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Papel da dieta na deficiência de vitamina D

O raquitismo está apresentando crescimento na incidência (1) e isso está levando pesquisadores da Austrália a aumentar seu interesse na vitamina D - seus vários papéis na saúde, seu status da população do país e as formas pelas quais sua ingestão pode ser aumentada de maneira segura.

O raquitismo está apresentando crescimento na incidência (1) e isso está levando pesquisadores da Austrália a aumentar seu interesse na vitamina D – seus vários papéis na saúde, seu status da população do país e as formas pelas quais sua ingestão pode ser aumentada de maneira segura.

Em julho de 2005, a Fundação de Pesquisa em Nutrição da Universidade de Sydney (SUNRF) fez um simpósio sobre vitamina D. A professora associada, Rebecca Mason, do Departamento de Fisiologia da Universidade, reportou no simpósio que a vitamina D não somente é importante para a saúde dos ossos e músculos, mas também, tem um papel na prevenção e tratamento de câncer e doenças auto-imunes. Existem receptores para a vitamina D em todas as células do corpo, exceto nas células vermelhas do sangue. Assim, a função da vitamina D está apenas começando a ser compreendida pelos cientistas.

Mason disse no simpósio que existem várias evidências de que uma quantidade adequada de vitamina D protege contra alguns cânceres, particularmente de mama, próstata e cólon. Estas evidências são epidemiológicas e experimentais, com dados em modelos animais fornecendo boas explicações para a forma como a vitamina D poder funcionar.

O segundo grupo de condições afetadas pela vitamina D são doenças auto-imunes, como diabete tipo 1, esclerose múltipla e doença inflamatória intestinal. A vitamina D pode também ser importante no combate a infecções e ajudar a nos proteger contra danos do sol.

A maioria da vitamina D do corpo é produzida na pele em resposta à luz solar, e não consumida através da dieta, sendo que os grupos mais vulneráveis à deficiência de vitamina D são aqueles com pouca exposição ao sol. Os idosos, particularmente aqueles que vivem em casas de repouso, estão em alto risco, com o problema sendo exacerbado pelo declínio na capacidade da pele de produzir vitamina D à medida que esta envelhece (2).

Outro grupo em grande risco de apresentar deficiência de vitamina D são pessoas que, devido a razões culturais, religiosas ou étnicas, não expõem a pele ao sol (3). As crianças cujas mães tinham deficiência suave de vitamina D, têm duplo risco de apresentar esta condição, à medida que começam suas vidas com baixos níveis. O leite materno é uma fonte pobre em vitamina D, mais pobre ainda quando é proveniente de mães com baixo status desta vitamina, e, se as crianças são enroladas em panos e mantidas longe do sol, o risco aumenta.

No simpósio de vitamina D, o professor associado, Chris Cowell, do Instituto de Endocrinologia do Hospital Westmead Children, reportou um estudo (1) conduzido em Sydney, que mostrou que o número de crianças diagnosticadas com raquitismo dobrou de 2002 a 2003. A maioria das crianças tinha menos de 12 meses de idade, pele escura e eram oriundas da Índia (37%), África (33%) ou Oriente Médio (11%). Cerca de 10-15% das crianças com pele branca diagnosticadas com raquitismo tinham mães que usavam xales. Cowell disse que 80% das mulheres grávidas que têm a pele escura ou usam xales têm deficiência moderada a severa de vitamina D.

Embora estes grupos estejam em risco de uma deficiência severa, também existe um problema com a insuficiência de vitamina D que é definida como menos de 50nmol/L de 25 hidroxivitamina D. A insuficiência de vitamina D é bastante disseminada na Austrália, de acordo com Mason. Em qualquer grupo que se observa, até mesmo em adultos jovens, entre 8% e 10% terão níveis sub-ótimos de vitamina D, particularmente no inverno, e isso é devido a fatores ambientais e de estilos de vida.

Tabela 1. Deficiência de vitamina D

Baseado em pesquisas nesta área, um grupo de trabalho envolvendo a Sociedade de Mineral e Ossos Australiana e Neozelandesa, a Sociedade de Endocrinologia da Austrália e a Osteoporose Austrália, divulgou um enunciado sobre sua posição sobre a vitamina D e a saúde dos ossos em adultos (4). O grupo recomendou que a dose de luz solar necessária para produzir quantidades adequadas de vitamina D é um terço da dose mínima requerida para que ocorra um bronzeamento moderado, em pelo menos 15% da superfície corpórea, na maioria dos dias. Isso pode ser simplificado para que se aconselhe tomar sol nas mãos, face e braços por 10-15 minutos na maioria dos dias, tomando cuidado para evitar o sol entre 11 horas da manhã e 3 horas da tarde. Esse nível de luz solar não está sendo tomado por pessoas que trabalham o dia todo em locais fechados.

