Mercado Físico da Vaca – 29/01/09
29 de janeiro de 2009
Mercados Futuros – 30/01/09
2 de fevereiro de 2009

Oferta segue restrita e mercado do boi tem semana de alta

Durante a semana o volume negócios foi baixo e as escalas dos frigoríficos encurtaram um pouco, diante da negativa dos pecuaristas em vender nos preços propostos compradores que tinham as escalas mais curtas precisaram negociar e o indicador apresentou leve variação positiva. Os frigoríficos maiores - que apontaram programações de abate mais folgadas - permaneceram sem muito interesse nas compras e o mercado seguiu em ritmo lento.

Durante a semana o volume negócios foi baixo e as escalas dos frigoríficos encurtaram um pouco, diante da negativa dos pecuaristas em vender nos preços propostos compradores que tinham as escalas mais curtas precisaram negociar e o indicador apresentou leve variação positiva. Os frigoríficos maiores – que apontaram programações de abate mais folgadas – permaneceram sem muito interesse nas compras e o mercado seguiu em ritmo lento.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo a prazo

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 83,86/@, nesta quarta-feira, com valorização de 0,81%. O indicador a prazo teve alta de 0,69%, sendo cotado a R$ 85,11/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Apesar de muitos frigoríficos não estarem trabalhando com toda sua capacidade de abate, as escalas andaram pouco essa semana, e atendem de 4 a 8 dias. Em São Paulo as programações giram em torno de 1 semana e grande parte dos animais que estão sendo abatidos vem do MS, comprados a R$ 78,00/@. As indústrias que não atuam no estado vizinho apresentam maiores dificuldades nas compras – já que a oferta de boi em São Paulo é bem curta-, e aceitam pagar mais pela arroba.

Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), a oferta de boi gordo segue bastante restrita. Nos últimos dias, alguns frigoríficos chegaram a aumentar o valor pago pela arroba, mesmo assim, pecuaristas seguiram bastantes resistentes em entregar animais prontos para o abate.

Manoel Torres Filho, leitor do BeefPoint, de Tupi Paulista/SP, comenta, “os frigoríficos da região tentaram abaixar a arroba do boi para R$ 78,00, o mercado travou e voltaram a oferecer (e a comprar) pelos R$ 80,00. Não fiquei sabendo de nenhuma venda a R$ 78,00, a verdade é que a briga continua. Na primeira quinzena de janeiro pagavam R$ 85,00/@ do boi, hoje só pagam R$ 80,00. Por outro lado a situação está mudando, a chuva na região é intensa causando estragos nas estradas e com isso dificultando a retirada do gado nas fazendas, as pastagens estão melhorando (já sobra um pouco de pasto) e o pecuarista já pode segurar o boi; essa briga vai longe”.

Como está o mercado do boi gordo e reposição em sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

O mercado futuro fechou a semana em alta, acompanhando a movimentação do indicador. Amanhã encerra-se o contrato de janeiro/09, sendo este será liquidado pela média de preços dos últimos 5 dias do indicador Esalq/BM&FBovespa. Este vencimento fechou a R$ 83,54/@, com valorização de R$ 1,28, na semana. Fevereiro/09 teve alta de R$ 0,95, no período, fechando a R$ 81,15/@. Os contratos que vencem em outubro/09 fecharam a R$ 81,57/@, na última quinta-feira, com variação positiva de R$ 0,82.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 22/01/09 e 29/01/09

Apesar de estarmos no final do mês de janeiro o mercado da carne segue sem definição. Segundo o Boletim Intercarnes, a demanda segue muito instável e irregular, o que no contexto geral determinou quedas de preços no atacado, observando-se negócios realizados abaixo dos preços de referência. É observada maior oscilação referente a traseiros e dianteiros, tanto na industria, como na distribuição.

Para os próximos dias esperamos maior estabilidade no mercado e preços melhores, já que estamos no começo do mês de fevereiro, contando com o início do ano letivo escolar e proximidade do carnaval.

No atacado o traseiro foi cotado a R$ 6,80, o dianteiro a R$ 3,80 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 78,60/@, com variação semanal de 0,92%. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente ficou em R$ 5,26/@, abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 7,37/@.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

A reposição continua com tendência de baixa, o indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 631,63/cabeça, com recuo de 0,32% na semana. A relação de troca subiu para 1:2,19.

