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Os sistemas silvipastoris são mais eficientes que os sistemas tradicionais, e além disso, contam com excelentes indicadores de bem-estar animal – Ariel Tarazona [Colômbia]

bem-estar animal tem sido preocupação crescente entre pesquisadores, produtores e consumidores de todo o mundo que passaram a exigir com maior intensidade uma conduta humanitária no tratamento dos animais, no que diz respeito à produção, transporte e abate.

Assim, para mostrar o que está acontecendo de mais atual no Brasil e no mundo frente a área de bem-estar animal, na cadeia produtiva bovina, o BeefPoint preparou algumas entrevistas com diversos pecuaristas brasileiros e diversos profissionais da área, em diversos países, os quais já adotam medidas de manejo que visam as boas práticas de manejo, compartilhando assim alguns casos de sucesso na pecuária de corte nacional e internacional.

Confira abaixo, entrevista exclusiva ao BeefPoint, com Ariel Marcel Tarazona Morales:

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Ariel Marcel Tarazona Morales é zootecnista, mestre e doutor em Ciências Animais. Experiência em sistemas sustentáveis de produção de bovinos de carne e leite sob modelos de sistemas silvipastoris, especialmente na área de boas práticas, bem-estar animal e etologia. Atualmente, é professor na Universidade Nacional da Colômbia.

BeefPoint: Por favor, conte sobre o trabalho que vem desenvolvendo na área de bovinocultura de corte e bem-estar animal na Colômbia.

Ariel Tarazona: Na Colômbia, o bem-estar animal é um tema relativamente novo que está ganhando força devido as campanhas, tanto do governo, como da própria entidade de pesquisa, para conscientizar os produtores sobre o papel que tem o bem-estar na qualidade e competitividade dos produtos de origem animal.

São realizadas capacitações de manejo racional, instalações adequadas e implementação de sistemas de produção amigáveis com o ambiente, como os sistemas silvipastoris. Quanto à adoção dos sistemas silvipastoris, temos experiências de sucesso, onde se avaliaram diferentes parâmetros de bem-estar animal e bom manejo e sua relação com a produtividade. Descobrimos que esses sistemas são mais eficientes que os sistemas tradicionais, sem árvores e, além disso, contam com excelentes indicadores de bem-estar animal.

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BeefPoint: Qual é a sua visão sobre as práticas de bem-estar animal em seu país?

Ariel Tarazona: Em meu país, o bem-estar animal ainda não é um tema adotado plenamente, assim ainda se cometem muitos erros de manejo que afetam negativamente a quantidade e a qualidade de produtos, como carne e leite. Ainda que temos algumas leis, como no caso do transporte de animais às plantas de abate, o cumprimento destas muitas vezes é difícil, fato este que temos avançado lentamente no tema do bem-estar animal. Apesar disso, há produtores conscientes que fazem muito bem as coisas, têm um manejo racional dos animais, bom trato e seus indicadores de produção são muito bons.

BeefPoint: Em relação ao manejo de bovinos, quais os erros mais comuns cometidos pelos pecuaristas?

Ariel Tarazona: Os erros mais comuns são o manejo agressivo para com os animais, o uso de ferramentas como varas, bastões elétricos, gritos, entre outros, que fazem com que o animal permaneça agitado e seja difícil de manejar, especialmente durante rotinas comuns, como: vacinação, marcação ou separação de lotes de animais.

Também se cometem muitos erros durante o embarque, transporte e desembarque de animais, principalmente pela falta de treinamento dos funcionários e desconhecimento das consequências e grandes perdas que traz o manejo inadequado dos animais.

BeefPoint: Você acredita que o pecuarista tem procurado empregar técnicas de manejo racional, treinar mão de obra, assim como reestruturar seus hábitos e tradições de anos?

Ariel Tarazona: Alguns pecuaristas têm tomado consciência do efeito positivo que tem a adoção de boas práticas, de forma que alguns se preocuparam por se capacitar e treinar o pessoal que maneja os animais. No entanto, ainda são muitos os estabelecimentos que manejam mal os animais e isso se reflete na redução da eficiência produtiva.

BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas em âmbito de bem-estar animal?

Ariel Tarazona: O bem-estar animal é uma ferramenta muito valiosa se quisermos melhorar a quantidade e a qualidade de nossos produtos ao longo de toda a cadeia de produção, por exemplo: melhorando o bem-estar, podemos reduzir o risco de morte precoce das crias, melhorar os índices reprodutivos, os ganhos de peso durante a engorda, diminuir as perdas durante o transporte e abate, entre muitas outras coisas.

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4 Comments

  1. I. Abondanza disse:

    Parabéns ao dr. Morales, a qualidade da carne na mesa é reflexo do respeito aos animais no campo.

  2. Jose Ricardo O Garcia disse:

    Estou implantando pastagens em sistema de piquetes irrigados plantando leguminosas como leucena e grilicidia para sombreamento e adubação aqui no sertão da Bahia para pecuária de leite numa pequena propriedade. A irrigação é fundamental pois o período seco é muito extenso sendo necessário complementar a alimentação dos animais. A dificuldade esta no estabelecimento da pastagem devido a forte seca dos últimos anos. Eng. Agrônomo – Morro do Chapéu – BA.

  3. Laís Matos disse:

    Parabéns pela reportagem! Nós Zootecnistas sabemos da importância que o bem estar tem na produção animal e é nosso dever salientar isso, levando essas informações para o campo e mostrando os benefícios de um manejo humanizado.

  4. Antonio Luiz disse:

    Se fizer isso aqui no Brasil seu pasto vira reserva florestal! hehehe

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