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Otávio Juliato questiona relação entre frigoríficos e pecuaristas

No mês passado, publicamos aqui no BeefPoint, o artigo "Porque os frigoríficos estão quebrando?", de Otávio Juliato. Além do texto ser bastante interessante, as discussões e opiniões dos leitores também estão muito boas, até o momento recebemos 48 cartas. Em resposta a esses comentários Otávio nos enviou a seguinte mensagem e sugeriu uma nova reflexão.

No mês passado, publicamos aqui no BeefPoint, o artigo “Porque os frigoríficos estão quebrando?“, de Otávio Juliato. Além do texto ser bastante interessante, as discussões e opiniões dos leitores também estão muito boas, até o momento recebemos 48 cartas.

Em resposta a esses comentários Otávio nos enviou a seguinte mensagem e sugeriu uma nova reflexão.

“Estou gostando muito dos comentários, apesar do assunto ser polêmico, não sabia que o mesmo geraria tanto debate assim, obrigado pela participação de todos.

De uma maneira geral, os comentários apontam diversos fatores e principalmente críticas as explicações fornecidas pelas empresas a respeito de suas Recuperações Judiciais.

A maioria das razões apontadas pelos senhores, diz respeito ao relacionamento frigorífico x pecuaristas, nota-se um descontentamento generalizado nesta questão. Lógico, isso seria normal de se esperar, já que pelo lado dos pecuaristas, tenta-se sempre vender pelo maior preço e do outro lado, dos frigoríficos, pagar o menor preço. Este é o funcionamento padrão de qualquer cadeia industrial, seja ela agroindustrial ou não.

Sei que o foco da discussão não é este, mas vamos tentar nos concentrar neste tópico, tenho uma boa questão para a gente raciocinar. Pensando que uma das razões apontadas exaustivamente pelos senhores como causas dos problemas financeiros dos frigoríficos, foi a relação frigoríficos x pecuaristas, e pensando em uma relação onde um quer vender pelo máximo e outro comprar pelo mínimo, qual são, na opinião de vocês, as situações de desgaste que aconteceram e acontecem nesta relação entre as duas partes?

Acho que isso é tema para outro artigo, concordam? Por favor, dêem a opinião de vocês”.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Fora o preço, que será sempre uma fonte de discordância insolúvel, alguns dos principais pontos de atrito entre as partes ao meu ver são:

    1) Definição de responsabilidades (direitos e obrigações) de cada parte pela eleição do frete e a qualidade das gaiolas;

    2) Definição de responsabilidade (direitos e obrigações) de cada parte pelos hematomas nos animais a serem abatidos: manejo

  2. Frederico Medeiros de Souza disse:

    Sim, isso é tema para outro artigo,prezado.

    "na opinião de vocês, as situações de desgaste que aconteceram e acontecem nesta relação entre as duas partes?"

    A meu ver, o respeito é fator primordial.Então a lei de mercado dita o preço, mas a carterização e outras práticas são abusivas e levianas,e prejudicam diretamente o produtor,que percebe toda jogada.Isso faz a relação ficar ruim,a meu ver. O cuidado na relação e fidelização com o fornecedor e cliente é um aspecto a ser focado por qualquer empresa.O fornecedor,dentre outras, deve ter garantias de pagamento.Um passo a ser tomado é,em casos de pagamento a prazo, emitir NPR imediatamente após o abate.

    Outros aspectos devem ser abordados, mas de início, melhorando estes aspectos, pode existir uma relação mais amistosa entre fornecedor e indústria.

  3. rubens flavio mello corrêa disse:

    Acho interessante este debate, mas também cito que o abate extremo de FEMEAS( NOVILHAS APTAS A REPRODUÇÃO E ENXERTADAS E VACAS) causou a desestruturação do rebanho bovino brasileiro, bem como as pastagens com formação antigas e degradadas. O governo central(DF)tem que fazer um programa nacional de recuperação das pastagens bem como retenção das matrizes do rebanho brasileiro, por que o aumento dos custos acaba o produtor vendendo femeas para abate e que poderiam ser vacas reprodutoras de bezerros/as.

