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Papel das carnes vermelhas na prevenção da acne

O professor associado de nutrição humana da RMIT University, na Austrália, Neil Mann, passou vários anos de sua vida trabalhando na área de nutrição e em como nossa dieta se desenvolveu ao longo do tempo. Ele descobriu que, apesar de a incidência de acne ser alta nas sociedades ocidentais, com quase todos os adolescentes apresentando acne em algum momento da vida, ela é quase inexistente em sociedades caçadoras (hunter-gatherer).

O professor associado de nutrição humana da RMIT University, na Austrália, Neil Mann, passou vários anos de sua vida trabalhando na área de nutrição e em como nossa dieta se desenvolveu ao longo do tempo. Ele descobriu que, apesar de a incidência de acne ser alta nas sociedades ocidentais, com quase todos os adolescentes apresentando acne em algum momento da vida, ela é quase inexistente em sociedades caçadoras (hunter-gatherer).

Em 2002, pesquisadores dos Estados Unidos não encontraram nenhum caso de acne em 1300 adolescentes no Paraguai e em Papua-Nova Guiné, onde a dieta é baseada em carnes magras, frutas, vegetais e produtos integrais (1). Além disso, a acne somente surgiu entre os esquimós quando eles adotaram uma dieta ocidental (2). Entretanto, permanece o ortodoxo paradigma na medicina para promover que a dieta não causa acne.

A relação entre a acne e a dieta é um mito?

A crença de que a relação entre a acne e a dieta é um mito é baseada em dois estudos mal controlados publicados há 30 anos (3,4).

Fulton e seus colegas, em 1969, deram a 65 jovens ou chocolate, ou placebo todos os dias, por quatro semanas; então, trocaram as barras (os que tinham recebido chocolate receberam placebo e vice-versa). Não houve diferença entre os grupos em termos de tratamento de acne ou na produção de sebo pelas glândulas sebáceas da pele. Entretanto, não havia diferença no teor de açúcar ou gordura entre as barras.

Em outro estudo, feito por Anderson em 1971, 27 estudantes de um colégio simplesmente consumiram grandes quantidades dos alimentos considerados “culpados”, como chocolate, nozes e refrigerantes, diariamente, por uma semana. Um terço das pessoas apresentaram novas lesões, enquanto metade teve uma leve melhora.

Mann disse que, se esses estudos tivessem sido feitos nos dias de hoje, não teriam sido aprovados nem publicados. Segundo ele, os pesquisadores eram dermatologistas, mas não tinham conhecimento sobre composição de alimentos e não buscaram orientação de nutricionistas. Ele comentou que esses estudos foram mal controlados, sem uma análise sobre os antecedentes dietéticos, nenhuma consideração sobre a composição dos alimentos e nenhum método validado para classificação da acne.

Como a dieta pode estar relacionada à acne?

Do ponto de vista nutricional, não existem evidências de que qualquer alimento individual como o chocolate causa a acne. Entretanto, existem vários componentes dietéticos e fatores metabólicos envolvidos em uma interação complexa.

Um desses fatores é a resistência à insulina. Em nosso passado, assim como em sociedades primitivas atuais, a resistência à insulina era necessária para sobreviver, à medida que a glicose obtida a partir de poucos carboidratos da dieta era economizada para a função cerebral e para o desenvolvimento fetal. A maioria das demandas de energia do corpo era obtida a partir da ingestão de proteínas e gordura. Um certo nível de resistência à insulina permaneceu conosco nos tempos modernos e é elevada por fatores fisiológicos, como ganho de peso e de forma transitória no desenvolvimento da puberdade.

Uma combinação de uma dieta com alto nível glicêmico (tipicamente encontrada em sociedades ocidentais) com a resistência à insulina transitória durante a puberdade e a hiperinsulinemia compensatória que ocorre em seguida, pode desencadear uma cadeia de efeitos hormonais que levam à formação da acne.

A estudante Robyn Smith, que participou de um estudo com Mann e mais dois dermatologistas George Varigos e Anna Braue, do Royal Melbourne Hospital, concluiu que este estudo inicial sugere que a acne está de fato relacionada à dieta. O estudo mostrou que um decréscimo na hiperinsulinemia, com uma dieta rica em proteína e pobre em carboidratos, e possivelmente a perda de peso, reduz a acne em mais de 50% depois de 12 semanas.

O estudo

O objetivo do estudo era comparar os efeitos de uma dieta rica em proteína e pobre em carboidratos com uma dieta habitual de alta concentração de carboidratos na severidade dos sintomas da acne e nas variáveis endócrinas associadas com a resistência à insulina.

O estudo avaliou 43 adolescentes do sexo masculino com acne, que foram divididos em dois grupos: um que consumiu sua dieta convencional, rica em alimentos altamente processados e refinados, com alto nível de carboidratos, por 12 semanas e o outro consumiu uma dieta rica em proteína e pobre em carboidratos.

Todas as lesões de acne foram localizadas, contadas e classificadas por tamanho e severidade a cada quatro semanas por um dermatologista. Também foram medidos marcadores bioquímicos no início e depois de 12 semanas. Um deles era um marcador de resistência à insulina, outro era um marcador hormonal e o outro era de fatores de crescimento.

O estudo concluiu que uma dieta rica em proteína e com baixo nível de carboidratos produziu significantemente maiores melhoras na acne facial quando comparado com a dieta rica em carboidratos. Com relação às medidas das acnes faciais, embora ambos os grupos tenham mostrado melhoras, o grupo da dieta rica em proteínas mostrou redução significantemente menor no número total de lesões de acne e contagens inflamatórias (51% versus 31%) após 12 semanas. Em termos de marcadores bioquímicos, o grupo que consumiu mais proteína e menos carboidratos também mostrou uma redução nos três marcadores utilizados comparado com o grupo dos que consumiram uma dieta rica em carboidratos.

O grupo que consumiu a dieta protéica também apresentou uma mudança mais significante que o grupo controle no índice de massa corpórea (IMC), porcentagem de gordura corporal, circunferência da cintura, lipídios no sangue e perda de peso.

Conclusões

A acne tem alta incidência em sociedades que consomem dietas ocidentais, ou seja, com altos níveis de carboidratos. Os estudos que afirmam que não há relação entre a dieta e a incidência de acne são antigos e mal controlados. Um estudo feito na Austrália mostrou que uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos reduziu a acne em mais de 50% em 12 semanas. Essa dieta ajuda a controlar as mudanças hormonais ocorridas durante a puberdade. Mais estudos são necessários para evidenciar o papel da dieta rica em proteína no controle da acne e esses resultados devem ser divulgados para que se possam tomar medidas práticas com pacientes que apresentam acne facial (não se ater somente aos tratamentos tópicos dematológicos).

Referências bibliográficas:

1. Cordain et al (2001) Arch Dermatol 138:1584-1590

2. Schaefer O (1971). Nutr Today 6:8-16

3. Fulton et al (1969) JAMA. 210(11):2071-4

4. Anderson PC (1971) Am Fam Physician. 3:102-3

Artigo baseado em uma publicação do Meat and Livestock Australia (MLA), de outubro de 2006, que pode ser acessada no site http://www.redmeatandnutrition.com.au/www.redmeatandnutrition.com.au/pdf/Vital_33.pdf.

0 Comments

  1. luciene pimenta lima mota disse:

    E quanto ao leite, tem a possibilidade de um leite desnatado dar menos espinha que o normal natural?

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