Uruguai: Distrito industrial onde funcionava o frigorífico Anglo entrou na lista de patrimônio mundial da UNESCO

O comitê patrimonial da UNESCO anunciou no último domingo a inscrição na lista de patrimônio mundial a planta frigorífica Anglo de Fray Bentos, no Uruguai. A solicitação foi aprovada pelo comitê em sua reunião anual celebrada em Bonn (Alemanha).

A “Paisagem cultural industrial de Fray Bentos”, que se tornou patrimônio mundial, é o distrito do litoral oeste, onde no final do século XIX a empresa alemã, Liebig, instalou o frigorífico Anglo, que passou a partir de 1924 a mãos inglesas.

O Frigorífico Anglo fabricava carne enlatada até sua nacionalização em 1968 e posterior fechamento na década seguinte. Suas instalações hoje se conservam como museu da revolução industrial e recordação daquela época de transformações.

Em 1862, a cidade de Fray Bentos começou a testemunhar a instalação das primeiras máquinas da empresa Liebig – uma joint venture entre um belga (Giebert) e o famoso cientista alemão descobridor do procedimento de fazer extrato de carne. A empresa teve diferentes etapas e chegou a ser uma das maiores do mundo no ramo de alimentos de carne. Foi um orgulho incrível para todos os uruguaios e estrangeiros que trabalharam no que se conheceu como “a cozinha do mundo” por seu estratégico valor logístico nas guerras mundiais. Particularmente na segunda, onde o corned beef Fray Bentos do frigorífico Anglo (seu novo nome) alcançou fama mundial.

Após um século de trabalho no Uruguai (entre 1862 e 1962), os capitais estrangeiros perceberam mudanças nas condições de negócio. A demanda pós-guerra se retraiu e houve problemas pontuais com a inocuidade do produto. No entanto, a principal razão do desinteresse foi que, após 100 anos de crescimento econômico, o Uruguai tinha se transformado em um país caro em libras esterlinas: terra, gado, salários, cargas impositivas, moeda forte: tudo tinha mudado. Como os capitais tendem a se mover até onde se pode encontrar uma melhor rentabilidade, aquele prodígio recebeu sua estocada mortal: lentamente os privados foram passando às mãos do Estado uruguaio, algo que já não era negócio. O naufrágio final do Anglo ocorreu em seguida.

No site Uruguay360 é possível ver fotos do Museu da Revolução Industrial – ex-frigorífico Anglo – (acima) em 360^o.

Fonte: El Observador, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.