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Parceria entre JBS e criadores quer criar modelo de pecuária sustentável no Cerrado

Nos próximos dois anos, mais de 30 pecuaristas mato-grossenses da região do Vale do Araguaia passarão a contar com um incentivo adicional para aumentar a sua produtividade e, assim, reduzir a pressão do desmatamento sobre o Cerrado brasileiro.

Em parceria com a Liga do Araguaia, organização formada pelos próprios produtores da região, a JBS arcará com 80% dos custos de consultoria e assistência técnica voltadas à intensificação sustentável de fazendas selecionadas pela instituição, 13 delas já em processo de capacitação.

O objetivo, segundo a companhia, é fortalecer a produção de carne sustentável no bioma e tornar a região do Araguaia um “parâmetro global de boas práticas de produção”.

“A gente já vinha se relacionando com essa turma comercialmente, mas era evidente o destaque desse movimento. Esses proprietários estavam aumentando a sua preocupação com sustentabilidade e tomando um viés produtivo para fazer isso, nunca um viés de conservação” conta o diretor de Relacionamento com o Pecuarista da Friboi, Fabio Dias.

Segundo ele, os três frigoríficos da empresa na região, localizados em Barra do Garça, Água Boa e Confresa, compram “muito” gado do grupo de pecuaristas da Liga do Araguaia. “A gente tem uma participação importante nessa região e bem próxima com esses fornecedores”, revela Dias.

Em 2020, 13 pecuaristas, com 32 mil animais e mais de 50 mil hectares de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente no total, iniciaram a primeira fase do projeto – quando as fazendas são avaliadas para, a partir das métricas obtidas, estabelecerem um plano de ação.

Os primeiros resultados do levantamento indicam um grupo já avançado na intensificação, mas ainda com problemas na parte ambiental. “Na dimensão ambiental, as fazendas ainda estão deixando a desejar”, destaca José Carlos Pedreira, coordenador-executivo da Liga do Araguaia.

Os indicadores obtidos a partir de métricas desenvolvidas pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola Associação civil sem fins lucrativos (Imaflora) apresentaram piores resultados justamente na área ambiental, onde 22% das fazendas não atenderam aos critérios de regularização ambiental.

“Num grupo como esse, tem fazenda que até hoje não tem mapa. Como é que o sujeito está tocando o negócio há todo esse tempo?”, completa Pedreira.

A ideia é que, a partir da comparação de resultados entre si, os pecuaristas tracem um plano de ação junto com as consultorias para melhorarem seus indicadores, explica Dias. 

“Pelo lado produtivo, 95% das fazendas são muito bem geridas. Isso não quer dizer que elas não tenham oportunidade. Elas podem ir muito além. Porque elas não fizeram integração ainda, não intensificaram seus pastos, mas estão já com o foco na produção”, destaca o diretor de relacionamento da Friboi.

Ele reconhece que o grupo atendido pelo projeto destaca-se em relação à média nacional. “A gente pegou um time que 78% está no grupo das bacanas para parte ambiental e social porque essa é a filosofia deles, eles já estão abertos para isso”, aponta.

O coordenador-executivo da Liga do Araguaia explica que essa intensificação, contudo, também representa riscos para o meio ambiente caso ultrapasse a capacidade de suporte das pastagens – o que reforça a necessidade de acesso à assistência técnica e ao apoio de consultorias.

“O sujeito trabalha gestão produtiva e econômica, melhora a pastagem, aumenta a lotação, só que existe um limite pra isso e que não é dado pelo sistema produtivo propriamente. Um desses indicadores é a remoção de carbono que essas pastagens promovem”, observa Pedreira.

Quando considerado o balanço de emissões de carbono das fazendas participantes do projeto, a heterogeneidade do grupo fica ainda mais evidente.

Com apenas duas propriedades com sistemas integrados, os números individuais de 2019/2020 vão de uma emissão de 1.011 toneladas de carbono equivalente até a uma captação de 23.098 toneladas de carbono equivalente – caso de uma das duas fazendas que associam lavoura e pecuária. “Elas é que são boas. As outras dez não são”, aponta Dias, ao destacar o objetivo do projeto.

“Nós temos uma proposta muito clara e que está provada, não é uma hipótese. A gente sabe que fazendas que praticam integração lavoura-pecuária aumentam sua lotação, adubam seus pastos, reduzem a emissão de carbono e têm muito menos necessidade de qualquer abertura de área, que hoje é o maior problema. E o que a gente quer é que outros fazendeiros vejam isso e que esse modelo seja replicado”, conclui o diretor de Relacionamento com o Pecuarista da Friboi.

Fonte: Revista Globo Rural.

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