    Grato

    Rubens Flavio

    SEPROTUR

  4. carlos massotti disse:

    Otavio a relacao pecuarista x frigorifico sempre foi conflituosa – é um problema cultural brasileiro de muitos e muitos anos – a desconfianca dos pecuaristas em relacao aos frigorificos foi e continua patente !(com muita razao de ser alias em especial em decadas anteriores onde todo tipo de manobra era utilizada em frigorificos para burlar o pecuarista!!) – Hoje acredito que ja nao seja mais assim tao descaradamente, mas quem  apanha nao esquece! Esta é uma das principais situacoes de desgaste – uma mudanca necessaria seria a venda pelo kilo vivo e nao peso morto – a grande maioria dos paises opera neste sistema de kilo vivo e me parece muito mais justo para ambos os lados (o que tambem evitaria qualquer tipo de burla!!) – mas inexplicavelmente permanece (exceto no sul se nao me equivoco) o pagamento ao pecuarista pelo peso carcaça depois de abatido e eviscerado.

    Seria necessaria uma mudanca radical de mentalidade -de ambos os lados para uma digamos higienizacao do setor – mas  infelizmente nao acredito que uma mudanca de mentalidade tao enraizada possa acontecer em um futuro proximo –

    E atencao – nao foi absolutamente a a mega desgastada relacao pecuarista x frigorificos o que causou a quebradeira das industrias – a culpa unica e exclusiva cabe aos frigorificos que expandiram exponencialmente e de uma maneira irresponsavel a capacidade instalada de abate , nao se dando conta que a oferta de materia prima diminuia a cada dia -causando uma capacidade ociosa absurda e inadministravel –  o que obviamente acabou causando um aumento proibitivo do preco do boi -a partir dai algumas outros problemas foram se somando -tipo corte de credito bancario crise internacional real forte em relacao ao dolar concorrencia desleal no mercazdo local – e deu no que deu!!!

  5. EDAIR DE ARRUDA TAQUES disse:

    Na minha opinião o grande ponto desse desgaste é que todos querem os maiores preços, só que nem todos produzem animais com a mesmas qualidades. Sabemos que com produz qualidade recebe por isso.

  6. Olmiro Filho Silveira de Arruda disse:

    Olmiro Filho silveira de Arruda

    administrador

    O tema é no minimo interesante, em um setor da economia de altos e baixos. Penço que a implantação de novos frigorificos, sobre tudo no MT, não teve o devido estudo de viabilidade. Mas no meu entender houve um aumento na valorização do preço do boi, se não vejamos, em aprocimadamente cinco anos atraz, o boi valia $ 23 a arroba, num pico de entre safra, hoje o preço corrente e de aprocimadamente $ 60 a arroba, quase que triplicou, a onde os frigorificos foram busca capital de giro para suportar este aumento, a que custo?

  7. otoniel vieira vilela disse:

    Otoniel Vieira Vilela

    Gado de corte- Jaiba/Norte de Minas

    A pricipio todo  negociação deve ser boa para ambas as partes, é o famoso  processo ganha/ganha. No entanto parece que para os frigorificos apenas eles devem ganhar e mesmo assim estão sempre em dificuldades. PORQUE??? Onde estaria o problema???                                                    

    Resultado de uma gestão equivocada. * Mercado competitivo * Excesso de exigencias sanitárias*  Excesso de tributação*  Um negócio com um padrão ético históricamente questinável. Enfim , acredito que poderiamos elencar uma vasta lista de motivadores. MÁS SEM IRONIA , talvez os pecuaristas que neste momento, como nunca antes visto, estão dando um verdadeiro "show" em matéria de evolução  tecnológica e de gestão, poderiam ensinar um pouco aos frigorificos  fazerem o dever de casa………..!!!!!!!!!!!.

  8. Walter Magalhaes Junior disse:

    Primeiramente, gostaria de afirmar que concordo plenamente com a conclusão final do Otávio com respeito ao primeiro artigo postado. O maior problema enfrentado pelos frigoríficos está relacionado, definitivamente, com "má gestão". Como não têem uma noção clara a respeito desse fato, por pura inexistência de avaliação crítica, levantam uma infinidade de razões para justificar as dificuldades enfrentadas. O Independência mesmo, nas suas justificativas técnicas, por ocasião do pedido de Recuperação Judicial, ingênuamente, informou que apresentava 35,0% das suas exportações posicionadas no mercado futuro, em derivativos. Pode? O responsável por isso, com grande grau de responsabilidade na quebra do frigorífico, deveria ser preso.

