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Oferta de ações da Marfrig deve movimentar R$ 3,3bi

Para captar recursos e dar saída ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Marfrig Global Foods, segunda maior indústria de carne bovina do mundo, confirmou na sexta-feira que fará uma oferta subsequente de ações (“follow-on”). A operação deve movimentar cerca de R$ 3,3 bilhões, considerando as parcelas primária e secundária.

Com a emissão de novas ações (cerca de 90 milhões de papéis), a Marfrig vai angariar R$ 1 bilhão, considerando a atual cotação dos papéis. Descontando as comissões pagas aos bancos e demais despesas da oferta, a Marfrig receberá R$ 986 milhoes. Segundo principal acionista da Marfrig, com 33,7% do capital, a BNDESPar, braço de participações do banco de desenvolvimento, venderá todas as 209,6 milhões de ações, que valem hoje na bolsa em torno de R$ 2,3 bilhões.

Se concretizar a venda das ações, o BNDES encerrará um investimento que teve início em 2007. Ao lado de frigoríficos como JBS, Bertin e Independência, a Marfrig foi uma das indústrias de carne bovina que recebeu aportes do banco para expansão, no auge do que ficou conhecido como a política das “campeãs nacionais”. Na Marfrig, a BNDESPar investiu cerca de R$ 3,6 bilhões entre 2007 e 2012. Considerando o que recebeu de juros das debêntures obrigatoriamente conversíveis em ações (R$ 2,1 bilhões) mais o que poderá conseguir com as ações, o banco teria um resultado positivo de R$ 800 milhões.

A oferta de ações, que será feita com esforços restritos (destinada a investidores profissionais), já conta com ao menos R$ 600 milhões assegurados, afirmou uma fonte ao Valor. Participam da operação os bancos Santander, J.P. Morgan, Banco do Brasil, Jefferies e Bradesco. O Santander lidera o sindicato.

Na sexta-feira, a Marfrig informou que os controladores – o empresário Marcos Molina e sua esposa – exercerão o direito de preferência na oferta primária, aplicando cerca de R$ 390 milhões. O empresário possui 38,9% do capital.

Além dos recursos do fundador da Marfrig, o Valor apurou que a empresa assegurou US$ 50 milhões (pouco mais de R$ 200 milhões) junto a um investidor de longo prazo americano.

Os recursos que a Marfrig levantar com a oferta de ações serão usados para pagar dívidas, acelerando o processo de desalavancagem. O índice de endividamento voltou a aumentar após a compra da participação adicional no National Beef. Em novembro, quando anunciou a aquisição, a Marfrig calculou que o índice de alavancagem em dólar (relação entre dívida líquida e Ebitda) sairia de 2,43 vezes para 2,87 vezes.

Pelo calendário divulgado pela Marfrig, as apresentações aos investidores começam hoje e se estendem até o dia 16. A previsão é que a precificação das ações da Marfrig ocorra em 17 de dezembro. As novas ações da empresa começam a ser negociadas em 19 de dezembro, e a oferta será formalmente encerrada no dia 26.

Nas conversas com os investidores, a companhia deve apresentar os planos de longo prazo, que incluem contar com unidades de processamento de carne no Oriente Médio e na China, estendendo o raio de atuação da empresa, que está presente no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos. Hoje, 10% do faturamento global de R$ 50 bilhões da Marfrig é oriundo de produtos processados (sobretudo hambúrguer). Essa fatia poderia chegar a 20% no futuro.

Na última sexta-feira, a companhia também sinalizou que poderá ampliar as operações no Brasil. Em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, Marcos Molina anunciou um “termo de engajamento” para um investimento potencial de R$ 600 milhões em uma unidade de processados em Promissão (SP) A previsão é que o investimento seja concluído em 36 meses depois do encerramento das negociações entre a Marfrig e o governo de São Paulo. Não está claro o tempo que essas tratativas levarão.

Fonte: Valor Econômico.

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