Os preços do bezerro (animal de 8 a 12 meses, nelore) vêm registrando pequenas, mas consecutivas quedas desde meados de julho do ano passado, de acordo com pesquisas do Cepea. De lá pra cá, o Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (Mato Grosso do Sul) teve queda de 16,3%, passando de R$ 754,51, em 18 de julho, para R$ 631,63 nessa quinta-feira, 29. No acumulado de janeiro, o Indicador já recuou 2%. De acordo com agentes consultados pelo Cepea, apesar de a oferta de animais de reposição ser baixa, o recuo de compradores tem pressionado as cotações do bezerro.

Agentes consultados pelo BeefPoint, que atuam neste mercado no norte do Mato Grosso, informaram que em Alta Floresta, o bezerro Nelore desmamado está sendo negociado a R$ 500,00, enquanto a fêmea vale R$ 350,00.

O pecuarista Marcos Reinach, de Aparecida do Taboado/MS, comprou 70% do seu gado para reposição até setembro do ano passado e suspendeu novas aquisições depois que o mercado começou a sinalizar queda. Agora ao final de janeiro ele retomou as ordens de compra e está pagando 15% menos. “Paguei em setembro R$ 650,00 por um bezerro, valor que agora está em R$ 550,00”, comentou Reinach, em matéria publicada na Gazeta Mercantil.

A elite política e econômica do planeta está reunida em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial, e, neste ano, com a difícil missão de discutir soluções para a crise econômica e financeira internacional. Ponto de encontro de cerca de 2,5 mil dirigentes políticos e empresariais, o 39º Fórum de Davos será realizado sob uma atmosfera sombria.

A agricultura tem o poder de ajudar o mundo a atender à crescente necessidade por alimentos, rações, fibras e combustíveis limpos e renováveis, desde que produtores, agroindústrias e governos trabalhem juntos para estimular o aumento da produtividade e para melhorar a infra-estrutura necessária para conectar as lavouras e os mercados globais. Esta é a mensagem que Patricia Woertz, chairman, CEO e presidente da americana Archer Daniels Midland (ADM), uma das maiores empresas do setor de agronegócios do mundo, apresentará nesta sexta-feira no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Com 27 mil funcionários espalhados por 60 países, a ADM conta com 230 unidades de processamento de grãos.

Apesar da diminuição do ritmo de crescimento em dezembro, as vendas dos supermercados registraram alta de 8,98% em 2008 ante 2007, já descontada a inflação, impulsionadas pelo aumento de renda da população na maior parte do ano. Para este ano, a associação prevê crescimento de 2,5% ante 2008 com preços estáveis, crescimento econômico menor que o do ano passado e possível aumento do desemprego.

Sussumu Honda, presidente da entidade, credita o desempenho abaixo das expectativas a uma cautela maior do consumidor na hora de comprar os produtos para as ceias de Natal e Ano-Novo devido às notícias sobre a crise internacional. Além disso, segundo o Ministério do Trabalho, foram fechadas em todo o país 655 mil vagas com carteira assinada no mês passado.

“O setor de alimentos tem oscilações para cima ou para baixo menores do que outros segmentos, logo sofre menos com a crise, mas não se beneficia tanto nos momentos de crescimento”, diz o consultor especializado em varejo Eugênio Foganholo, da Mixxer.

Segundo notícia do jornal Valor Econômico., o vice-presidente financeiro do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, afirmou que as vendas em janeiro superaram as expectativas, segundo relatório do banco Credit Suisse. Em dezembro último, a companhia havia registrado aumento de 7,3% nas vendas em lojas comparáveis sobre igual período de 2007. Os produtos eletroeletrônicos estão “sofrendo” mais do que outros setores, disse Pestana, sem detalhar os resultados.

No início de fevereiro Santa Catarina retomará os embarques carne suína para o Chile. Os primeiros negócios ainda envolvem pequenos volumes. A Aurora embarcará 50 toneladas de carne suína de sua unidade de Joaçaba para Santiago. A própria cooperativa reconhece que a operação “é mais simbólica do que propriamente econômica”. De qualquer forma, exportar para o Chile pode credenciar a carne suína de Santa Catarina a entrar em outros mercado, afirma o diretor comercial da Aurora, Leomar Somensi.

Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), observa que o Chile tem potencial de importar cerca de 25 mil toneladas por ano do Brasil, volume importado pela Argentina em 2008. “A venda para o Chile também é importante para diversificar as exportações”.

A cadeia da carne bovina aguarda a aprovação do Chile para retomar as exportações, que foram embragadas após o focos de aftosa em 2005 – hoje apenas o Rio Grande do Sul vende o produto para o país andino, mas os volumes são muito pequenos.

O Professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo Enrico Lippi Ortolani enviou uma carta muito interessante ao Editorial, “Crise, Rússia e as exportações brasileiras em 2009”, publicado no BeefPoint há algumas semanas, onde comenta:

“Reafirmo que o governo brasileiro não tem sido competente e diligente quanto a negociação da venda de carne bovina com o governo chileno. O Chile está numa situação econômica privilegiada e embora também sofra com a vigente crise vai saber driblar bem a situação. Eles são hoje os empresários sulamericanos mais preparados para a exportação. Só não vendem seus vinhos para os muçulmanos e os países mais pobres e miseráveis do mundo.

O Brasil teria que jogar pesado com os governantes chilenos, pois a atual crise não diminuiu a compra pelo nosso país de vinho, salmão e frutas do Chile. Se nós compramos, por que eles também não podem comprar mais nossa carne?

Lembrem-se que em 2003 e 2004 o Chile foi o nosso maior comprador de carne bovina. O Presidente Lula tem que jogar pesado com a Presidente do Chile e saber barganhar frente a situação desequilibrada para o nosso lado. Se ele não fizer um empenho pessoal nada mudará nesta relação.

Creio que toda cadeia da carne tem que pressionar nosso presidente para tomar tal atitude, para começar dos deputados que elegemos e que defendem a causa da pecuária. Sugiro que façamos uma campanha a partir do BeefPoint para tal causa. Como disse nosso grande pensador Rui Barbosa: “Quem não luta por seus direitos e interesses não é digno deles”.

0 Comments

  1. Lanir Cassio Rossi disse:

    Na região de Marilia,já tem comprador a 82,00 a vista,com grande dificuldade para comprar.
    O pedido é 85,00 e só sai negócio para remedio.
    Pastagem da região volta com força.

  2. Emerson Figueira disse:

    Quarta-feira (28/01) estive em Goiânia e fui fazer compras num grande supermercado (ATACADÃO)
    Havia uma promoção de contra-file resfriado, a R$ 8,90 o kg, de procedencia do Bertin.

    Parece que só agora a queda de preço do boi vai ser repassada ao consumidor. Só um detalhe: essa carne que estava a venda era de boi abatido entre os dias 12 e 15 de dezembro, com prazo de validade para 31 de janeiro.

  3. Enrico Lippi Ortolani disse:

    Prezado André e diletos leitores do Beefpoint

    Parabenizo-o pelo excelente artigo e pela inclusão de minha carta ao mesmo. O Chile está sofrendo um tanto com a crise internacional, principalmente por conta da redução das compras dos europeus, mesmo assim ocorreu no decorrer destes últimos 10 anos uma significativa subida no padrão de vida e na renda média de toda população e agora até a crise passar terão muita gordura para queimar. Assim continuo com minha tese que o governo brasileiro deve continuar a barganhar pesado com a dirigente máxima chilena para a compra de nossa carne bovina. Agora necessitamos que todos a classe pecuária se mobilize para pressionar nossos congressistas e o Ministro da Agricultura para tal fim.

    Na minha região de Sorocaba SP também ocorreu um pequeno recuo no preço do bezerro e os poucos frigoríficos da região continaum a pagar a arroba do boi por volta de R$83,00

    Um forte amplexo !!!

    Enrico Lippi Ortolani

  4. antonio carlos de sousa messias disse:

    Prezados Senhores,

    Dezembro e janeiro foram meses de chuvas fartas (região entre Itabuna e Itapetinga, Bahia), portanto de plena recuperação de pastagens.

    O mesmo não ocorre com os preços do boi gordo, mercado físico, onde temos R$ 75,00 para bois leves (menos de 15 @ castrados, que chamamos de
    boi-novilha) e para vacas. Rste boi-novilha é resultado da bezerrada oriunda de vacas leiteiras, meio sangue ou 3/4 zebu, que tem pouco desenvolvimento, carcaça reduzida, e que são castrados por volta das 8 @, razão pela qual por volta das 12, 13 ou 14 @ já estão gordos. O mercado doméstico regional é que absorve esse tipo de produto.

    E quanto ao boi de frigorífico (acima de 15 @) o preço é R$ 77,00 por @.

    A Bahia é zona livre de aftosa – com vacinação -, mas ainda não exporta boi nenhum. E é um estado de baixíssima renda per capita. De modo que não
    temos perspectivas de melhoria nos preços da arroba.
    E os preços da carne no varejo permanecem os mesmos que nos meses da @ de R$ 83,00.

    Cordialmente,

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