    Posto isso, gostaria de dizer que o assunto atual não se diferencia muito do anterior. Isto porque, apesar de aparentemente tratar de um aspecto relacionado com o processo de relacionamento da indústria com seus fornecedores, uma ansiedade destes últimos, o desconhecimento ou a despreocupação com a busca de informação, apesar de também dar suporte ao processo de "má gestão", tem uma implicação técnica adicional – está relacionada com o estágio de orientação administrativa em que se encontram, ainda, os frigoríficos.

    Isto significa dizer que, a despeito das instituições industriais desenvolvidas encontrarem-se, hoje, já orientadas para o bem estar da sociedade humana como um todo e neste sentido ordenando todas as suas decisões administrativas, de carater interno e até mesmo externo, a industria frigorífica apresenta indicativos incontestáveis de que sua orientação encontra-se ainda em transição entre o primeiro e o segundo estágio conceitual, indo da orientação para a produção (que ainda é fortemente sentida nas decisões tomadas neste setor) em direção à orientação para finanças (representada pelas decisões fortemente concentradas na luta pela fixação favorável do preço de compra de sua matéria prima, bem como nas próprias iniciativas de abertura de capital).

    O próximo estágio, o qual  porá, certamente, fim a toda esta ansiedade apresentada pelos produtores pecuaristas será o da orientação para o Marketing. Mas, infelizmente, este estágio não será atingido antes que se aprenda e se utilize à exaustão, todas as facilidades apresentadas por esta orientação administrativa na qual o setor está apenas  se iniciando – a financeira.

    Tal fato nos leva a concluir que, a despeito da realidade profundamente desanimadora em que nos encontramos no momento, ainda teremos muitos anos de dificuldade de relacionamento a enfrentar. Estejam certos que muitos jovens de hoje, envolvidos com a produção pecuária, não terão a oportunidade de ver grandes avanços no relacionamento entre frigoríficos e produtores.

  9. Luis Henrique Lopes Lyra disse:

    O amigo Carlos Massotti disse bem quando disse "problema cultural" !

    A questão é muito séria, é um setor com "canibalismos horríveis" à serem extintos !

    Não vejo uma luta pra "tocar" o setor, mas vejo uma briga onde cada um pucha pro seu lado, excedendo e muito  a relação natural "oferta/procura/produto" ! !

    O grande entrave, na minha opinião, é a "desunião", pois onde há a necessidade de quebras de paradigmas, também há a necessidade de percas, onde os dois lados precisam ceder, pra que o bem comum de todos seja preservado, e onde não há união, isso não acontece !

    Não estou dizendo que é a solução final, mas deve ser a conciencia de todos nesse "rumo", e agir rápido, pois hoje precisamos mais do que nunca, esquecer o passado, viver o presente e projetar o futuro, pois hoje tudo mudou, o produtor está mais informado e aberto a mudanças, os frigorificos mudaram de matadouro para industria, então só falta agora traçar a meta juntos, fazer parcerias e todos lutarem em prol do setor DA CARNE, afinal de contas é dela, DA CARNE, que vem meu salário e o sustento da minha família, e desde o produtor até a mesa do consumidor há a necessidade de ação de todos, caso contrário, o cenário será sempre o mesmo !

  10. Otávio Hernandez Juliato disse:

    Prezados Senhores,

    A discussão esta muito interessante, obrigado pela participação de todos. Para torna-la mais interessante gostaria que vocês além de analisar a relação comercial entre os frigoríficos e os pecuaristas, apontassem quais situações, seja nas rotinas das fazendas, embarques, negociações, enfim, quais situações são consideradas nocivas a esta relação comercial. Como apontou o José Ricardo Rezende, se queixando de questões relacionadas ao frete e prejuízos financeiros decorrentes de hematomas nas carcaças oriundos de transportes em caminhões impróprios.

