Para se ter boa produção, o boi tem que comer bem; o primeiro passo é ter pasto de qualidade – Carlos Baldasso (Novilho Precoce MS)

O próximo Workshop BeefPoint será sobre Engorda a Pasto, no dia 17 de outubro, em São Paulo.

Vamos reunir quem melhor engorda boi a pasto, que é responsável por 90% do gado abatido no país. Vamos conhecer o trabalho dos melhores invernistas do Brasil, para apresentação de estudos de caso, troca de experiências e conhecimento, num ambiente de conversa e debate. Será um encontro de discussões em alto nível, para conhecer quem tem feito um excelente trabalho no Brasil. Estamos reunindo quem tem feito a pecuária do futuro.

Para conhecer melhor os palestrantes do Workshop BeefPoint Engorda a Pasto, preparamos uma série de entrevistas com cada um deles. Além dos palestrantes, vamos conhecer também o trabalho de pessoas que trabalham com engorda a pasto e são referência no país.

A primeira entrevista é com Carlos Baldasso, pecuarista, vice-presidente da Associação Novilho Precoce MS e um dos palestrantes do nosso Workshop.

Carlos Baldasso tem 44 anos, é casado e tem 3 filhos. É formado em Administração Rural pela Unigran Dourados. Trabalha na Fazenda São João. A Fazenda São João tem uma área de 7.000 hectares, com agricultura, pecuária e eucalipto. Destes, 33% é dedicado à pecuária no verão, sendo que no inverno esta área sobe para 50%. O sistema é de engorda de machos e fêmeas, dependendo das ofertas.

BeefPoint: Quais os maiores desafios para o pecuarista que trabalha com engorda a pasto?

Carlos Baldasso: Conseguir uma boa produtividade com baixo custo, fazendo animais de qualidade.

BeefPoint: Você poderia nos contar sobre os acertos, o que fez e deu certo no seu sistema de produção a pasto?

Carlos Baldasso: O sistema da Fazenda São João é simples e complexo ao mesmo tempo. É baseado na integração agricultura/pecuária, tendo um pasto de alta produtividade com um custo por animal relativamente baixo. Tentamos não usar ração para simplificar o sistema e temos um bom manejo e ganho de peso.

BeefPoint: E o que deu errado, você poderia nos contar? O que você considera os erros mais comuns num projeto de engorda a pasto? 

Carlos Baldasso: Estamos vendendo animais inteiros, dar acabamento a estes animais não é fácil. Temos conseguido gordura 2 em aproximadamente 70% dos animais, mas o manejo tem que ser muito cuidadoso. É um desafio a superar. O mercado quer gado de qualidade.

BeefPoint: Quais as maiores dificuldades enfrentadas com a mão-de-obra nesse setor em específico? O que tem sido feito para solucionar esses problemas? 

Carlos Baldasso: Temos que treinar e incentivar os colaboradores, mas o mundo tem passado por muitas transformações. Um dos desafios é manter o homem no campo, pois todos querem ter uma vida social e urbana. Não sei dizer o desafio exclusivo da mão de obra em específico da engorda, mas acredito que é em geral do setor rural. Temos que ter melhores estradas e liberdade para este profissional se sentir bem, mas com compromisso profissional. Falar é fácil, fazer é outra coisa.

BeefPoint: O que você fez em 2012/2013 que te trouxe mais resultados?

Carlos Baldasso: Estabelecer metas de índices de mortalidade e começar a estabelecer metas de ganho de peso, tanto para machos como fêmeas.

BeefPoint: O que é o mais importante para ter sucesso na engorda a pasto?

Carlos Baldasso: São vários aspectos a considerar. Diria que o manejo, tanto de pasto como do gado, planejamento de compra e venda e treinamento de pessoal.

BeefPoint: Quais são seus planos para 2014?

Carlos Baldasso: Melhorar o ganho de peso individual e coletar e analisar bem os dados.

BeefPoint: Você gostaria de participar de um programa de carne de qualidade, de gado criado a pasto, com certificação?

Carlos Baldasso: Já temos o Boi no Ponto do JBS, mas sempre que temos mais alternativas é positivo para toda a cadeia produtiva e para o consumidor final.

BeefPoint: Que recado você deixaria para produtores de gado a pasto?

Carlos Baldasso: Para se ter uma boa produção, o boi tem que comer bem. Tendo pasto de qualidade, os outros detalhes se consegue mais facilmente. Conheço outros produtores que melhoraram muito o seu sistema fazendo a integração, mas para isso é necessário conhecer muito bem a sua propriedade, saber como é o regime de chuvas e contratar assistência técnica. Já tivemos frustrações de safra, como qualquer agricultor, porém temos que saber que isto é regra do jogo e estarmos preparamos para momentos difíceis.

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