de Marketing da ABCZ, João Gilberto Bento, é “fazer a cabeça” dos criadores sobre os benefícios que a prática traz para a pecuária. “As árvores garantem conforto térmico, o que pode interferir positivamente na produtividade do gado. Além disso, a árvore melhora as condições do solo, pois promove a ciclagem de nutrientes”, diz. “Se o produtor criar esse ambiente favorável no pasto, reduz o stress dos animais.”

Um dos argumentos da campanha é que a pecuária é uma das atividades que mais podem contribuir com a preservação de florestas. “A pecuária pode transformar o Brasil em um grande bosque.” E o pecuarista favorece o retorno da biodiversidade. “As árvores atraem pássaros, aliados no combate à cigarrinha-das-pastagens.” Para ele, a adesão à campanha é uma maneira de a pecuária se livrar da fama de atividade desmatadora. “Queremos iniciar um movimento”, diz Bento, adiantando o possível slogan: “Ponha o seu boi na sombra.”

Considerado um pecuarista modelo na arborização de pastagens, o produtor José Luiz Niemeyer dos Santos, de Guararapes (SP), diz que o investimento é grande e, por isso, deve ser planejado. “Não é só plantar árvores. Tem que seguir um projeto, comprar mudas, cercar a área, definir as espécies, acertar o manejo, ter assistência técnica.” Se por um lado não há retorno financeiro para um investimento alto, por outro é compensador, diz. “A sombra dá conforto para o gado, embeleza a paisagem e melhora a biodiversidade”, diz Niemeyer.

Com 2 mil hectares de pasto e rebanho de 4 mil a 5 mil cabeças (entre matrizes e gado de cria, recria e engorda), Niemeyer “enriquece” o pasto com árvores há mais de 20 anos. “É empírico, mas já notei que esses pequenos bosques criam uma área de sombra que os animais gostam. Além disso, essas árvores, se plantadas beirando a mata, ajudam a preservá-la.” Nesses anos, aprendeu que o plantio de árvores pode ser feito na época de reforma de pasto. “Quem reforma o pasto e cultiva lavoura em sistema de rotação pode aproveitar para também plantar as árvores.” Hoje, o plantio chega a 20 mil árvores por ano, de mais de 50 espécies, fora a regeneração espontânea, defendida por ele.

Adepto da causa, o pecuarista Jovelino Carvalho Mineiro, com fazendas em Rancharia (SP) e Uberaba (MG), planta árvores em pastagem há 25 anos. O plantio é feito com a reforma de pasto, a cada quatro anos, ocasião em que ele cultiva sorgo e amendoim. “Os ruminantes precisam de sombra. A questão é que o zebu é tão eficiente que produz bem mesmo sob intenso stress térmico. Se o pasto for sombreado, essa produtividade pode aumentar 30%, 35%”, estima o produtor, que planta, em Uberaba, 300 árvores nativas por ano em áreas de pasto, há dez anos. “Hoje são 4.600 árvores de 90 espécies.” Em Rancharia, diz, o plantio de eucalipto se presta, além do conforto animal, para o uso da madeira, aproveitada na própria fazenda. “Nunca precisei comprar madeira, o que até ajuda a tirar a pressão sobre as árvores nativas”, diz.

O produtor Cláudio Sabino Carvalho, de Uberaba (MG), planta eucalipto e outras espécies com o objetivo de “dar conforto aos animais e deixar o ambiente saudável e bonito”. Com mil bovinos e 400 hectares de pasto, Carvalho pôs em prática o que aprendeu desde que começou a investir em arborização de pastagens, há dez anos. “Já plantei 5 mil árvores, a maioria nativas.” O investimento em arborização é de R$ 20 mil a R$ 30 mil por ano. Ele diz que a área sombreada do pasto é chamada de ´área de lazer”, por proporcionar conforto aos animais. “É uma área de 1 hectare com espécies frutíferas e ornamentais, e cochos de água e sal mineral. O gado come e descansa no ´ar-condicionado´.”

Fonte: jornal Estado de SP, adaptado por Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Leonardo Siqueira Hudson disse:

    Ótima iniciativa.
    O ideal seria incentivar a integração lavoura pecuária e florestas que tem retorno financeiro garantido,apresenta todas as vantagens ecológicas e ambientais e tem linhas de credito do governo como o programa ABC com taxas de juros compatíveis com a atividade agropecuária.

  2. Roberto Andrade Grecellé disse:

    parabens ABCZ. é esse tipo de iniciativa que vez de voces a maior associação de criadores do país. mais um importante passo dessa moderna associação. belo trabalho. # dica = alem de todos os beneficios ao bem-estar animal, essa arborização contribuirá para o balanço de carbono envolvido na atividade. logo, essa ação será de mkt e ao mesmo tempo, mitigadora. sucesso nessa empreitada.

  3. Ivan Neri dos Reis disse:

    Parabéns  a ABCZ pela iniciativa ,pois assim poderemos embelezar nossas propriedades e trazer mais conforto para nossos animais.E para isto e só visitar uma fazenda no Pantanal par ver os benefícios de se ter arvores nas pastagens.

  4. Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

    Olá Paulo,

    Já temos informações de amigos que estão captando dinheiro nesse programa.

    Na semana que vem vamos publicar uma palestra do Banco do Brasil onde o pessoal mostra o interesse do banco em promover esse programa.

    O problema é que a maioria dos gerentes do BB ainda não sabe do programa.

    Abs, Miguel

    PS: Segue link de artigo que cita o Programa ABC

    Fazendas aqui, florestas aqui também http://bit.ly/npSMii

  5. Leonardo Siqueira Hudson disse:

    Paulo
    Concordo com o Miguel.
    O problema e a burocracia e o desconhecimento dos gerentes.
    Tenho clientes que já estão na fase final do financiamento.
    Trabalhei diretamente com o mapa e o esforço e pra liberar os créditos.
    Abraço

  6. Leonardo Siqueira Hudson disse:

    Sem finaciamento eu quero ver quem vai aderir a idéia.
    Sem retorno financeiro e pura utopia.

  7. Paulo Cesar Bastos disse:

    É preciso preservar e produzir. Ao mesmo tempo em que é necessário preservar as matas e florestas é fundamental produzir alimentos, celulose, fibras e biocombustíveis para o país viver e, também, vender para crescer. Um caminho para a solução, uma vereda para a salvação, está nessa integração lavoura-pecuária-silvicultura. Compreender, também, que o semiárido brasileiro não é problema, mas, sim, uma das soluções.Vamos avançar.

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