    Convido a vocês também, e peço autorização para a equipe do Beefpoint para postar o link neste comentário, a lerem meu artigo a respeito desta relação comercial em meu blog pessoal.
    Acessem – http://otaviojuliato.com/2011/05/05/frigorificos-x-pecuaristas-uma-reflexao/

    Obrigado e abraço.

  11. Rodrigo Padovani disse:

    Acho que o problema maior disso tudo é a falta de informação que os produtores não tem a respeito da vida economica das empresas, e a desunião dos produtores.

    E o governo so ajuda os grandes e esquece que os pequenos tambem tem que sobreviver.

    Os frigorificos sabem até a hora de quebrar e não param de comprar, onde acho uma covardia, antes so vendia para frigorifico grandes produtores e hoje até quem tem um caminhao de vaca quer matar nos frigoricos grandes, porque os pequenos tambem estao balançando, e isso acaba influenciando o monopolio das empresas.

    Acho que os produtores deviam vender gado só em pé e pagamento avista, porque os rendimentos de carcaça não estão  igual antigamente e o risco de perder é menor, e eles tem capital suficiente para colocarem compradores. Isso forçaria eles a pagarem melhor até os fretes para os caminhoneiros, que posibilitariam  melhorar seus veiculos pois a limpesa seria toda da impresa.

    As impresas são unidas os produtore não.

  12. eduardo ramalho disse:

    Como conselho para evitar desgastes reitero,vendam a sua produção a vista ,pois quem compra a vista não perde dinheiro nem deixa de pagar o fornecedor,nem teria como.

    Agora vejo muita critica aos frigorificos .Conheço inumeras fazendas ,muitas mesmo ,que valem milhões ,se o produtor pecuarista acha que a situação do frigorifico é privilegiada ,porque não vende parte de sua fazenda e compra ou controe um frigorifico e ai vai ver como é facil administrar em tal seguimento.

    É muito facil criticar ,mas penso que tem muito poucos ou quase nenhum pecuarista que tem coragem de tocar frigorifico.

    Um abraço a todos .

    Ps. Eu acredito muito no mercado da bovinocultura só acho que estamos atravesando um momento muito dificil.VENDAM A VISTA !!!

  13. IVON CARLOS ALVES DE ALMEIDA disse:

    As criticas em relação a frigorificos e produtores, sempre existiram e continuaram por muito tempo, alias faz parte da relação comercial entre as partes, de livre compra e venda., mas não podemos esquecer de um detalhe, que alias hoje em dia e muito constante e que sempre acaba levando uma das duas partes ao prejuiso, principalmente o frigorifico, que se não e uma firma solida acaba por transferir esse prejuiso ao pecuarista. As compra de boi vivo para abate tendem a ser a maioria a vista e, ja na ponta da venda, depois de processada pelas industrias, a prazo na grande maioria das vezes. Infelizmente o lado comêrcial ja entre frigorifico e cliente final, o frigorifico não tem o merecido respeito por grande parte destes clientes, que no caso de grandes redes pedem cada vez mais que as industrias para continuarem a expor seus produtos em suas lojas, certas concessoes, sejam financeiras, bonificações, prazos maiores, e que nem sempre são cumpridos, e no segmento de mêdios e pequenos clientes, digamos o calote aos frigorificos e uma coisa asustadora., Então e mais ou menos asim: Frigorifico tem de comprar pagando o maior preço, no menor prazo, e nunca nem pensar em atrazar o compromisso asumido, ja na hora de vender tem de vender pelo menor preço e ajudar os grandes distribuidores e grandes redes com regalias e descontos e no maior prazo, sem garantias de recebimento. Alias deem uma atenção ao fato de o preço da @ baixar, por excesso de oferta ou por pressão do mercado comprador da carne, mas se analizarmos as tabelas dos supermercados, aquela tabela final que o consumidor vai pagar para levar a carne para sua casa, as baixas quase sempre não são repassadas, e quando são, bem lentamente, ou seja se mantem uma margem de lucro la encima, travando mais o consumo e refletindo novamente na relação produtor – frigorifico, na aquisição do boi vivo.

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