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Oito grupos se comprometem com investimentos de US$ 3 bi em soja e gado sem desmatamento

Oito grupos do setor financeiro e do agronegócio se comprometeram nesta segunda-feira, na COP26, a tornar disponíveis investimentos US$ 3 bilhões na produção de soja e na criação de gado livres de desmatamento na Amazônia, no Cerrado e no Chaco. Assinaram o compromisso o fundo de impacto holandês &Green Fund, o fundo AGRI3 (gerido pelo banco holandês Rabobank), a fintech DuAgro, o Grupo Gaia, a gestora JGP Asset Management, a gigante de insumos Syngenta, a consultoria Sustainable Investment Management (SIM) e a securitizadora VERT.

O compromisso faz parte da iniciativa Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), criada pelas organizações The Nature Conservancy (TNC), Tropical Forest Alliance (TFA) e pelo Programa Ambiental da ONU (Unep), e já antecipado pelo Valor em março. Com as oito instituições signatárias até o momento, já foram comprometidos desembolsos de mais de US$ 200 milhões até 2022, e cada uma delas ainda vai apresentar seus compromissos específicos. 

Mas o IFACC quer atrair mais signatários. Seus criadores almejam alcançar US$ 10 bilhões em compromissos e US$ 1 bilhão em desembolsos até 2025. O plano é incentivar financiamentos e investimentos nos três biomas que acelerem a transição do modelo de produção atual, incentivando a produção agrícola em pastos que hoje estão degradados e elevando a produtividade da pecuária com intensificação. 

Para escalar os investimentos, a inciativa está estimulando instituições financeiras a se comprometerem com “crédito verde” às regiões e vai atuar junto aos signatários para implantar e ampliar a escala dos mecanismos de financiamento criados. 

Os organizadores do IFACC lembram que Amazônia, Cerrado e Chaco estão sob forte ameaça, dado que a demanda por produtos agropecuários tem aumentado duas vezes mais que o crescimento populacional. Eles estimam que sejam necessários US$ 30 bilhões para a transição do setor produtivo nesses biomas, frente às “centenas de milhões” disponíveis hoje. 

O fundo AGRI3, por exemplo, pretende contribuir com a iniciativa fornecendo garantias para financiadores comerciais em empréstimos a projetos de uso da terra. A DuAgro, por sua vez, pretende mapear e destravar emissões de títulos verdes no Brasil. Segundo a CEO da fintech, Fernanda Mello, a companhia quer emitir ao menos US$ 30 milhões em títulos verdes no próximo ano e, até 2025, garantir que 30% de suas operações estejam alinhadas com os requisitos do IFACC, elevando esse percentual para ao menos 35% daqui cinco anos.

O SIM pretende criar uma série de fundos de dívida capitalizados com a emissão de títulos verdes para direcionar financiamentos à produção de soja no Cerrado sem desmatamento, segundo o CEO da consultoria, Pedro Moura Costa. A VERT, por sua vez, pretende emitir ao menos US$ 100 milhões em títulos verdes no próximo ano e “educar” o mercado, incentivando os produtores rurais a se adequarem aos parâmetros do IFACC e promovendo a disponibilidade de ativos verdes as investidores, disse Martha De As, CEO da securitizadora. 

“Estamos trabalhando nas commodities mais difíceis e complexas, e é onde nós queremos ter impacto. Afinal, queremos mostrar que a produção de commodities inclusiva, sustentável e livre de desmatamento pode ser comercialmente viável”, afirmou Nanno Kleiterp, presidente do conselho de administração do fundo &Green’s. 

“Nós, líderes financeiros, temos o dever de usar conscientemente nossa capacidade de transformação através do capital, atuando proativamente pra acelerar a transição rumo a uma economia verde”, defendeu José Pugas, sócio e responsável pelas estratégias de crédito sustentável na JGP. “Em alguns anos, nós vamos olhar para trás e perguntar como algumas companhias não assinaram a declaração do IFACC”, acrescentou João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia. 

Fonte: Valor Econômico.

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