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ONG aponta aumento da área de desmate relacionada a boi e soja

O desmatamento ocorrido na Amazônia e no Cerrado, legal e ilegal, que guarda alguma relação com a cadeia de fornecimento de soja e de carne dobrou em 2020, de acordo com um monitoramento da organização Mighty Earth. 

Entre abril de 2020 e março de 2021, a área desmatada em fazendas com alguma relação com essas cadeias alcançou 260 mil hectares, ante 128 mil no período anterior, iniciado em março de 2019 – quando a ONG iniciou seu sistema de monitoramento mensal das cadeias dos principais frigoríficos e tradings de soja. 

Em seu sistema, a Mighty Earth identifica, inicialmente, as áreas desmatadas apontadas pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e pelo laboratório Global Land Analysis and Discovery (GLAD), da Universidade de Maryland, nos EUA. A partir dos locais mapeados, a organização seleciona os cinco municípios mais desmatados na Amazônia e no Cerrado e, nestes, elege entre 10 e 15 propriedades com os maiores índices de desmatamento e com relação com empresas das duas cadeias. 

Para identificar as relações comerciais, a Mighty Earth seleciona propriedades com as quais os frigoríficos e as tradings confirmam ter relação direta ou indireta ou propriedades sem relação confirmada, mas cujo dono tem relação comprovada por meio de outras propriedades – na safra vigente ou em recentes. Também entram na conta as propriedades de soja e gado de donos com os quais a indústria confirma ter relação comercial, mas de compra de outras commodities, como milho e algodão. A organização também considera fazendas arrendadas ou de subsidiárias da indústria. 

São analisadas as relações comerciais das principais empresas, como JBS, Marfrig, Minerva, ADM, Bunge, Cargill, Cofco, Louis Dreyfus Company (LDC), Amaggi e ALZ (joint venture entre Amaggi, LDC e Zen-Noh Grain). O sistema foi desenvolvido com apoio da Iniciativa Internacional para o Clima e as Florestas da Noruega (NICFI), financiada pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad). 

Nos últimos meses, as empresas de carnes brasileiras anunciaram planos para acabar com o desmatamento em suas cadeias de fornecimento, centrando o foco no rastreamento dos fornecedores indiretos (que vendem gado para pecuaristas que fazem a engorda final). Entre as tradings, todas afirmam seguir as regras do Código Florestal e a maioria tem em curso estratégias para rastrear toda a soja que compra. Algumas têm planos para acabar com o desmatamento legal em suas cadeias. 

Dos 388,7 mil hectares de área desmatada em dois anos identificados pela metodologia da Mighty Earth, 52% estiveram relacionados a fazendas de gado e 48% ao cultivo de soja. Mato Grosso, que lidera a produção de soja e a criação de gado no país, foi o Estado que mais concentrou casos de desmatamento em fazendas fornecedoras identificados pelo sistema, com 144,3 mil hectares. Em seguida, ficaram Bahia (62,2 mil hectares) e Maranhão (29,5 mil hectares), entre outros Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. 

Com os dados em mãos, a Mighty Earth quer aumentar a pressão sobre as indústrias para que o próximo ciclo de acertos contratuais, que costuma ocorrer de junho a setembro, inclua cláusulas que impeçam a compra de soja cultivada em terras desmatadas após 2020.

Fonte: Valor Econômico.

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