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10 de abril de 2002
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12 de abril de 2002

Paraná: contrabando de gado está crescendo

O presidente da Sociedade Rural de Capanema (112 km a oeste de Francisco Beltrão), Luiz Carlos Naime, calcula que mais de três mil cabeças de gado vindas da Argentina já entraram ilegalmente no Brasil pela fronteira seca com o Paraná, na Região Sudoeste do Estado. Segundo ele, o contrabando aumentou muito nos 130 quilômetros de fronteira quando os funcionários da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) entraram em greve.

Os pequenos pecuaristas dos sete municípios paranaenses que ficam na fronteira estão tendo dificuldades para vender seus animais. Segundo eles, os frigoríficos da região estavam dando preferência para o gado argentino, cujo preço está até 60% mais baixo que o do bovino brasileiro.

Naime considera que a operação ‘‘Segurança Nacional’’, desenvolvida por órgãos estaduais e federais para coibir o contrabando, não é suficiente para proteger a fronteira. ‘‘Seria necessária a intervenção das Forças Armadas‘‘, defende.

Risco de febre aftosa

Pecuaristas que participam da 42a Exposição de Londrina receberam com preocupação a notícia de que municípios do sudoeste do Paraná estão servindo de porta de entrada clandestina para animais vivos da Argentina.

O Estado tem a certificação de área livre da aftosa com vacinação desde maio do ano passado e poderá conseguir a condição de Estado que não depende da vacinação a partir do próximo ano. Mas se for registrado algum foco da doença todo o trabalho feito até agora será perdido, prejudicando as boas perspectivas de exportação de carne.

O presidente do Núcleo de Criadores de Simental de Londrina, Adalgiso Casquel, ressalta que a fronteira seca entre Brasil e Argentina é extensa e necessita uma vigilância eficaz para evitar a entrada de animais do país vizinho. ‘‘Se está entrando animal vivo é porque alguém consente e outros compram. É preciso fiscalizar frigoríficos e também os criadores’’, defende.

O presidente da Associação dos Neloristas do Paraná, Alexandre Kireeff, destaca que o abate dos animais localizados ‘‘é fundamental para que o Paraná mantenha sua posição de área livre da aftosa’’. Para ele, ‘‘essa eventual entrada de animais vivos não coloca em risco a posição da região, por enquanto’’.

Além de uma efetiva fiscalização, o presidente do Núcleo de Criadores de Guzerá no Paraná, Eduardo Fabretti Santos, acrescenta que é preciso punir os responsáveis pela entrada dos animais vivos. ‘‘O Brasil está num momento de expansão das exportações e qualquer problema comprometeria toda a cadeia produtiva do País’’, considera.

Já o presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, defende a elaboração de um projeto de controle sanitário conjunto entre os países do Mercosul. ‘‘É difícil pensarmos no Brasil livre da doença se nossos vizinhos não são. As fronteiras secas são difíceis de controlar.’’

Fonte: Folha de Londrina (por Denise Ângelo e Benê Bianchi), adaptado por Equipe BeefPoint

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