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OMC, FAO e OMS saem em defesa da exportação

Os chefes da Organização Mundial do Comércio (OMC), da agência da ONU para agricultura e alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) uniram forças ontem para alertar contra restrições às exportações de alimentos e para tentar evitar compras desencadeadas pelo pânico (“panic buying”) de que poderá faltar comida.

Em meio ao confinamento para combater a pandemia de coronavírus em diversos países, a incerteza sobre a disponibilidade de alimentos pode levar a um aumento de barreiras às vendas e criar escassez no mercado global, dizem os chefes das três grandes organizações internacionais. Eles advertem que essas reações podem alterar o equilíbrio entre oferta e demanda, resultando em picos de preços e maior volatilidade.

Vários países passaram a frear exportações de produtos agropecuários nas últimas semanas, como Rússia, Ucrânia, Cazaquistão e Vietnã. Paralelamente, a Europa fechou mais as suas fronteiras, impedindo milhares de trabalhadores temporários estrangeiros de entrarem no continente para trabalhar na colheita de produtos agrícolas.

Assim, na Grã Bretanha, por exemplo, os produtores tentam encontrar pessoas para colher batata e framboesas. Na Alemanha, aspargos brancos podem acabar encalhados, enquanto na Itália morango e alface não resistirão nos campos se não forem colhidos.

Na França, estima-se que sejam necessários 200 mil trabalhadores temporários para trabalhar na colheita de legumes. Com o fechamento das fronteiras para conter o coronavírus, o setor começa a se desesperar por causa da falta de mão-de-obra. Com o fechamento das fronteiras, poloneses, romanos, espanhóis ou marroquinos que normalmente trabalham no setor hortifrutigranjeiro francês não conseguem entrar no país – ou nem querem.

O ministro da Agricultura da França, Didier Guillaume, diz que conseguiu atrair 40 mil voluntários para ajudar no campo. São sobretudo trabalhadores do setor de bares e restaurantes, que estão fechados. Esses voluntários podem acumular um salário parcial pago pelo governo e a remuneração vinda do trabalho com produtores de legumes.

Na Alemanha, são necessários 300 mil trabalhadores temporários nas lavouras. O pagamento é de US$ 10,45 por hora. Mas, até agora, só há 16 mil candidatos. A ideia é recorrer a refugiados, que esperam obter asilo, para ajudar no campo. A Itália precisa de 50 mil trabalhadores temporários, mas até agora só conseguiu 2 mil.

No comunicado que divulgaram, Qu Dongyu, da FAO, Tedros Adhanom Ghebreyesus, da OMS, e Roberto Azevêdo, da OMC, observam que milhões de pessoas em todo o mundo dependem do comércio internacional para sua segurança alimentar e para garantir meios de subsistência. E que, na medida que os países adotam medidas para interromper a pandemia de covid-19, devem tomar cuidado para “minimizar possíveis impactos no suprimento de alimentos ou consequências não intencionais no comércio e na segurança alimentar globais”.

Eles afirmam que, ao agir para proteger a saúde e o bem-estar de seus cidadãos, os países devem garantir que quaisquer medidas relacionadas ao comércio não perturbem a cadeia de suprimento de alimentos. Interrupções, inclusive dificultando a circulação de trabalhadores da agricultura e prolongando os atrasos nas fronteiras de produtos perecíveis, resultam no aumento do desperdício de alimentos.

Para as três organizações, as restrições ao comércio de alimentos também podem estar ligadas a temores injustificados sobre segurança alimentar. “Temos que impedir a repetição de tais medidas prejudiciais”, dizem FAO, OMS e OMS em referência ao ocorrido em crises anteriores. E reiteram que, em meio aos confinamentos, o comércio tem de fluir o mais livremente possível.

Também defendem transparência em medidas comerciais relacionadas a alimentos, níveis de produção, consumo e estoques, bem como sobre preços. Acreditam que essa transparência reduz incertezas e permite que produtores, consumidores e comerciantes tomem decisões com base em informações. Essa postura, afirmam, ajuda a conter a “compra de pânico” e o acúmulo de alimentos sem necessidade

Fonte: Valor Econômico.

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