O nutricionista, Bill Shrapnel, disse que atualmente, as pessoas são aconselhadas a evitar o sol e, por outro lado, a consumir dietas pobres em gordura e baseadas em vegetais. Isso é praticamente a receita para que se tenha insuficiência de vitamina D.

As fontes dietéticas de vitamina D (5) incluem óleos de peixes, como sardinhas, salmão, arenque e cavala; óleo de fígado de bacalhau; ovos; leite; e carnes vermelhas. Na Austrália, a fortificação de margarinas com vitamina D é obrigatória e no leite e produtos lácteos é voluntária. Em alguns países, como é o caso da Irlanda, a principal fonte dietética de vitamina D é a carne e seus derivados, com o principal contribuinte sendo a carne bovina (6).

De acordo com Maureen Strong, gerente de Nutrição Humana e Ciência da Carne do Meat & Livestock Comission (MLC), do Reino Unido, pesquisas mostram que a carne fornece 21% da necessidade diária de vitamina D e, como conseqüência, tem impacto direto na integridade óssea. Segundo Strong, pesquisas com a densidade óssea de mulheres vegetarianas mostrou valores significativamente menores para aquelas recebendo dietas vegetarianas quando comparadas aquelas com dietas onívoras (7).

Antes de 2004, não havia recomendações para a ingestão dietética de vitamina D para a população geral na Austrália. Isso era baseado na suposição do Conselho Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde do país de que a maioria das pessoas recebia quantidades adequadas de luz solar para ajudar a suprir os requerimentos de vitamina D. Entretanto, recentemente isso mudou quando, pela primeira vez, foram feitas recomendações para o consumo de vitamina D na Austrália e na Nova Zelândia, baseadas nos valores de referência de ingestões diárias dos Estados Unidos. A meta de ingestão diária para crianças e adultos de menos de 50 anos é de 5 µg por dia. A ingestão atual é de metade disso, segundo Shrapnel, e se as pessoas buscarem aumentar o consumo de vegetais, a quantidade ingerida de vitamina D cai mais ainda.

Existe uma grande margem de segurança para ingestão de vitamina D sem efeitos adversos observados mesmo em níveis de 100 µg por dia ou 20 vezes as atuais recomendações. Um limite máximo de ingestão foi fixado em 80 µg por dia, um nível que somente é alcançado através de suplementação, não através dos alimentos.

Claramente são necessários mais estudos na área uma vez que o estilo de vida atual reduz a incidência das pessoas à luz solar, aumentando, dessa forma, a importância da dieta no suprimento de vitamina D.

Referências bibliográficas

1. Robinson PD et al 2005, ‘The re-emerging burden of rickets: a decade of experience from Sydney’, Arch Dis Child.

2. Flicker L et al 2003, ‘Serum vitamin D and falls in older women in residential care in Australia’, Journal of the American Geriatric Society, vol 51, pp 1533-8.

3. Grover SR et al 2001, ‘Vitamin D deficiency in veiled or dark skinned pregnant women’, Medical Journal of Australia, vol 175, pp 251-2.

4. Working group of the Australian and New Zealand Bone and Mineral Society, Endocrine Society of Australia and Osteoporosis Australia 2005, ‘Vitamin D and adult bone health in Australia and New Zealand: a position statement’, Medical Journal of Australia, vol 182, pp 281-5.

5. Nowson CA et al 2002, ‘Vitamin D intake and vitamin D status of Australians’, Medical Journal of Australia, vol 177, pp 149-52.

6. Hill TR et al 2004, ‘Vitamin D intakes in 18-64-y-old Irish adults’, European Journal of Clinical Nutrition, vol 58; 1509-17.

7. Importância da carne vermelha na nutrição humana – Trabalho traduzido do relatório do International Meat Secretariat e publicado na Revista Meat Processing de Maio/Junho de 2003 por Albino Luchiari Filho (https://beefpoint.com.br/?noticiaID=5018&actA=7&areaID=60&secaoID=179).

*Artigo baseado em uma publicação do Meat and Livestock Australia (MLA), de setembro de 2005. Para acessar o artigo original, clique aqui.

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